Capítulo 28

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Que ironia, deliciosa ironia.

-- Porque está rindo, Dofiano?

E como conter o riso? O desgraçado que eu queria quebrar o pescoço está bem na minha frente e agora tenho ainda  mais motivos para fazê-lo sofrer.
Desprezível Bob.

-- Qual é a maldita graça!?

Está perdendo a compostura? Que interessante.

-- O que você acha? Porra, eu estava te caçando desde o incidente com o Jonny. Sabe como é gratificante vê-lo pessoalmente?

Que sensação estranha. Estou feliz em ver esse puto ao invés de ficar furioso.
Acho que é porque vou matá-lo, finalmente vou conseguir destroçar esse maldito.

-- Desse jeito, parece um fã. É para me deixar comovido? Ótima tentativa mas não vai funcionar.

Ele mira a arma na minha direção e tudo acontece em câmera lenta, o disparo alto atravessando o ar e atingindo em cheio o meu estômago. Sinto a bala rasgar a carne e a dor aguda vem acompanhada por sangue, escorrendo tanto da ferida quanto da minha boca. Esqueço por hora do meu joelho cortado e despenco sobre ele.
Essa merda dói, mas não a ponto de me fazer gritar e não é fatal. Continua sendo sua brincadeira sádica, filho da puta.

-- Está doendo? Aida está grato por me encontrar?

Ele se aproxima novamente e ao erguer a cabeça para responder sua pergunta debochada, sinto um peso forte na bochecha e cuspo sangue, mas continuo de joelhos. Não vou me humilhar mais do que isso. Ele não vai me ter deitado aos seus pés!

-- Você é resistente, Dofiano. Quantos chutes aguenta?

Ele acerta uma bicuda certeira em meu peito e antes que eu possa automaticamente, me curvar de dor, outro chute preciso em meu queixo e sinto a dor latejante de que devo ter mordido a língua de raspão. Porém ainda estou ajoelhado.
Ele bufa num ar indiferente mas alegre, e chuta novamente minha bochecha e depois as costelas até o sangue ser espalhado pelo chão.
A escuridão tenta me levar a cada nova pancada, mas não vou desistir. Ela está tão perto, posso finalmente ter a Pulguinha nos meus braços.

-- Anda logo e caia aos meus pés!

Não só a ponta do sapato quanto boa parte de seu terno estão repletos com o meu sangue, mas isso não parece incomodá-lo.
Mais um chute, outro, e outro, e outro...

Não consigo definir exatamente o que dói mais. É meu rosto? É o tiro? O joelho? Ou as costelas?
Tudo explode em dor e minha visão fica turva, tanto pelo sangue quanto meu cérebro insistindo em desligar para tentar se reorganizar. Estou quase cedendo. Ele se prepara para um último chute e sei que vou apagar não importa onde acerte.
Mas o tilintar eufórico de correntes que escuto desde o começo se torna alto e gemidos de completo desespero tiram a atenção do desgraçado de mim e se volta para a Pulguinha.

-- É mesmo eu havia esquecido. Não posso te matar, sem antes violar a sua única fraqueza.

Tento dizer não, mas minha voz não quer sair. Ele não vai tocar na minha Pulguinha, não posso permitir isso!

Levanto a cabeça assim que o tilintar se torna próximo. Ela está bem na minha frente, com lágrimas escorrendo e preocupação estampada no belo rosto. Pulguinha, minha Pulguinha.

A fita de sua boca é arrancada num único puxão.

-- Vamos Elaine, chame seu herói! Como você falava enquanto se masturbava, mesmo? Diga.

Ele apalpa continuamente os seios dela, isso me irrita. Reage, seu merda! Anda logo, porra!
A mão continua percorrendo o corpo da minha garota e uma explosão de dor acompanhada de ódio queima meu coração.

Desista Ou NuncaOnde histórias criam vida. Descubra agora