Capítulo 18

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Hoje faz um mês que o Dofiano está morando comigo. Tecnicamente um mês que ele invadiu minha casa. Nossa convivência melhorou e transamos quase toda noite porque em algumas ele fica no hospital. Porém o meu "gostar" começou a se tornar amor. Também sai com a Moris e acabei conhecendo mais do chefe Dofiano impiedoso, por outro lado o Jonny acordou e começou a se recuperar. Mas muita coisa mudou em um mês na minha vida, estou apaixonada por um cara perigoso, minha nova amiga é uma mafiosa e tenho quase certeza que a Paty está grávida ou exagerei na ração dela. Só que tudo isso me deixa muito feliz, acho que amo minha nova vida.
Porém para tudo ficar melhor preciso contar ao Dofiano como me sinto, quero muito falar a verdade. E saber se ele talvez nutra o mesmo sentimento por mim. Seria difícil mas nunca impossível, pelo que a Moris disse eu sou a primeira que ele trata bem e parece gostar. Fico feliz só em pensar que ele gosta de mim! Para dar início pretendo fazer um ótimo jantar de primeiro encontro e poderíamos comer perto da janela. Mas ele saiu cedo e não voltou, hoje pedi folga para a gerente na função de me dedicar de coração no jantar e também porque tenho a estranha sensação de estar sendo seguida quando vou trabalhar. Mas provavelmente o Dofiano mandou um segurança me vigiar então não tem com o que se preocupar. Coloco o frango no forno e começo a bater o creme da torta de limão, descobri que é a preferida dele.
Já são quase oito, o jantar está quase pronto, coloquei a torta na geladeira e enquanto lavo a louça a porta da frente bate.

-- Chegou? Estou na cozinha!

Será que ele vai ficar feliz? Quero muito ver a satisfação nos belos olhos e aquele sorriso sedutor!

-- Você saiu cedo. Nem tomou café.

O escuto se aproximar mas antes que eu possa me virar para cumprimentar sou surpreendida por um abraço que envolve completamente meus ombros. Mas esse cheiro, é álcool e...sangue?!

-- D...Dofiano?

Tento me virar mas ele aperta o abraço e sua cabeça desaba no meu ombro a ponto de seus cabelos fazerem cócegas na minha bochecha.

-- Não. Por favor me deixe ficar assim, só preciso sentir o seu calor.

Ele não está bem. A fala é enrolada e triste. Permaneço imóvel até senti-lo tremer.

-- Dofiano o que aconteceu?

Ele treme outra vez, parece chorar ou se conter.

-- Me desculpa...me desculpa por estar na sua vida Pulguinha. Eu praticamente te forcei a me aceitar e nesse último mês, eu...eu senti algo que achei não existir mais....

Sinto meu ombro ficar pouco a pouco molhado. Ele...ele está chorando?!

-- Dofi...

-- Você sentiu o cheiro né? De sangue e álcool. Então...hoje, exatamente hoje a 13 anos a mulher que eu mais amei nessa vida...morreu, e desde aquela época durante um dia inteiro eu bebo até cair e me corto só para sangrar atoa.

Sinto um calafrio percorrer meu corpo, ele faz isso a treze anos, passou por tudo sozinho. Tenho vontade de chorar mas continuo imóvel e em silêncio.

-- Mas hoje...quando eu estava bebendo e cravando a merda do canivete pelo corpo, acabei pensando em você e decidi vir para casa querendo tanto te abraçar e sentir o seu calor. Isso nunca aconteceu.

Meu peito esquenta.

-- Você é tão linda, dedicada e maravilhosa que eu me arrependo de tê-la conhecido. Acabei te arrastando para um mundo perigoso e meu maior medo é não poder te proteger ou...ou você se afastar de mim. Não vou suportar que outra mulher importante desapareça da minha vida.

Eu sou importante para ele? Isso me deixa tão feliz! Mas essa declaração é estranha e nunca vi o Dofiano bêbado muito menos chorando.

-- Dofi...me deixa ver o seu rosto.

Desista Ou NuncaOnde histórias criam vida. Descubra agora