Capítulo XIII

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A alma é nossa identidade interior, nossa razão de ser. A alma da música é a visão do compositor que energisa e dá vida às notas tocadas em uma composição musical.

Essa é uma explicação do Rabino Simon Jacobson sobre a alma. A forma como ele explica sobre esse assunto é clara e precisa, li sobre isso á um ano atrás e só agora entendo o significado dessa frase. Nossa razão de ser. Encontrei a razão da minha existência, mas estou vendo ela guardar suas roupas em uma mala de viagem.

Quieto, com o olhar fixo dentro da mala enquanto arruma as roupas de uma forma que caibam mais um pouco delas ali dentro. Enquanto isso estou sentada na cama dobrando algumas camisetas para ajudá-lo.

Desde que acordamos ás onze da manhã - fomos dormir ontem era mais de quatro horas da manhã - temos arrumado suas coisas e meus olhos tem ardido a todo momento querendo derramar lágrimas e mais lágrimas. Já são quase cinco horas da tarde, arrumamos suas coisas o dia todo. O banheiro já está vazio, o escritório também e a cozinha já se foi também. O último cômodo para empacotar é a sala, vamos logo logo porque já estamos terminando o quarto.

O silêncio é uma companhia estável e insuportável, Tom tem evitado falar porque toda vez que ele abre a boca para proferir alguma palavra seus olhos se empoçam e sua voz embarga.

O barulho do zíper de uma mala sendo fechada leva minha atenção á ele e o vejo se dirigindo ao armário pra começar a colocar seus pertences em uma caixa já preparada ao lado.

Segunda-Feira de manhã uma empresa que ele contratou hoje cedo, virá recolher todos os móveis, caixas e eletrodomésticos para levar até o Egito. Tudo isso vai chegar durante a semana que vem na sua nova casa porque a viagem será longa.

Tom vai levar no avião apenas o necessário, sua mala com roupas e alguns livros e uma mochila com o que ele mais precisa até o caminhão de mudança chegar.

A dor se tornou uma moradora fixa no meu peito, porque cada roupa guardada é como um segundo a menos com ele. E isso me corrói de dentro pra fora.

Após uma hora conseguimos guardar tudo do seu quarto dentro de várias caixas, menos o jogo de cama que estamos usando e a roupa que ele vai usar pra viajar.

- Faltam alguns livros na sala... - Ele comenta jogando seu olhar pra mim

Um olhar triste e profundo. Balanço a cabeça em concordância porque falar é difícil demais, e passo por ele em direção á sala sem conseguir tocá-lo.

Porque se eu o tocar não vou querer soltá-lo mais.

Está escurecendo lá fora, o cheiro de chuva entra pela porta da varanda que está aberta e o ar fresco bate em meu rosto. Fecho os olhos parando bem ao lado do sofá, mordo meu lábio inferior na tentativa falha de segurar uma lágrima.

Mas ela escorre pela minha bochecha fria como uma bala entrando em meu peito e ferindo meu coração. Abaixo minha cabeça cruzando os braços.

Isso não pode ser real, não.

Braços firmes e fortes  envolvem meu corpo por trás e o seu calor me cobre. Tom apoia sua cabeça no meu ombro direito e respira fundo me apertando contra ele.

Deixo mais lágrimas caírem conforme sinto seu coração bater nas minhas costas, queria poder guardar esse momento pra sempre. Poder sentir seu abraço pra sempre.

Mas ele se afasta quebrando o contato dos nossos corpos me deixando fria novamente. Tom passa por mim em direção á mesinha que fica a vitrola e sua mão forte pousa a agulha no disco com delicadeza.

Seu olhar encontra o meu e seus lábios se abrem em um sorriso. A nossa música começa a tocar, La Vie En Rose - Emily Watts, e entendo rapidamente sua intenção.

Eternos - Tom Hiddleston Onde histórias criam vida. Descubra agora