Capitulo IV

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A biblioteca está praticamente vazia hoje, poucos estudantes cruzam as estantes a procura de um título desejado ou atrás de Charlie para pedir informações. O silêncio é gostoso e confortável. A luz tênue massageia os olhos e o cheiro de mogno é como lavanda.

Nunca vou me cansar desse lugar, é quente como se uma lareira estivesse acesa e silencioso como minha mente.

- Vejo que gostou daqui - Tom observa e sua voz leva minha atenção ao seu rosto límpido

Estava até agora olhando ao redor mastigando um pedaço da torta de maça. Abro um sorriso com os lábios fechados.

- Eu venho aqui desde o primeiro ano - Respondo e ele balança a cabeça em concordância - Eu amo esse lugar, o silêncio, a calmaria...Não é como o campus que vive cheio e barulhento

- Eu concordo com você, por isso quis dar as minhas aulas aqui e fora que o ambiente é bem renascentista então combina bastante com o que eu ensino - Tom fala gesticulando a mão que segura o garfo que estamos dividindo para comer a torta

- Fiquei bem satisfeita quando soube que teria aulas aqui, já estudei nessa biblioteca diversas vezes então...

- Já fez outras matérias extracurriculares? - Ele pergunta curioso me entregando o garfo pra mim pegar mais um pedaço

Espeto um pedaço modesto da torta e olho para Tom. Ele me olha com tanta atenção que chego a achar que ele consegue ver a silhueta da minha alma.

- Não, mas vamos considerar aulas extracurriculares dadas por mim mesma - Respondo e como o pedaço

- Me explique melhor - Ele pede com a voz mais baixa e cruzando os braços enfrente ao peito definido

Engulo o pedaço mastigado sentindo o doce na minha língua.

- Estudo línguas por conta própria, aprendi espanhol no primeiro ano, latim no segundo e agora no terceiro tenho tentado aprender grego - Respondo entregando o garfo de volta para ele

Mas Tom permanece de braços cruzados me olhando. Seus olhos ganham um brilho anormal e ouço um suspiro baixo saindo de sua boca entreaberta.

- Você sabe falar Latim? - Sua voz sai aturdida

Balanço a cabeça positivamente. Latim é uma lingua morta mas de grande importância na minha área. Saber Latim é como saber o alfabeto quando se quer exercer algo no ramo histórico.

- Não vou mentir Helena, a cada momento que passa eu me surpreendo ainda mais com você. É difícil acreditar que tem apenas 21 anos, considerando o que sabe e o quão inteligente é - Ele fala pegando o garfo da minha mão e espetando o penúltimo pedaço o levando á boca

Fixo meu olhar no dele, imóvel e com o coração descompassado. Ele me elogia como se nos conhecêssemos a anos, como se um elogio vindo dele não fosse nada demais.

Abro um sorriso e ele corresponde com um maior ainda.

- Tivemos sorte de você ter um garfo na pasta - Comento fugindo do contexto atual, a última coisa que eu quero é demonstrar que fiquei balançada

- Eu sempre carrego um para ocasiões como esta - Ele comenta com a mão na frente da boca pra disfarçar a boca cheia de torta doce e me devolvendo o garfo

Sobrou um último pedaço pequeno.

- Que ocasião? Uma garota oferecer dividir com você a torta que ela ganhou a menos de dez minutos atrás? - Questiono sorrindo e ele solta uma risada nasalada

- Essa mesmo - Rimos baixo um para o outro

Ofereço a última garfada pra ele mas ele nega insistindo que é meu o último pedaço. Cavalheiro.

Eternos - Tom Hiddleston Onde histórias criam vida. Descubra agora