Entering orbit...

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Levei a taça aos lábios sorvendo um generoso gole de vinho branco enquanto tentava inutilmente conter o tremor em minhas mãos. Eu estava projetando todo o meu desconforto naquela taça, ela era basicamente uma dose de calmante naquele momento e mesmo assim eu sentia todo o meu interior como um mar em fúria, agitado e incontrolável.

-- Senhorita Granger! – Fechei os olhos com força juntando todo o meu equilíbrio para permanecer nesse almoço.

-- Senhor Shelby... – Me virei sorrindo.

Me levantei do banco alto do balcão do bar para cumprimentar devidamente meu acompanhante, ainda sentindo minhas pernas tremulas. Sua mão levou a minha aos seus lábios plantando um beijo casto.

-- Você está deslumbrante. – Seu semblante sempre sério desde o início me cativava, mas hoje não. Hoje era apenas mais um homem com poucos motivos para sorrir.

-- Obrigada! – Agradeci com um sorriso amarelo.

-- Vamos? – Ele perguntou apontando para as mesas do pequeno deque do restaurante.

Concordei tomando a dianteira do caminho me sentando em uma mesa mais reservada onde o garçom nos esperava com a carta de vinhos e o cardápio em sua mão. Era um jovem garoto de pele escura e sorriso largo, eu já o conhecia de outras visitas ao estabelecimento então não foi preciso pedir por uma mesa mais afastada.

No momento em que me acomodei uma menina com os cabelos cor de chocolate presos em um coque baixo se aproximou com outra taça de vinho e outra de água. Assim que ela pousou as taças a minha frente eu avancei ansiosamente sobre o vinho recebendo uma piscadela da menina e um olhar curioso de Thomas.

Após solicitar uma entrada leve e uma dose de Whisky irlandês sem gelo, seu olhar caiu sobre mim novamente:

-- Manhã difícil? – Seu semblante estava quase preocupado.

Dei um sorrisinho tenso, me lembrando novamente da minha manhã.

-- Eu... não sei. – Respondi sentindo todos os tremores no meu corpo. – Eu só não estava esperando me encontrar com uma pessoa hoje... foi uma... Surpresa? – Falei confusa.

-- Devo me preocupar? – Sua pergunta soou quase vaga enquanto ele pegava o copo com sua bebida e recebia os carpaccio de salmão defumado.

-- Não, foi apenas inesperado. – Me apressei. – Mas não há com o que se preocupar, tenho certeza de que em um ou dois dias não terei com o que me preocupar.

Me olhando novamente daquela forma inexpressiva, eu o senti analisando se o que eu dizia era verdade ou apenas um meio para não estender o assunto.

Seja a conclusão que ele tenha chegado, fiquei aliviada que ele não tentou forçar o assunto. A verdade é que Thomas Shelby era um homem misterioso com muitos segredos. Ele empunha um limite muito bem traçado em sua vida, e jamais tentei ultrapassá-lo, quando ele quer compartilhar algo eu apenas ouço sem cobranças, talvez seja isso que o tenha levado a deixar o assunto da forma que estava.

— O que o trouxe a Londres? – perguntei tentando iniciar uma conversa.

Ocean Eyes - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora