Camila
— E aqui estamos nós. — Enxuguei as lágrimas que rolavam pelo meu rosto.
— Aqui estamos nós. — Shawn estendeu sua mão, roçando seu polegar sobre meu queixo.
— Não posso acreditar que tudo foi na noite passada. Como é possível parecer que foi há tanto tempo? — perguntei, sentindo-me como uma lunática desesperada.
Ele suspirou antes de responder:
— Porque hoje foi como seis meses embrulhados num único dia. Estou totalmente exausto.
— Eu também. — Dei risada.
Examinando seu corpo musculoso com meus olhos, fiquei momentaneamente distraída quando ele perguntou:
— Você acha que devo ligar para o primo de Sal amanhã? Quer dizer, você acha que contratar um motorista é uma boa ideia?
Eu assenti com a cabeça antes de responder:
— Acho que sim. Acho que é uma ótima ideia. Você deve verificar se irá contratá-lo com exclusividade.
— Então, ele não dirigiria para ninguém mais?
— Não. Não é bem isso — tentei explicar, meu cérebro literalmente silvando com a fadiga. — Só verificar se ter o mesmo motorista o tempo todo é a melhor opção. Acho que seria benéfico se tivéssemos uma única pessoa levando-nos para cá e para lá.
— Nós? — Ele ergueu suas sobrancelhas, zombando de mim.
— Ótimo. Contratarei meu próprio motorista — retruquei.
Shawn se jogou, prendendo-me sob si ao depositar um beijo sobre meu nariz.
— Até parece que você vai. Ele será nosso motorista. Isto é, se eu gostar dele.
— Ótimo.
— Ótimo? Você não vai fazer nenhuma espécie de comentário espertinho do tipo: "E se eu gostar dele e você não"? Só vai dizer ótimo?
— Desculpe. Estou cansada demais para fingir que discuto. — Bocejei, incapaz de esconder mais meu cansaço.
— Cama? — ele perguntou, suas sobrancelhas se franzindo.
— Sim. Mas para dormir.
— Ok, gatinha. Para dormir.
Na tarde de segunda-feira, o telefone em minha escrivaninha tocou incessantemente, implorando para ser atendido. As palavras Saguão Frontal apareceram sobre a pequena tela e eu estendi a mão para pegá-lo antes que ele parasse.
— É Camila.
— Oi, Camila. Seu motorista está aqui.
Meu o quê? Oh, é mesmo. O primo de Sal.
— Obrigada. Pode dizer a ele que vou descer já?
— É claro. Vejo você daqui a pouco.
Desliguei o telefone sem me despedir e enfiei na bolsa a câmera que Shawn havia comprado para mim depois que a original fora roubada na noite em que eu fora atacada no Fullton State. Corri para preencher minhas últimas fotos em suas pastas equivalentes on-line antes de entrar correndo no elevador.
— Divirta-se esta noite, Camila. — O sotaque rasgado de Boston de Joey preencheu o ar e eu me virei rapidamente para ele. Um rubor desconfortável passou pelo meu rosto.
— Obrigada, Joey — disse com um sorriso tenso.
Apertei o botão do elevador, desejando que ele fosse bem depressa e me aliviasse.