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Louis William...
16 de Novembro
-Amore mio, o papa promete que vai te levar para o trabalho logo, mas hoje realmente não é o dia, hoje a neném vai ficar com a nonna, tá bom? -estamos em um dia ruim novamente, uma ponta branquinha dos primeiro dente da Francesca está ameaçando nascer e essa madrugada foi um desafio, nós dois a passamos no escritório, já que é o cômodo mais distante do quarto que mamma está hospedada e eu realmente não gostaria de acorda-la já que é ela quem vai cuidar da bebê essa manhã, mas são quatro e quinze da manhã, eu tenho que sair para o trabalho daqui vinte minutos e tanto eu quanto minha filha dormimos no máximo duas horas, estou com o coração partido de deixá-la com sono e reclamando de dor, isso não é uma birra ou algo que ela possa controlar e no fundo eu gostaria que fosse apenas um dia ruim e Francesca estivesse fisicamente bem e não esgotada -Eu te amo, prometo que volto logo, minha princesinha.

Temos mordedores na geladeira e mamma me disse que faria sorvetes com morangos triturados, o que eu acho que a bebê não vai gostar muito, mas é uma tentativa e minha única opção é me agarrar a ela, então quando a neném termina sua garrafinha de leite eu a deixo com minha mãe e saio de casa.

Meu único trabalho no set hoje é dar apoio emocional para Harry, e realmente estou determinado a excluir essa cena se sentir um pingo de dúvida na voz dele.

Harry Edward Styles...
16 de Novembro
Tudo ao meu redor parece estar um completo caos, me preparei, prometo que me preparei para que o pior acontecesse, o pânico faz minha mente formigar, cria um nó em minha garganta, cada centímetro do meu corpo reclama quando eu corro até o banheiro e deixo meus joelhos cederem sob o piso de mármore, sentindo a queimação subir por minha garganta e o suor pingar do meu peito e tudo que consigo fazer é lutar para não deixar que a primeira lágrima escorra por meu rosto, porque as seguintes seriam desesperadas e incontroláveis, o ar não preenche meus pulmões, eu tento, abro os lábios e me agarro a borda da banheira, tento encher meus pulmões, não chego nem perto disso, as lágrimas atrapalham minha visão enquanto tento fazer minhas pernas trêmulas e fracas caminharem até minha bolsa, até minha bombinha de asma...o ar finalmente preenche meus pulmões e sinto um alívio imediato, quase tão imediato quanto se vai e da espaço para o medo que volta a me atingir.

Não tem ninguém comigo, não escuto nada além da minha respiração pesada, minha irmã foi até Milão noite passada e desde então me afundei ao mesmo lugar onde estive durante todo meu ensino médio, voltei ao comportamento que deixou marcas em meu corpo, que invade e corrompe cada uma de minhas memórias, que fez minha irmã dividir o banheiro comigo e checar os armários de remédios  e lixeiras para ter certeza de que estava tudo sob controle, sinto o pavor de voltar a sentir que minha alma assiste de cima meu corpo se deteriorar e esquecer todos seus princípios e o que o faz um humano e sei que nada disso é culpa dessa cena ridícula, não é culpa do meu emprego, não é culpa de nada além do ciclo ridículo e ansioso que comprometerá minha vida até meu fim.

O despertador me faz voltar a órbita e ingerir os três comprimidos que andam um ao lado do outro desde meus dezesseis anos, essa merda não vai acontecer hoje, é um dia especial o suficiente para que eu coloque na minha mente que eu controlo meu corpo e não a ansiedade.

-Bom dia, Harry, nós estamos prontos para você assim que terminarem a caracterização, a cena será feita dentro do estúdio na sala 28.

-Certo Lorenzo, eu só preciso de um momento, obrigado.

Tem poucas pessoas no set, o que faz sentido levando em consideração que o sol nem mesmo nasceu, demoro trinta minutos para estar caracterizado, calças de pijama, cabelo bagunçado, olheiras que não foram cobertas e nada de camisa, meus lábios foram reforçados por um batom avermelhado, ainda me sinto receoso, mas não estou mais apavorado com o que estou prestes a fazer, isso me trará um novo público, me trará o que não consegui com personagens clichês açucarados e feitos para agradarem pré adolescentes, isso me trará respeito cinematográfico e provará que eu realmente sou um bom ator, então escondo tudo aquilo que me prenderia a segurança e caminho até a sala 28.

Italian summer (larry stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora