On Fire...

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DRACO

Já era o sétimo ou seria o oitavo? Copo de firewhisky que eu estava tomando, eu não saberia dizer, não mais.

Estou analisando tudo que me aconteceu desde aquele maldito baile de aniversário do fim da guerra. Eu pensei ter superado, eu pensei ter esquecido seus enormes olhos dourados. E de fato eu esqueci por alguns anos, aqueles olhos me atormentaram por anos, eram sempre dourados e molhados, sempre cheios de lagrimas, eram assim que eu a via em cada pesadelo, olhos molhados e gritos de congelar a alma.

No oitavo ano algo mudou, eram os gritos, eles não existiam mais, as lagrimas estavam lá, mas de alguma forma aquele silencio era pior que seus gritos de dor e medo, seu silencio era perturbador e apavorante, seu silencio me faziam querer desejar o inferno. Eu poderia me acostumar com a dor, mas o seu silencio era uma tática de tortura muito mais eficaz em minhas veias, ela não me via, ela nunca me viu, mas eu estive lá a cada lagrima derramada, a cada soluço sufocado, a cada grito barrado. Ela era silenciosa, ela entrava na torre se sentava ao lado da gárgula puxava suas pernas para seu peito e deixava suas lagrimas caírem, e a cada gota meu peito de apertava.

Nunca fui considerado corajoso, não seria nesse momento que me tornaria, eu sentia medo, eu me sentia pequeno, eu me sentia insignificante. Eu tinha medo das palavras que poderiam sair da sua boca, eu tinha medo da sua rejeição, então apenas ficava lá, na parte mais escura vigiando sua dor. Jamais contei para alguém onde eu ia todas as noites, mas teve uma noite em especial antes do feriado de natal, sua dor era sombria e sufocante, suas lagrimas continuavam a cair enchendo meu peito de dor e agonia. Aquela fora a primeira vez que eu a mencionei, foi em carta para minha mãe.

Eu conseguia sentir sua dor e conseguia entende-la, quem poderia julgá-la? Certamente não eu.

Meus anos seguintes foram um borrão, terapia, lagrimas, gritos, álcool, empresa, lágrimas, gritos, álcool, mulheres, lagrimas, silencio, álcool, terapia, terapia, Astória, terapia e finalmente a Luz da minha vida, Scorpius.

Descobrir que uma transa de final de semana resultou naquele garoto, me faz pensar se realmente não existe um destino para cada um de nós. Eu conheci Astória através da sua irmã e logo seus pais queriam um contrato entre nossas famílias, priorizar a pureza sua mãe idiota havia falado. Mal sabia ela que eu estava pouco me fodendo para aquela idiotice de merda. Eu neguei veementemente, Astoria era uma garota linda, criada nos costumes puro-sangue, educada, mas era só. Não tinha paixão, não tinha voracidade, não tinha a selvageria que eu procurava, não tinha o intelecto que me desafiasse, não tinha a teimosia necessária, não tinha o coração quente e definitivamente não tinha os olhos certos. Mas de nada disso importou, no final de um dia exaustivo, um pub lotado e vários copos de Whisky depois acabamos em cima de uma cama. Dois meses depois quando ela saiu da minha lareira um arrepio percorreu por minha espinha e depois disso apenas amaldiçoei cada gole de whisky que tomei até ali, se foi um plano para que no fim o casamento se tornasse uma realidade eu jamais iria saber. Quando contei a mamãe seus olhos se encheram de lagrimas e me lembro vagamente dela me chamar de idiota entre cinco a oito vezes.

O casamento foi às pressas, rápido e frio, ela estava linda, mas seus olhares eram frios e calculados, seu sorriso era sem vida.

Logo nos primeiros meses nossas diferenças eram mais do que visíveis apenas nos tolerávamos, mas quando Scorpius veio ao mundo eu estava disposto a fazer a coisa toda dar certo por ele. Quando o peguei pela primeira vez em meus braços foi como se o mundo tivesse ganhado vida novamente. Ele era tudo para mim, mas logo ficou claro que ela não o via da mesma forma, foi então que o seu caso com Theodore Nott veio à tona. Ressentido por ela não dar o amor que Scorpius merecia eu fiz o impensável pelas famílias de sangue puro, pedi o divórcio. O caso em si não me causou nenhum tipo de sentimento, mas eu esperaria um pouco mais de consideração para com o nosso casamento, mas o que eu esperava de uma mulher que não conseguia nem mesmo amar seu próprio filho?

Ocean Eyes - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora