Capítulo 33

164 16 18
                                    

Viviane desligou o telefone e olhou para Kerline. "Eu consegui o emprego. Período experimental de uma semana, e eu começo amanhã."

"Você não deveria estar pulando de alegria?" Kerline perguntou com um sorriso.

"Eu sinto que deveria, mas isso tudo parece tão estranho. Acho que vou me sentir melhor quando estiver lá, quando tudo começar a parecer um pouco mais real. E, francamente parece muito bom pra ser verdade."

"Eu entendo, mas talvez William e Fátima realmente estejam tentando ajudar?"

Viviane olhou para Kerline com uma sobrancelha levantada. "Do nada, depois de todo esse tempo, eles querem ajudar? Eu não sei."

"Bem, sou naturalmente otimista, então acho que é uma coisa boa e algo para comemorar." O sorriso de Kerline se iluminou.

Viviane riu. "Bem, pois eu sou naturalmente pessimista."

Vitória entrou na sala com Nanico debaixo do braço e olhou para Viviane com desconfiança. Ela levou a cabeça de Nanico até sua orelha e ouviu atentamente.

"Mamãe, Nanico quer saber se você tem certeza de que vai ficar em casa o dia todo?"

"Nanico está falando muito ultimamente," Viviane apontou. Vitória encolheu os ombros e olhou para ela em silêncio. "Eu prometo que vou ficar em casa o dia todo," Viviane confirmou. "Que tal desenharmos juntas?"

Vitória ergueu Nanico de volta à orelha e rapidamente balançou a cabeça. "Não, Nanico não quer desenhar."

"E você? Você quer desenhar?" Viviane perguntou. Vitória balançou a cabeça. "Ok, que tal irmos ao parque?"

Por um momento ela pareceu interessada, mas então ouviu Nanico novamente. "Não, Nanico quer fazer um quebra-cabeça," Vitória disse a ela.

"Posso jogar também?" Viviane perguntou.

Vitória balançou a cabeça de Nanico e então se virou e saiu da sala. Viviane soltou um suspiro e se virou para Kerline.

"Isso está ficando fora de controle. Cada vez mais ela fala apenas por meio do Nanico."

"Alguma coisa deve estar incomodando ela," Kerline concordou.

"Eu só queria que ela falasse com a gente."

"Tenho certeza de que ela percebeu as mudanças na Crown. Estou de repente em casa e Arthur voando em um dia diferente."

Viviane balançou a cabeça. "Fiz algumas pesquisas na internet; Eu sei que algumas crianças passam por fases em que usam um brinquedo como voz. E Vitória fez isso por um tempo antes, mas..."

"Está rapidamente se tornando o usual," Kerline concordou.

"Vou falar com ela, ver se consigo chegar até ela. Me deseje sorte."

* * *

Viviane abriu a porta do quarto para ver Vitória enrolada na cama que elas compartilhavam, sussurrando para Nanico.

"Ei, Vitória." A menina olhou para ela com uma expressão confusa. Ela se sentou no colchão ao lado dela. "Vitória, eu queria falar com Nanico sobre algumas coisas. Tudo bem?" Ela agarrou Nanico ainda mais perto de seu peito.

"Como o quê?"

"Nada de ruim," Viviane a tranquilizou. "Só acho que Nanico pode estar um pouco chateado com as coisas e quero ter certeza de que ele está bem. Quero ter certeza de que ele está feliz."

Vitória acenou lentamente com a cabeça. Ela permaneceu deitada, mas segurou Nanico como se estivesse sentado e ouvindo.

"Oi, como você está, Nanico?" Viviane perguntou ao brinquedo. Vitória inclinou-se para ele e ouviu atentamente por um longo período.

Flight PJA016Onde histórias criam vida. Descubra agora