O filho da puta do William leva o Miguel para o lado de fora do bar. Alguns curiosos olham a cena. As meninas e o Felipe seguem o William para saber o que aconteceu.
Revoltado, William faz uma cena e diz que eu estava abusando de Miguel dentro do banheiro. Como assim? Eu nunca encostaria um dedo no Miguel, principalmente, se não fosse a vontade dele.
— Vai se foder, seu otário! — esbravejei, sendo contido pela Izzy.
— Eu vi. Ele tentando abusar do Miguel.
— Ele não me abusou. — explicou Miguel, ainda zonzo por causa da bebida.
— Eu quase não te reconheço, Miguel. Você está diferente. Andando com uma gente estranha. — comentou William nos deixando chocado.
— Como assim, viado? — questionou a Nicky.
— Sim, ainda por cima tudo travesti! — gritou William chamando a atenção de mais pessoas.
— Eu vou socar esse filho da puta. — vou na direção de William, mas a Nicky me impede.
— Ei, menino Jesus da cracolândia. Escuta bem, eu não vou me repetir. Em primeiro lugar, travesti é o teu preconceito horroroso. Izzy e eu, somos duas moças e, sim, o Stefano é garoto de programa, entretanto, pode ter certeza que temos mais coração do que você vai ter algum dia na sua vida. Sabe o motivo? Não vemos a genitália da pessoa, mas o coração. Eu até pensei em gostar de ti, só que uma voz lá dentro da minha cabeça vivia me dizendo que você é um escroto, preconceituoso e, a pior parte, gay! E outra coisa, o Miguel vai com a gente. Preciso ter uma conversa séria com ele. Seu babaca! — pegando na mão de Miguel e vindo em nossa direção.
Caralho. A Nicky acabou com o William. As pessoas aplaudem o discurso motivador da minha amiga, enquanto vamos em direção ao carro de aplicativo que a Izzy pediu. Coitado do Miguel, conviver com esse tipo de gente: o gay preconceituoso. Ele não é melhor do que eu, nem eu sou melhor do que ele. No final, vamos todos para o mesmo buraco.Preciso carregar o Miguel por parte do caminho. Uma sensação familiar me vem à mente. Eu o conheci dessa maneira. O carreguei. Continuo carregando. E não me arrependo. Sentir o corpo dele sob o meu. É uma sensação ímpar.
A respiração ofegante. O coração palpitando. Eu pertenço a ele? Mas como o próprio William disse, o Miguel não ficaria com um garoto de programa. Estou juntando expectativa para me machucar no futuro. Porra, Stefano. Não fode mais a tua vida, cara.
Lembra da tua regra de ouro, né? "Não se apaixonar". O amor só traz destruição e mágoa. A pessoa que mais precisa te amar é a que mais te decepciona. Na minha vida, o amor foi uma sucessão de derrotas. Primeiro, a mamãe que foi assassinada. Depois o meu pai, que abusou de mim. E por último, a vovó que perdeu a luta contra o câncer.
De repente, lágrimas escorrem dos meus olhos. Continuo carregando o Miguel, ou seja, que péssima hora para um colapso. Acho que as meninas não percebem, porque continuam putas com o William. Não tira a razão delas. Passo pela recepção, alguns hóspedes olham a cena: o Miguel sendo carregado nas minhas costas.
Faço o resto do caminho sem esforço. Entro no quarto e coloco o Miguel na cama. Ele está desacordado. Eu posso acabar com tudo e violentado sem dó. Só afirmaria as palavras do William. Eu sou doente. Preciso me aliviar.
De maneira bruta, subo em cima do Miguel. Só que para a minha surpresa, ele desperta e me vira.
— Você quer, né? — ele pergunta com uma feição estranha. — Só que eu quero algo diferente.
Eu quero que a dor passe. Sou um estranho. Não mereço amor. Tenho apenas uma regra. Eu não mereço o amor. O Miguel tira a camisa e a bermuda. Eu faço o mesmo. O meu pau lateja dentro da cueca.
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Apenas uma regra
RomantizmA madrugada de São Paulo é viva. Pessoas vêm e vão, algumas em busca de diversão, outras de prazer ou em busca de uma nova perspectiva de vida. E é justamente quando a cidade dorme que o jovem Stefano Arcanjo se transforma em Alejandro, o Garoto de...