† Medo †
– ...E lembre-se, seja sempre gentil com as outras crianças, e se precisar de alguma coisa peça para o professor. – O homem diz, segurando Victoria nos ombros.
– Ta bom papai, eu vou obedecer – A garota responde.
Os dois continuam conversando até chegarem a um portão colorido, onde também haviam crianças e adultos esperando.
Quando se aproximam do grupo, o homem nota um olhar amedrontado no rosto delicado de Victoria.
– Olha Vivi, eu sei que você não gosta de muitas pessoas perto de você, mas são só por algumas horas. Quando acabar eu estarei bem aqui, te esperando. – Ele tenta a animar.
Assim que o homem termina de falar, um sino é ouvido e os portões se abrem, revelando alguns professores do outro lado.
Ele coloca Victoria no chão delicadamente, e oferece uma bolsa que parecia ser minúscula nas mãos dele.
Victoria da alguns passos em direção ao portão, então é chamada atenção novamente para o homem.
– E não tire o seu colar, tudo bem? – Ele da um sinal de "joinha" para ela e a incentiva a andar novamente.
Assim que Victoria é recebida pela professora, ela olha para trás procurando o homem, mas ele já não estava mais lá.
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– Agora nós iremos fazer uma atividade com o amigo! – A professora anuncia. – Escolham alguém para fazer com você.
Um grande alvoroço de vozes é ouvido por um tempo.
Victoria se levanta de sua carteira e começa a passar pelas outras crianças, torcendo para ser chamada por alguém.
Mas ninguém a olhava.
Ela continua andando, até que é chamada por uma criança ao seu lado.
– Ae, tomatinho! Entra no nosso grupo! – Um garoto se aproxima e envolve um braço no ombro de Victoria, machucando-a um pouco.
– Ezechiel – Ela retira o braço dele e se afasta um pouco para continuar. – Eu não vou fazer a atividade com vocês, como da última vez. Eu acabei me dando muito mal e preocupei meu pai a toa, se afaste de mim, por favor.
Ela desvia do olhar torto do garoto e aproxima de um canto.
Então Ezechiel a segue rapidamente e apoia uma mão na parede, impedindo-a de prosseguir.
– Ah, qual é, tomatinho. Essas já são águas passadas, você não é tão má assim, é? – Ele lança um sorriso assanhado em direção a ela, enquanto esperava a resposta.
– É melhor se afastar, ou irá se arrepender disso. – Victoria o avisa, colocando uma mão em um dos seus bolsos da calça.
O menino se afasta, dando uma risada indignada.
– Você... acabou de me ameaçar? Hey! Pietro, Danilo! Venham cá! – Ezchiel se vira para o resto da sala, chamado outros amigos.
Neste tempo Victoria retira sua mão do bolso, desta vez segurando uma pequena adaga.
Ela a permanece escondida em suas costas. Estava preparada para qualquer coisa.
Após um tempo, outros dois meninos se aproximam, com um certo olhar de desdém para cima da garota.
– Escutem essa, a tomatinho aqui acabou de ameaçar. – O garoto ironizou, provocando uma risada cínica nos três.
– Ora, ora. O que você acha que devíamos fazer com ela? – Um dos garotos se manifesta.
– Vamos deixá-la sem cabelo! – O menino mais magro entre eles sugere enquanto levanta sua mão, revelando uma tesoura.
Victoria segura sua adaga ainda mais firme, enquanto se concentrava para não demonstrar qualquer medo.
Os três meninos começam a se aproximar, quando uma voz autoritária é ouvida.
– Aí, seus projetos de humano! – Ela os xinga, chamando atenção de alguns poucos alunos em volta. – Essa conversinha aí já me encheu o saco! Se afastem dela!
Ezechiel se vira rapidamente junto dos outros dois, com uma cara fechada e os punhos cerrados de ódio.
Victoria se inclina um pouco, tendo uma visão melhor da pessoa que a salvou.
Era uma menina morena, com um tom de cabelo levemente roxo.
– O que foi que você disse? – O garoto pergunta.
– É surdo por acaso? – a menina misteriosa o provoca.
– Quem é você para falar comigo desse jeito, garota idiota?
– Vem aqui que eu te mostro quem eu sou, moleque! – ela responde, tomando uma posição de ataque.
A essa altura, as outras crianças formam um círculo em volta deles, esperando ansiosos.
Ezechiel toma a frente, com um sorriso odioso nos lábios.– Tudo bem, foi você quem pediu.
Após um momento de tensão, o garoto parte para cima a menina, direcionando um soco para o rosto dela.
Ela se abaixa e desvia facilmente do golpe, contra-atacando com um soco na barriga, seguido de um golpe no nariz com o punho. Fazendo-o se ajoelhar de dor.
Ela deita o garoto de barriga, torcendo o braço dele nas costas.
Logo em seguida o menino magro corre em direção a ela, correndo de forma desajeitada.
Assim que ele se aproxima o suficiente, a menina da um chute para cima, acertando entre as pernas do menino. Também o fazendo cair.
Victoria observava a garota realizar os golpes com um enorme brilho nos olhos, enquanto se agachava lentamente, evitando chamar qualquer atenção para si.
Por fim, o último garoto, pouco maior que os outros se aproxima com os punhos fechados.
Assim que ele se aproxima, a garota rapidamente se deita no chão, e levanta Ezechiel, usando-o de escudo.
Sem tempo de reação, o garoto desfere o soco no rosto do amigo.
– E-Ezechiel! Me desculpe! – o menino diz, exitando um pouco.
Aproveitando o momento de distração, a menina lança Ezechiel para longe, se vira de costas e dá uma rasteira no outro. Então ele cai de cabeça no chão.
Após a queda o último garoto, as crianças em volta começam a vibrar, batendo palmas.
Enfim a garota se levanta sem um fio de cabelo bagunçado, e vai em direção a Victoria.
– Você está bem? – ela pergunta.
Ainda paralisada, tudo o que Victoria conseguiu fazer foi um sinal com a cabeça, dizendo que sim.
– SENHORITA MACENA! – A voz da professora é ouvida. – Para a diretoria, AGORA. – Assim que a professora exclama, as duas vão em direção a porta.
Mas antes de saírem totalmente, a menina olha rapidamente para Victoria com um sorriso escondido, e dá uma pequena piscada em direção a ela.
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Quem Foi Que Matou?
RomanceFogo. Tudo o que Victoria se lembrava de seu passado era o incêndio. O calor em volta era insuportável e tudo o que podia fazer era chorar. Lembrava-se de uma silhueta entre as chamas gritar. -Morra, morra criatura demoníaca, você é o fim da humanid...