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Todos foram até a arara no canto da sala. Lá se encontravam calcinhas de diversas cores e tamanhos, algumas quase transparentes e em combinação também havia algumas variações de sutiãs. Jasper começou a entrar em desespero, olhava para os lados e todos os alunos já vestiam os trajes, aquilo o assustava. Nunca imaginou precisar usar algo que tivesse uma plataforma alta em seus pés, ou tecidos quase transparentes escondendo suas partes íntimas.

Já tinha toda a vergonha do mundo dentro dele. Era do tipo que não gostava de manter contato visual por muito tempo por parecer rude. Não gostava de umedecer os lábios por pensar que alguém imaginaria que ele estava mostrando a língua e pareceria indelicado. Até mesmo em apresentações acadêmicas, simplesmente começava a gaguejar e sentir uma ânsia de vômito fortíssima, era inevitável. Não gostava de chamar atenção e estar ali com pessoas nuas era estranho, mas sempre tinha um sentimento de não gostar de andar daquela maneira, mesmo sabendo que era algo comum e que ninguém o olhava com segundas intenções — pelo menos, nunca havia percebido — ou com desejo, ou até falavam mal de seu corpo.

Tentava ignorar e pensar que estava encoberto com trajes pouco chamativos. Mas usar roupas femininas? Não, aquilo não era certo e já se sentia ainda mais exposto só de imaginar. Ninguém poderia obrigá-lo a usar aquilo, poderia? Sabia que em qualquer situação, aquilo seria proibido, mas em uma escola de sexo ele tinha a opção de não usar uma calcinha por livre e espontânea vontade?

É, não usaria e estava decidido. Respirou fundo e olhou para a professora, que mexia em seu celular no canto da sala enquanto seus alunos se aprontavam. Respirou fundo de novo e a cada passo que dava, sentia sua coragem indo embora, até que chegou na frente dela. Por ela estar de salto, ficava do mesmo tamanho que Jasper, mas pela personalidade exuberante era inevitável o loiro se sentir diminuído. A mulher o olhou e deu um sorriso de lado, observando os olhos inquietos de Mochi, que queriam talvez parecer seguros de si, mas infelizmente só lhe davam a aparência de uma criatura indefesa.

— Deixa eu adivinhar, não quer usar calcinha? — Ela lhe concedeu um sorriso amigável, vendo-o suspirar e negar com a cabeça.  

— Não é por mal, mas eu gosto de mulheres, e não tem por que usar roupas femininas que não vão de acordo com a minha orientação sexual. — Teve a impressão de que conseguiu ser firme, mesmo com o nervosismo que sentia diante do olhar profundo da loira.

Ela o analisou de cima a baixo e percebeu o quanto aquele garoto provavelmente tinha uma cabeça fechada. Ainda era curioso para ela pensar por que seu amigo o levara como convidado, afinal, Sebastian não disse nada, nem uma explicação; então Liza precisava ficar com suas teorias.

Cabeça fechada, como se uma calcinha ou roupas pudessem de alguma forma interferir na sexualidade de alguém. Engraçado como a mente do indivíduo funcionava.

— Vi você falando com o Jay, virou seu amigo? — perguntou, olhando para seu aluno de fundo conversando com todos da sala, iluminando aquele lugar com seu sorriso, ainda mais do que a própria luz. — Jay, não, Hope — corrigiu-se, revirando os olhos. — Não posso chamar alguém pelo nome real, a não ser os professores.

— Não, não somos amigos.

— Não me interessa, mas ele poderá te ajudar com as roupas femininas… — O loiro bufou alto e ela o viu começar a bater os pés no piso. Que garoto mimado, Liza tinha vontade de dar uma surra nele. — Ei, pare de birra! Hope! Vem aqui!

O mais novo cruzou os braços sobre o peito, e em poucos segundos o ruivo estava ao seu lado.

— Precisa de alguma coisa, professora? — Ele sorriu e a loira o retribuiu de maneira angelical.

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