As dolorosas pétalas.

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Kojiro Nanjo.

Minha mão trêmula alcançou o aparelho telefônico que estava repousando no meu bolso,forcei meus olhos embaçados a focarem nas letras brilhantes e vibrantes cores brancas.
Com dedos trêmulos e desnorteados liguei para Bianca que estava salva no meu contato com o nome de 'Futura mãe'.

Com a respiração ofegante e falha esperei impaciente a presença vocal da morena me agraciar,meus olhos se abriram e fechavam de modo manual tentando focar em um ponto aleatório do azulejo branco do banheiro,minha garganta ainda machucada e com gosto metálico doeu ainda mais ao engolir em seco,meu pulmão que buscava ar de maneira desesperada também parecia machucado.
Eu estava ruim,muito ruim.

Depois de 5 toques que pareceram uma eternidade de angústia ouvi a voz sonolenta e rouca da Bianca.

Bianca:Olá.-disse em tom baixo parecendo confusa.

Kojiro:Aconteceu de novo.-fui vago não conseguido reconhecer minha própria voz que estava tão machucada quanto o resto de meu corpo.

As lembranças dos toques e sussurros de luxúria passaram em minha mente terminando em uma lembrança dolorosa de sua boca viciante dizendo,'vamos esquecer tudo isso okay?'.Devastado com minha mente me sabotando com tais memórias indesejáveis balancei a cabeça dispersando as memórias,foi uma decisão péssima que tive por sentir após o movimento brusco uma dor semelhante a milhares de agulhas entrando em meu crânio e parando em meu cérebro.

Bianca:Eu já estou chegando!.-sua voz que antes soava sonolenta agora era como de uma mãe coruja percebendo que seu filho ralou o joelho,ela estava muito preocupada.

Desliguei o telefone encerrando a chamada e o colocando em seu lugar de repouso.

Senti minhas pernas cederem de cansaço se dobrando sobre o chão frio,tudo parecia cansativo demais para mim,eu só queria...dormir,dormir e descobrir que tudo não passou de um pesadelo,um maldito pesadelo!.

Kaoru Sakurayashiki,eu soube no instante em que comecei a me apaixonar por você que estaria condenado,será que você está condenado a me odiar?.

Uma voz irritante sussurrava com pesar e pura tristeza em minha mente tão melancólica quanto meu coração quebrado,eu só queria que ela parasse de falar,não estava mais me reconhecendo,isso tudo que estava acontecendo comigo era surreal.

Respirei com ainda mais dificuldade tentando inutilmente acalmar meu coração,o cansaço parecia travar uma batalha com meu cérebro que berrava para que ficasse-mos acordados.

Com dificuldade apoiei minhas mãos no chão me impulsionando para cima,tinha que chegar na porta porque a qualquer instante Bianca entraria por aquela porta.

Kaoru Sakurayashiki.

Minhas pernas pareciam que tinham sido atropeladas por um caminhão,meu rosto se tornava vermelho como um tomate quando eu me lembrava do motivo do incômodo.

O líquido alcoólico que descia por minha garganta causando calor faziam-me me esquecer por alguns segundos o meu terrível erro,quando me recordava de cada toque pesado e caloroso que eu sentia na noite anterior ficava mais decepcionado ainda,virava a garrafa ainda mais rápido quando recordava do acontecimento improvável.

Eu me arrependo de ter transado com ele?.
Não,não é isso,essa dor que tem no meu peito não é por causa de arrependimento.
Essa dor é...desconhecida?,sim, definitivamente desconhecida.

A cada lágrima gorda e salgada que escorriam pelos meus olhos causava a solidão,talvez não fosse só a solidão,eu não sabia oque era entretanto não gostava.

A casa mal iluminada deixava o cenário ainda mais depressivo e até mesmo com um quê de terror.
Apenas eu e o sol que brilhava radiante era confidentes da melancolia e arrependimento que me rondava.

O que eu irei fazer agora?.
Eu não fui forçado a fazer isso,eu quis fazer isso,mas mesmo assim me sinto... incompleto.Por que eu me sinto incompleto?.

Dúvidas e mais dúvidas depressivas apareciam e iam.

O efeito da bebida parecia me deixar mais sonolento e tonto,por isso eu amava a bebida amarga e fervorosa(mesmo preferindo o gosto doce do vinho),ela não me deixava com nenhuma preocupação.

Sorri por angústia e...medo,sorri por todas as merdas que eu tinha passado,sorri pelo meu passado triste e mais clichê que um personagem de uma fanfic,sorri por estar bêbado demais e principalmente sorri ao lembrar da noite quente carregada de luxuria que tive com Kojiro.
No entanto,somente o último sorriso foi o verdadeiro.

Kojiro Nanjo,eu soube no momento que não te empurrei e impedi o beijo que estaria condenado a te amar,será que estamos condenados a sermos apenas uma noite de transa qualquer?.

Kojiro Nanjo.

As nuvens fofas escondiam o sol brilhante e radiante e eram avistados da janela pareciam me julgar,tudo ao meu redor pareciam me julgar e zombar de meu estado lastimável.

As mãos gentis e delicadas de Bianca faziam cafuné nas minhas madeixas verdes,as angústias que eu contei para a enfermeira pareciam machucar ela também.Talves seja por um instinto de mãe que a mesma está despertando.

Bianca:Sabe,eu sei que te conheço a pouco tempo e não temos muita intimidade mas,você meio que...você meio que merece isso.-falou dando bronca em mim ao mesmo tempo que me consolava soando imparcial.

Minha cabeça que repousava em seu colo concordou,ela não estava errada,mesmo sendo muito difícil de admitir isso ela estava certa.
Lembro-me vagamente de mulheres raivosas e triste por serem dispensadas de maneira nada delicadas por mim depois de uma noite quente.

Eu realmente estou pagando meus pecados?.
Isso é muito estranho,quando eu pensei em pagar os pecados estava pensando em uma meneira dolorosa,mas tudo que eu sinto é um enorme...vazio,sinto que não tenho mais lágrimas o suficiente para serem derramadas nem voz para reclamar.Para falar a verdade eu queria muito dormir.
Estou de fato cansado.

Kojiro:Você está certa.-quebrei o silêncio mórbido e sinistro com a voz rouca e baixa me arrependendo de minhas atitudes nada gentis e egoístas.

Suas mãos pararam de fazer carinho em meus cabelos porém continuaram em meus fios despenteados.

Bianca:Eu,eu achei um jeito de te salvar...quer dizer,eu tenho uma possibilidade.-disse não parecendo tão animada com a notícia e nada firme com seu tom.

Meu peito se encheu de esperança e uma pitada de medo que foi ignorada por minha animação(animação essa que era pequena).

Kojiro:Qual?.-perguntei me arrependendo por logo após sentir dor e resmungo um pouco.

Bianca:Você não vai gostar muito da idéia,digo,eu...eu nem sei se vai dar certo,estou me baseando em uma ficção de um livro que eu achei particularmente horrível.
Esse não é o ponto,o ponto é que tem esperança.-se atrapalhou falando,atropelou as palavras se embolando toda no monólogo.

Á uma esperança.

Pensei com carinho e calma,não queria pensar em oque eu teria que fazer para me livrar disso,não queria pensar em quanto eu iria pagar para sumir com isso tampouco se teria que ficar paraplégico para que isso acontecesse.
Eu só queria a liberdade,a doce e bela liberdade daquelas malditas e belas pétalas de rosas vermelhas

Kojiro:O que eu tenho que fazer?.-questionei baixo e disperso.

Bianca:Terá que se esquecer,se esquecer de tudo e todos,será como se você estivesse nascido de novo.-disse com pesar.

Eu teria que renascer para poder viver.

Hanahaki (Cancelada).Onde histórias criam vida. Descubra agora