• Um brinde ao abismo •
Uma brisa fresca e úmida invadia os rostos das duas amigas conforme o carro se movia, acompanhadas de um silêncio agradável.Victoria observava tranquilamente a rápida passagem das árvores da pequena estrada que pegaram para chegar ao centro enquanto sentia o vento balançar seu longo cabelo liso e preto.
- O centro mudou bastante desde a última vez que vim aqui. - Ela corta o silêncio assim que as primeiras casas aparecem.
- Eu quase não vejo diferença. - Luana a responde, ainda concentrada ao volante.
- Talvez porque você está sempre aqui?
- Talvez.
- Vai demorar muito até chegar na casa da sua vó?
- É Baba Omã. Ela não é minha avó - Victoria nota uma leve irritação na voz de Luana. -, mas não, não vai demorar muito.
Após alguns faróis e viradas de esquina, as duas amigas param em frente a uma casa, considerada um pouco velha em comparação com as em volta.
- O que é aquilo? - Victoria pergunta, apontando levemente para algumas plaquinhas com preços e para a porta dupla escancarada.
- Babá Omã abriu uma lojinha de remédios naturais, incensos e outras coisinhas exotéricas. - Luana responde se aproximando da outra, e apoiando as mãos na cintura. - Ela oferece também leitura de cartas e outros serviços parecidos.
- Ela não ta velha demais pra fazer tanta coisa?
- Isso a mantém ocupada durante o dia - Luana explica. -, e eu a visito com frequência. É uma coisa que ela gosta de fazer.
Antes da conversa continuar, uma voz levemente rouca as cumprimentam.
- Vocês chegaram! Que bom, que ótimo! Venham logo. Luana, traga sua amiga para dentro, está muito frio ai fora. - Uma senhora com roupas largas em tons de vinho e marrom faz um gesto apressado com a mão nos chamando para dentro.
Se aproximando da porta, Victoria é surpreendida com um abraço excessivamente apertado, exatamente do jeito que havia alertado Luana.
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Sentadas em uma pequena mesinha, Luana e Victoria esperavam a senhora voltar da cozinha.
A aluna ficou hipnotizada por cada detalhe daquela sala, desde a estante cheia de potinhos coloridos e cristais, até as várias plantas e ervas penduradas nos cantos.
A essa altura, ela não parava de se arrepiar.
Sua atenção, porém, se volta para a senhora assim que ela retorna carregando xícaras e um bule.
- Estou tão feliz que você veio com Luana! Geralmente ela vem sozinha, e, sejamos francas - Ela cutuca a aluna com o cotovelo. -, ela é difícil de lidar as vezes.
Uma risadinha não intencional sai de Victoria, que logo tampa a boca com a mão, assim que sente um olhar quente em sua orelha.
Então a senhora exclama. - Olha só! Esqueci do açúcar e dos pinhos! Luana, venha me ajudar a trazer as coisas.
Com um suspiro relutante, Luana assente e também vai em direção a cozinha. Deixando Victoria sozinha.
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Quem Foi Que Matou?
RomanceFogo. Tudo o que Victoria se lembrava de seu passado era o incêndio. O calor em volta era insuportável e tudo o que podia fazer era chorar. Lembrava-se de uma silhueta entre as chamas gritar. -Morra, morra criatura demoníaca, você é o fim da humanid...