Capítulo XIV

68 10 6
                                    

Março, um mês depois.

Estar solteira novamente é como enfiar a mão em um ninho de abelhas nervosas e sedentas por mel. Homens aparecem de todos os cantos, na universidade, nas cafeterias, nos parques e...Na biblioteca.

O lugar que tenho evitado ir no último mês por motivos óbvios. Porque me sentar no meio daquelas estantes cheias de histórias me fará lembrar na minha própria história.

Fui até lá uma vez depois que ele foi embora. Me lembro de sentar em uma mesa afastada da que a gente ficava e senti o cheiro de madeira tão conhecido me envolvendo. O cheiro que exalava no dia em que fizemos amor encima da mesa que estava bem de frente pra mim.

Depois daquele dia nunca mais pisei lá.

Esse primeiro mês foi árduo, difícil e cheio de saudade. Não tenho notícias dele desde que ele partiu e não sei se quero ter notícias. Porque estou a um triz de largar tudo aqui e ir para o Egito encontrá-lo.

As aulas tem sido boas, tenho passado a maior parte do meu dia no campus, estudando, lendo e revisando conteúdo na companhia de Oliver. Que tem estado nas nuvens com seu relacionamento.

Eu adoro os dois juntos, John é um amor de pessoa. Sinto que depois que ele começou a namorar Oliver ele me adotou com uma irmã caçula, porque ele tem vindo sempre no apartamento.

Me trás doces, filmes de comédia e sempre tenta me incluir na maioria dos passeios dos dois. John alega que preciso de companhia agora, preciso estar cercada de pessoas e estar sempre rindo.

O motivo nós já sabemos. Permiti que o amor da minha vida fosse realizar seu sonho e espero que tudo esteja dando certo pra ele lá.

Oliver odiou o que fiz, ficou dois dias seguidos me perguntando o que eu tinha na cabeça, porque não larguei tudo pra ir com ele ou o fiz ficar.

Deve ser Oliver porque não vou abandonar meus sonhos por ninguém e porque não acho justo fazê-lo desistir da sua vida por mim. Amor não é só sentimento, é cumplicidade, companheirismo e humildade.

Dizem que quando alguém que amamos precisa partir nós temos que deixar partir. E foi o que eu fiz. Eu o deixei partir.

Estou sentada no chão da sala de frente para a mesa de centro, passando a limpo um texto da aula de hoje enquanto assisto ao novo episódio de RuPaul.

Está um dia fresco, nem muito frio, nem muito quente. Um dia perfeito pra deixar a porta da varanda aberta para que o vento das 17h areje a casa.

Ouço o barulho de chaves tilintar do outro lado da porta enquanto ela é aberta e a voz de Oliver me cumprimenta.

- Cheguei - Ele fala trancando a porta e levo meu olhar para ele

Uma mão cheia de cartas que ele deve ter pego com o porteiro, a mochila no ombro e uma bandeja de comida japonesa na outra mão.

Ele apoia a bandeja bem embalada encima do aparador e pendura a mochila no mancebo, como sempre.

- Você trouxe comida japonesa! - Falo animada e deixando a caneta de lado

- Trouxe - Oliver responde rindo enquanto folheia as cartas a procura do seu catálogo mensal de bolsas - Eu não acredito...

A voz dele soa perplexa e fixo meu olhar nos envelopes em sua mão, sua expressão e indecifrável e suas mãos param em um envelope amarelado.

Eternos - Tom Hiddleston Onde histórias criam vida. Descubra agora