Capítulo 37

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Quando Viviane voltou para casa, ela fechou silenciosamente a porta da frente e lentamente girou a chave, estremecendo com o clique alto que fez no silêncio da casa escura. Ela tirou o casaco e os sapatos e andou na ponta dos pés pelo corredor em direção às escadas. Lembrando das vezes em que costumava fugir de lares adotivos quando adolescente, ela se felicitou mentalmente por não ter perdido nada de sua habilidade. Ela colocou um pé na escada e olhou para cima para ver Kerline parada no meio do caminho, olhando para ela com os braços cruzados.

"Vai, diz logo."

Viviane a olhou brava. "Não faça isso," ela sussurrou.

"Você está tentando me evitar. Algo aconteceu." Kerline desceu um degrau. "Você se arrastou pelo caminho do jardim como um ninja, entrou sorrateiramente e fechou a porta suavemente." Ela deu mais um passo. "Você está me evitando. O que significa que algo aconteceu."

"Eu não sei do que—" Viviane começou.

Kerline cruzou os braços, ergueu uma sobrancelha e Viviane soltou um suspiro. "Ok, na cozinha."

Viviane se virou e caminhou naquela direção. Kerline a seguiu e as duas se sentaram. Kerline apoiou os cotovelos na mesa e colocou a cabeça sobre as mãos entrelaçadas, inclinando-se para a frente com um sorriso. Ela esperou.

"Eu vi Juliette."

"Juliette?" Kerline piscou em choque. "Juliette da primeira classe?"

Viviane soltou uma risada. "A própria. Embora ela não estive muito ela mesma quando a vi."

"Onde? Como? Não, não importa, apenas me diga tudo. Agora mesmo."

Viviane riu de sua exuberância. "Eu estava indo para o metrô quando vi duas mulheres saindo de um bar. Uma tropeça e eu a pego. Então eu olho para cima e a outra é Manu."

"Assistente dela?"

"Sim."

"E a mulher que tropeçou era Juliette?" Kerline guinchou.

"Sim, e ela estava bêbada. Tipo 'ela tinha um chapéu de nacho na cabeça e mal conseguia andar' bêbada. Ah, e veja só, ela estava no avião que caiu."

"Não!"

"A perna dela engessada; e um hematoma no rosto. E eu fiquei apenas parada lá, segurando-a, me perguntando o que diabos estava acontecendo."

"O que aconteceu então?"

"Bem, Manu deveria estar cuidando dela, certo? Mas ela estava bêbada, fazendo amizade com motoqueiros, nachos no cabelo. Então, eu a ajudei a levá-la de volta para o hotel."

"O que ela disse?"

"Ela pensou que estava sonhando. Ela me chamou de fada."

"E?" Kerline pressionou.

"Ela me chamou de linda." Kerline abriu a boca, mas Viviane a interrompeu. "Mas ela estava muito bêbada."

Kerline gritou de excitação. "Você vai vê-la de novo?"

"Acho que não." Viviane balançou a cabeça. Kerline fez beicinho. "Depois do que aconteceu da última vez?" Viviane olhou para a amiga. "Vitória ainda está deprimida, sentindo falta dela. Eu não posso simplesmente trazê-la de volta para nossas vidas, porque quem sabe como ela ficará se ela for embora de novo."

"Tecnicamente ela não foi embora," murmurou Kerline.

Viviane podia sentir suas defesas aumentando. "Você acha que eu estava errada?"

"Não não." Kerline estendeu a mão e pegou a mão dela, dando-lhe um aperto de apoio. "Eu só sei que foi uma situação muito estranha e as emoções estavam altas. E, tanto quanto você fala sobre Vitória sentir falta dela, eu sei que você sente falta dela também."

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