cap. 13

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• Um brinde ao abismo •


Uma brisa fresca e úmida invadia os rostos das duas amigas conforme o carro se movia, acompanhadas de um silêncio agradável.

Victoria observava tranquilamente a rápida passagem das árvores da pequena estrada que pegaram para chegar ao centro enquanto sentia o vento balançar seu longo cabelo liso e preto.

- O centro mudou bastante desde a última vez que vim aqui. - Ela corta o silêncio assim que as primeiras casas aparecem.

- Eu quase não vejo diferença. - Luana a responde, ainda concentrada ao volante.

- Talvez porque você está sempre aqui?

- Talvez.

- Vai demorar muito até chegar na casa da sua vó?

- É Baba Omã. Ela não é minha avó - Victoria nota uma leve irritação na voz de Luana. -, mas não, não vai demorar muito.

Após alguns faróis e viradas de esquina, as duas amigas param em frente a uma casa, considerada um pouco velha em comparação com as em volta.

- O que é aquilo? - Victoria pergunta, apontando levemente para algumas plaquinhas com preços e para a porta dupla escancarada.

- Babá Omã abriu uma lojinha de remédios naturais, incensos e outras coisinhas exotéricas. - Luana responde se aproximando da outra, e apoiando as mãos na cintura. - Ela oferece também leitura de cartas e outros serviços parecidos.

- Ela não ta velha demais pra fazer tanta coisa?

- Isso a mantém ocupada durante o dia - Luana explica. -, e eu a visito com frequência. É uma coisa que ela gosta de fazer.

Antes da conversa continuar, uma voz levemente rouca as cumprimentam.

- Vocês chegaram! Que bom, que ótimo! Venham logo. Luana, traga sua amiga para dentro, está muito frio ai fora. - Uma senhora com roupas largas em tons de vinho e marrom faz um gesto apressado com a mão nos chamando para dentro.

Se aproximando da porta, Victoria é surpreendida com um abraço excessivamente apertado, exatamente do jeito que havia alertado Luana.

•.............................•

Sentadas em uma pequena mesinha, Luana e Victoria esperavam a senhora voltar da cozinha.

A aluna ficou hipnotizada por cada detalhe daquela sala, desde a estante cheia de potinhos coloridos e cristais, até as várias plantas e ervas penduradas nos cantos.

A essa altura, ela não parava de se arrepiar.

Sua atenção, porém, se volta para a senhora assim que ela retorna carregando xícaras e um bule.

- Estou tão feliz que você veio com Luana! Geralmente ela vem sozinha, e, sejamos francas - Ela cutuca a aluna com o cotovelo. -, ela é difícil de lidar as vezes.

Uma risadinha não intencional sai de Victoria, que logo tampa a boca com a mão, assim que sente um olhar quente em sua orelha.

Então a senhora exclama. - Olha só! Esqueci do açúcar e dos pinhos! Luana, venha me ajudar a trazer as coisas.

Com um suspiro relutante, Luana assente e também vai em direção a cozinha. Deixando Victoria sozinha.

Quem Foi Que Matou?Onde histórias criam vida. Descubra agora