Capítulo 6

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Minha inquietação no trabalho é evidente, não consegui nem mesmo descansar na minha hora de folga. Tudo por causa de hoje de manhã, aquele cara me estressa! Mas eu fui rígida, devia ter sido mais gentil. Ele parecia querer conversar.
Acabo soltando um grito de raiva e a outra funcionária me encara com espanto.
Ele me deixa confusa, não sei como agir então fico na defensiva.
Em meio ao caos de pensamentos não percebi a gerente se aproximar. Ela me cutuca e a encaro voltando para a realidade.

-- Credo garota, te chamei umas quinze vezes!

-- Desculpe. Eu estou um pouco...distraída.

Distraída, realmente é a melhor escolha de palavra para esse momento. Ela me encara com um olhar desconfiado.

-- Percebi.

-- Mas o que você precisa?

-- De nada, é que o seu expediente acabou faz quase vinte minutos.

Encaro o relógio com vontade de me estapear, fiquei viajando na maionese por vinte minutos!

-- Ah droga! Desculpe gerente, eu vou indo.

-- Se cuida Elaine.

Pego meu celular, o capacete e saio indo até o estacionamento.
Preciso me concentrar, ele está sendo uma distração! Mas isso acaba hoje! Vou mandá-lo sumir da minha casa.

Dirijo decidida pela cidade até chegar no bosque, e ao longe vejo um carro muito bonito estacionado. Eu demoraria minha vida inteira só para pagar uma parcela de um carro desse.
Deixando isso de lado, ele trouxe mais alguém? Que filho da puta!
Desligo a moto bem ao lado do carrão e caminho com passos largos até a porta de entrada, assim que abro um cheiro delicioso me atinge.
E toda a sala parece ter sido completamente limpa, está tudo impecável.
Caminho admirada e sem entender nada, até a cozinha onde ele está de costas mechendo algo que parece arroz frito. Sobre a mesa dois pratos bem arrumados sobre guardanapos chiques.

-- O que é isso?

Ele me olha por cima do ombro com um sorriso alegre.

-- Bem vinda! Pensei em preparar o jantar hoje.

O encaro sem conseguir assimilar a situação, ele está usando um avental? Que sexy...Droga!

-- A casa está literalmente brilhando de limpa.

Percebo seu sorriso, mas a atenção voltada para o arroz.

-- Espero que tenha gostado. Quer tomar um banho? Aqui vai demorar um pouco.

Minha realidade não parece real. É tudo muito estranho e confuso. Principalmente por um cara lindo e perigoso estar usando avental na minha cozinha!
Entro no chuveiro e deixo que a água leve embora...seja lá o que eu esteja sentindo.
Abraço os joelhos revendo seriamente a minha decisão, vou ter coragem de expulsá-lo? Ele parece comportado hoje.
Após me secar e colocar um camisão largo que cobre minhas coxas, respiro fundo e caminho até a cozinha.
Mas me sinto muito mal vestida, afinal ele está tão elegante...de avental.

Com um sorriso apaixonante o alma penada põe a travessa de arroz na mesa e senta na minha frente admirando meu estilo decadente.

-- Espero que goste, eu dificilmente cozinho.

O cheiro é ótimo, mas tenho um certo receio, talvez tenha algum veneno, ou afrodisíaco, até mesmo um laxante?
O encaro desconfiada mas me sirvo um pouco. Estranhamente sinto falta de algo, nhuma bola peluda está se esfregando nas minha pernas. Paty!

Procuro com o olhar por toda a cozinha tentando encontrar um mísero vestígio da gata. E ele percebeu.

-- Está procurando a sua gata? Ela foi uma boa companhia hoje.

Desista Ou NuncaOnde histórias criam vida. Descubra agora