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— Eu sou hétero. Eu sou hétero. Eu sou hétero...

Pela manhã, de frente ao espelho, Jasper se encarava nos olhos dizendo a mesma frase várias vezes.

Talvez estivesse tentando se convencer, pois na noite anterior, duvidou da própria sexualidade ao ver seu membro ereto pelos toques de outro homem. Foi pior ainda quando seu subconsciente quase pediu para que Sebastian não o deixasse. Para que ficasse e “terminasse o trabalho que havia começado”.

Estranhou ainda mais depois de ir para seu quarto, quando percebeu a ereção não descer de jeito nenhum. Considerou se tocar diversas vezes, porém parecia que, se o fizesse, seria para o chofer. Se viu obrigado a assistir um pornô qualquer enquanto se masturbava. Mas estava apenas iludindo a si mesmo, porque quando chegou ao ápice, lembrou dele. Involuntariamente.

Quase não dormiu pensando nisso. Refletindo sobre como seu corpo havia gostado. Oras, só porque ele foi tocado por outro cara, não significava que era homossexual!

— Eu sou 100% hétero — concluiu, analisando os chupões que a ruiva deixara em seu pescoço noite passada.

Homossexuais não ficam com chupões de mulheres no pescoço. Então, sim, Jasper Park era hétero!

Aproveitou para passar corretivo sobre os hematomas. Pela primeira vez, não gostou de tê-los adornando sua pele. Talvez, a afirmação de Sebastian de que “marca no pescoço é coisa de adolescente” tivesse feito parecer que ele, realmente, estava certo.

Se vestiu com uma roupa qualquer e foi para a sala de refeições, onde havia uma grande mesa de café da manhã. Como seus pais estavam dormindo naquele horário, nada lhe restou senão comer a farta refeição sozinho.

Faltando pouco para terminar sua vitamina de morango e banana, Sebastian Jeong apareceu no batente da porta da sala. Dessa vez, seu terno era um cinza escuro e sua gravata, vermelha. Sapatos sociais bem polidos como sempre, cabelos muito bem arrumados e um rosto levemente inchado por conta do sono. Com a elegância eternamente impecável. Jasper se odiou por decorar cada detalhe do chofer. Odiou-se mais ainda quando seu coração acelerou repentinamente, enquanto suas bochechas começavam a ficar quentes ao se lembrar do ocorrido no dia anterior. “Oras, controle-se, Jasper Park!”

— Te esperarei no carro para levá-lo à universidade, senhor Park — disse formalmente, percebendo o constrangimento do loiro. Mas o que poderia fazer a não ser tratá-lo como se nada tivesse acontecido?

— Eu espero não ter que repetir, não gosto que me chame de senhor. — Fechou os olhos e suspirou. — E eu vou de táxi. — Jasper voltou sua visão ao copo de vitamina, dando tudo de si para não encarar aqueles orbes de jabuticaba bem marcados.

— É por conta do incidente de ontem, senhor? — O mais novo arregalou seus olhos e o defrontou, com o coração ainda mais acelerado. — Pelo atraso? Eu prometi ao senhor que não me atrasaria novamente. Me desculpe.

Era óbvio que o empregado ignorava seu pedido sobre o “senhor”. Jasper estava ficando farto.

— Não, não! Não é isso, apenas vá descansar. Hoje eu decidi ir de táxi. — Jasper realmente achou que ele falaria sobre o ocorrido na garagem. Sebastian, percebendo seu desconcerto, quis rir.

— Tudo bem, eu entendo... O senhor ainda precisará de mim para buscá-lo?

— Não! Pare de me encher o saco, inferno! — Jasper nem olhou para o motorista. Por impulso, pegou sua mochila e foi direto para a saída da casa, onde finalmente pôde respirar fundo e repetir para si mesmo:

“Eu sou hétero.”

Dentro da sala de jantar, Sebastian só faltava cair no chão de tanta gargalhada. Dava risadas altas, coisa que nunca fazia. Ver o quanto o menor desviava do assunto, era de todo engraçado e fofo. Sentiria falta de ver a bunda do loiro atravessar o portão da universidade, mas se contentaria com as lembranças de suas mãos ocupando toda a extensão das nádegas de seu superior.

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