Camila
Reviver tudo isso, que nem estava tão no passado, era mais que esmagador.
Eu não tinha nenhuma ideia das coisas pelas quais Shawn havia passado durante o tempo em que estávamos separados. Algumas partes me comoviam e outras me deixavam totalmente furiosa.
Fiquei quase tentada a pedir a ele para parar. Dizer que eu não queria ouvir mais. Que eu ouvira o suficiente. O que poderia haver a dizer, ainda? Mas minha mente — minha sempre apaixonada, desolada e aborrecida mente — não deixava a coisa acabar.
Minha mente seria o maior obstáculo para que voltássemos à normalidade. Eu não queria ser estúpida. Eu já aceitara as desculpas de Shawn e o acolhera em minha casa de braços abertos, mas, para ir em frente, eu não queria ser boba novamente.
Não haveria uma segunda vez se ele estragasse as coisas. Não haveria mais nenhuma chance.
Uma garota só pode suportar até certo ponto.
— Mais uma pausa — sugeri e notei imediatamente o que se passava pela mente de Shawn quando vi a expressão significativa em seu rosto. — Não esse tipo de pausa.
— Por que não? — Ele lambeu seus lábios e meu queixo caiu.
— Uma pausa para mudar de assunto.
— E para mudar de lugar? — Ele apontou com a cabeça na direção do quarto.
Apertei os olhos, mal conseguindo vê-lo através das pequeninas fendas.
— Ótimo. Mas só se conversarmos primeiro.
Shawn riu.
— Conversa primeiro. Sexo depois.
— Shawn! — Eu uivei, meu rosto corando.
— Ora, vamos. Eu mal consigo me mover. Estou tão cheio. A pizza de Nova York é uma maravilha.
— Eu sei... — eu disse.
A pizza de Nova York era diferente de tudo que tínhamos na Califórnia. Não me interpretem mal, nós tínhamos muitos lugares de "pizza ao estilo Nova York" em casa, mas não eram nada parecidos com ela. Ela havia se tornado, seguramente, meu estilo favorito de pizza. Para sempre.
— Dizem que é a água.
— Dizem o quê? Que água? — Shawn perguntou ao colocar os pratos sujos dentro da pia.
— A pizza. Eles dizem que é tão boa aqui por causa da água. Ela faz alguma coisa com a massa. Não sei se é verdade, mas acredito totalmente nisso. — Toda vez que eu trocava um pouquinho de informação sobre o que eu sabia de Nova York desde que estava vivendo ali, um arrepio de empolgação descia por minha espinha.
Eu adorava ser a pessoa que ensinava a Shawn todas essas coisas.
— Parece bom para mim. — Ele pegou uma toalha e secou suas mãos antes de se virar para mim. — Vamos?
— Se você insiste — eu disse.
— Oh, eu insisto sim.
Eu entrei no quarto e comecei a me despir, quando Shawn disse sem pensar:
— Pensei ter ouvido você dizer que nós não...
— Estou apenas pondo meu pijama! — interrompi. — Eu odeio me deitar de jeans.
— Maldição.
— Pensei que você estivesse cheio.
Ele lambeu os lábios.