Enquanto as novas colegas de quarto conversavam, um funcionário do restaurante se aproxima.
– C-com licença, Srta. Ake? – ele pergunta.
–Sim?– Lana responde.
– O seu pai está te esperando lá fora.– Victoria nota um pequeno tremor na voz do homem, parecia que ele estava com medo.
Medo... de Lana?
A aluna não achava que a "srta. Ake" fosse do tipo que dava medo.
Talvez Lana não fosse quem Victoria achava.
– Tudo bem, avise-o que já estou a caminho. – Lana diz, num tom de desânimo. – Pode ir. – Assim que o senhor toma uma distância da mesa, Lana se dirige a aluna. – Infelizmente não vou poder te acompanhar, mas eu volto antes das aulas começarem. Porque você não dá uma volta pelo campus?– ela sugere.
– É uma boa ideia.– Victoria se anima.
– Ótimo! Eu te procuro assim que voltar. – diz Ake, já se levantando. – Te vejo depois então, tchau tchau!
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Enquanto Victoria passeava pelo jardim recém aparado do campus, sente um leve arrepio na nuca.
Parecia que alguém estava a observando.
Mas ela estava sozinha.
Ou não.
Ela dá uma olhada em volta, mais uma vez, e não encontra ninguém.
– É paranóia sua, Victoria. – Ela fala consigo mesma.
De repente, ela é levantada pela cintura e envolvida num abraço.
– Anãzinha, sua idiota! Finalmente te encontrei! – Victoria reconhecia aquela voz.
– Luana?
– Sim, claro! Quem mais ia ser? – a garota exclama, ainda abraçando a amiga no ar. – Senti tanta falta sua... E você nem foi me procurar! – Ela reclama, soltando a amiga e cruzando os braços.
– E você continua com mudanças de humor. – Victoria retruca. – Mas você também não foi me procurar ontem.
– Eu estava dormindo.
– Claro que estava...– A aluna revira os olhos.
– Espera... Eu não te vi nas aulas de introdução hoje, e você nunca falta. Achei que tivesse morrido.– Luana comenta.
– Ah, é mesmo? – Victoria responde, estufando o peito e empinando o nariz.– É uma história bem interessante... Digamos que, agora, eu faça parte do alto escalão.– ela se vira de costas para a amiga.
– OQUE!??– A reação de Luana deixa o ego Victoria ainda mais inflado. – E como você conseguiu sair da ralé, pra chegar até a classe A? – a garota agitada pergunta, pegando a chave da amiga.
– Um amigo meu me deu de presente. – Victoria fala, se lembrando da frase estranha que seu "amigo" lhe disse.
– Hmm agora eu quero saber desse seu amigo ai, hein? Quem sabe ele não consegue uma chavinha dessas pra mim?– Luana sugere, colocando seu braço no ombro da amiga.
– Eu não sei se... – Victoria é interrompida por uma voz ao longe.
Ela olha em volta mas não encontra ninguém.
– Victoria! – A voz é ouvida mais uma vez.
Momentos depois, a imagem de Lana é avistada no início do jardim.
Victoria acena para ela para indicar o caminho. Assim que Lana se aproxima, mostra um enorme sorriso. – Que bom que te achei. Vamos, falta pouco pra...– ela mal termina sua frase, mas seu semblante muda completamente assim que ela nota a presença de Luana.
– Srta. Ake. – Luana a comprimenta primeiro.
– Luana. – Lana a responde. A garota antes animada tenta se esconder disfarçadamente atrás Victoria, para evitar o olhar da mulher à sua frente.
Victoria naquela hora tinha certeza que, se o olhar matasse, o de Ake teria matado metade do campus.
– Err... – Ela tenta quebrar o gelo. – V-vocês se conhecem?
— Sim. — As duas respondem em uníssono.
O clima acabou piorando.
Segundos depois, ouve-se o sino da faculdade, anunciando a aproximação da aula.
Mesmo ouvindo o som do sino, as duas permanecem no mesmo lugar por um tempo.
Até que Lana se manifesta. – É melhor nós irmos, não queremos nos atrasar no primeiro dia de aula, não é? – Ela tentou esconder seu... nojo (?), dando um sorriso amarelo.
– Sim, sim! Claro! Er... vamos, já estamos atrasadas. – Victoria se despede da amiga escondida em suas costas e vai em direção ao início do jardim, dando uma leve corrida.
Lana estava logo atrás, olhando para trás algumas vezes.
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Quem Foi Que Matou?
RomanceFogo. Tudo o que Victoria se lembrava de seu passado era o incêndio. O calor em volta era insuportável e tudo o que podia fazer era chorar. Lembrava-se de uma silhueta entre as chamas gritar. -Morra, morra criatura demoníaca, você é o fim da humanid...