Capítulo 8: Enfrentando o passado

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Odeio brigar com a Izzy. Ela é a coisa mais próxima que eu tenho de uma família. Depois do último programa, decido comprar um presente para me desculpar. A Izzy adora chocolates, então, paro em uma loja de conveniência e compro uma caixa de Ferrero Rocher, os preferidos dela.

No caminho para casa, ensaio um pedido de desculpas, mas nada muito brega. Acho que preciso moderar o meu comportamento. Por um lado, a Izzy tem razão. Eu não posso deixar o passado controlar o meu futuro.

Às 4h, eu chego em casa. O apartamento está silencioso. O único som vem da geladeira e dos aquecedores, afinal, está fazendo 7° graus lá fora. Vou para o corredor na ponta dos pés e coloco o ouvido na porta do quarto da Izzy.

Acho que ela não está. Ótimo, facilita demais o meu pedido de desculpas. Pela manhã, quando a Izzy chegar, vai encontrar uma linda caixa de seus bombons favoritos. Abro a porta e me deparo com uma visão do inferno.

— Caralho! — gritei e fechei os olhos, ao ver a Izzy e Nicky transando. — Puta que pariu. — sai do quarto tropeçando e fechei a porta na esperança de esquecer tal cena. — Caralho. Caralho. — andei de um lado para o outro, ainda na frente do quarto da Izzy.

— Que porra, Stef. — é a primeira coisa que a Izzy fala ao sair do quarto, usando apenas um roupão de seda vermelho.

— Desculpa. Desculpa, caralho. Eu sou péssimo em me desculpar, ok. Você sabe disso. — lamentei, levantando os braços para frente e oferecendo a caixa de Ferrero Rocher. — Eu te amo, mãe. Eu fui um babaca. Eu juro que nunca mais vou usar o teu nome de registro. Eu fui um filho da puta e prometo que não vai mais se repetir. — fiquei meio que prostrado, esperando a Izzy pegar a caixa.

— Pode ir dormir, Miguel. Os surtos do Stef acontecem vez ou outra. — Izzy disse, me fazendo virar para trás e encontrar o Miguel só de samba canção.

— Ok. — soltou Miguel, ainda sonolento. — Acho que é um momento de família. — bocejando. — Boa noite. — voltando para o quarto e fechando a porta.


— Eu te amo. — disse Izzy, voltando sua atenção para mim. — Você é tudo na minha vida. Meu amigo, meu irmão e meu filho. — tocando no meu rosto e acariciando. — Eu só quero que você seja feliz, anjo caído. Você merece isso. A vida te deve isso. Não te menospreza, principalmente quando o teu coração está te guiando.

— Desculpa, mãe. — falei a abraçando, mas me afastando ao lembrar da Izzy fazendo um oral na Nicky. — Ah, e temos que conversar sobre isso. — apontando para o quarto e fazendo careta.

— Estamos vivas, Stef. — disse Izzy. — Merecemos uma noite de diversão. A gay não podia voltar para casa tão tarde. Enfim, até o café. Te amo. — levando a mão até a boca e jogando um beijo imaginário na minha direção.

— Essa informação é demais para um dia cheio. Vou dormir, mãe. — desejei.

Graças a Deus, tudo foi resolvido. Detesto dormir com a sensação de dor no peito. Entro no quarto e Miguel dorme profundamente. Ele é o tipo de pessoa que não acorda por nada no mundo. Qualquer barulho noturno me desperta. O meu corpo está sempre em alerta. O meu "colega de quarto", por outro lado, dorme todo espalhado no colchão. O edredom cobre parcialmente o seu corpo, então, com todo o cuidado eu cubro a parte que falta.

Deixo a minha carteira e celular em cima da mesa de cabeceira. Eu só quero tomar um banho quente e deitar na minha cama. Abro o guarda-roupa e escolho uma das opções mais óbvias, bermuda de flanela e uma camisa antiga do Aerosmith. No chuveiro, a imagem de Miguel deitado me vem à mente. Eu luto contra os meus instintos, porém, eles são mais fortes.

— Traidor. — olhei para o meu pau e lhe dei um pequeno tapa, porque ele está ereto. Não quero me masturbar, pois preciso guardar esperma para o dia seguinte, ou seja, vou ficar à vontade.

Apenas uma regraOnde histórias criam vida. Descubra agora