Capítulo 15: Descobertas

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Conto todos os fatos para o Miguel. Ele estranha o comportamento do tio e, principalmente, a relação de Klaus com o William, afinal, na prática, os dois não se conheciam. Eu sou um ótimo detetive, né? Eu sei, eu sei.

Infelizmente, voltamos para o frio de São Paulo. Percebo que a relação entre a Izzy e Nicky ficou estremecida por causa do amigo de William. Esse filho da puta só trouxe confusão para nós. Antes dele, nós estávamos em harmonia.

No trajeto para São Paulo, pensamos em uma maneira de aproximar o Miguel do Klaus, afinal, alguma parte desta equação não estava batendo e suspeitava de William. Por outro lado, não quero colocar a vida do meu crush em risco.

— Eu topo. Quero descobrir a verdade, Stef. — soltou Miguel me deixando desconfortável. — Eu quero encontrar o tio Klaus. — enquanto dirigia.

— Garoto Zumbi, não sabemos a verdade. Precisamos descobrir mais coisas. — sugeri. — O que vocês acham, meninas? — perguntei virando para trás.

— É um risco. — Izzy concordou comigo.

— Sim, principalmente, quando o tal de William está envolvido. Ele e o tal de Felipe...

— O Felipe não tem nada haver com o William, bicha. — reclamou Izzy deixando a Nicky puta da vida.

— Conheceu o boy ontem está defendendo. Por isso que as gays sofrem. — comentou Nicky, cruzando os braços e bufando.

Olho para o Miguel e faço uma careta engraçada. Para fugir do climão, decidimos mudar o rumo da conversa. O Miguel tem o poder de deixar qualquer ambiente melhor. Em pouco tempo, a Izzy e Nicky esquecem o desentendimento por causa do Felipe.

A volta é tranquila, apesar do trânsito caótico. Ouvimos música e conversamos bastante. O Miguel conta mais da infância e adolescência. Eu nunca pensei que a vida de um ricaço pudesse ser tão complicada.

Já pensou? Você nascer para um futuro que não te agrada. Estudar em escolas que não deseja, além de fazer um curso universitário que odeia. Eu sou um espírito livre. Acho que não aceitaria essas condições.

Paramos em casa para deixar as meninas e seguimos para a locadora do carro. Fazemos todos os trâmites necessários e seguimos para o mercado. O Miguel afirma que quer cozinhar massa. Eu deixo, porque adoro a comida dele, porém, sei que ele está cansado. O Miguel vive cansado. Cansado de fugir. Cansado de se esconder. Cansado de tentar ser alguém que não deseja.

Fusilli (macarrão). Creme de leite. Pimenta-do-reino. Queijo ralado. Bacon. O Miguel é ligeiro na escolha dos materiais. Ele conta que um sonho de vida é participar do Master Chef, por isso, já sabe quais alimentos vai escolher.

— Porra, Garoto Zumbi. Os jurados esculacham com os participantes! — exclamei, chamando a atenção de alguns clientes do mercado.

— Nem sempre. Depende do desempenho do concorrente. Fora que a pressão faz parte da vida. — ele rebateu.

— Falando em pressão, ainda está afim de encontrar o teu tio?

— Preciso de respostas. São muitas lacunas, mas o ambiente tem que ser controlado.

— Não vou deixar ele te machucar. — afirmei sorrindo e piscando para o Miguel.

— Claro. Acho que já comprei tudo. Vamos?

— Sim.

Pronto. O Miguel está decidido a enfrentar os próprios demônios. O que será que vamos descobrir? O Klaus não está mentindo. A preocupação com o sobrinho é real, mas, ao mesmo tempo, o otário mandou espancar Miguel. Não faz sentido. Alguma coisa nessa equação está certa.

Apenas uma regraOnde histórias criam vida. Descubra agora