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°A história original pertence a @Whitlock-Mikaelson°

Eu estava enfeitando o quarto de Lucien, na verdade, eu estava colocando flores que ele não gostava, porque o mesmo havia se recusado a ir cavalgar comigo esta manhã. Algo bem infantil eu sei, mas nós temos esse costume, semana passada ele colocou cobras no meu quarto.

Isso mesmo, cobras. 

Um dos meus guardas permanentes, que me seguiam a cada passo me avisou que Tamlim - meu irmão - convocava minha presença.

Meus pés descalços entravam em choque com o chão gelado do castelo, à medida que eu caminhava contava minha respiração buscando me acalmar, eu não era a maior admiradora do meu irmão, e com certeza não há pessoa mais gentil e educada desta corte. 

 A mentira é uma arma muito poderosa, mas a sinceridade é o meu maior triunfo. 

Por isso "dou um sorriso quando quero, xingo quando quero, eu falo quando e o que quero, mas eu só choro quando estiver sozinha" é quase o lema da minha vida. 

As paredes brancas eram adornadas com ouro, desenhos de flores, e galhos entalhados, as pilastras brancas tinham um revestimento a mais e desenhos como se houvesse plantas enrolando nela, havia quadros muitos quadros, a maioria ainda desde que minha mãe era viva.

Ela era uma amante da arte, então temos toda uma galeria que ela comprou ou mandou fazer, há pinturas minhas por todo esse corredor e ainda mais espalhadas pela mansão, as pinturas de Tamlim e meus outros dois irmãos ele mandou recolher todas, algumas até foram queimadas.

Não que eu me importe, dei graças a mãe quando eles morreram e farei o mesmo assim que Tamlim morrer. 

Depois é claro que ele deixar um herdeiro, por que não irei governar essa corte, não tenho paciência para mudá-la. 

Vai fazer quinze anos que a Amarantha está no poder, existe ainda uma esperança tola dentro de meu coração de que isso irá acabar, ela vai ser morta, e então eu vou pegar minhas coisas e me mudar para meu chalé no interior da corte, longe de tudo e todos, e viverei em paz. 

Como eu disse: uma esperança tola. 

Estralei meus dedos, meu pescoço e então bati na porta, embora tivesse certeza de que eles já haviam sentindo minha presença não estava com vontade de discutir com Tam hoje. 

— Entre ‒ ouvi a voz de meu irmão. 

Ele estava sentado atrás da mesa no centro do escritório, Lucien estava em pé ao seu lado com o rosto tenso, mas que demonstrava irritação. 

— Diga ‒ falei após me sentar na cadeira à sua frente. 

— Amarantha me enviou uma carta ‒ nada bom vai acontecer, pressinto ‒ Ela solicita sua presença sob a montanha, alega que sente falta de ouvir você tocar e cantar ‒ o rosto de Lucien se transformou em uma careta de imediato. 

— Para leigos isso quer dizer que... ‒ falo já sabendo a resposta.

— Você parte amanhã pela manhã, não se preocupe ela não vai fazer nada contra você devido a mim, isso pode evitar que ela se vire contra nosso povo.

Seu povo. 

Eu não pertenço a este lugar, talvez não o povo fora desta propriedade, mas aqueles que aqui já vieram, não são meu povo, não quando me ouviram gritar e implorar, quando me viram chorar e me desesperar várias vezes antes que eu atingisse a idade adulta e nunca fizeram nada. 

Não quando permitiram, e fingiram não ver aquilo que meus irmãos e meu pai faziam comigo, o que meu pai fazia com minha mãe. 

Se Tamlim ainda está vivo é porque ele nunca ousou levantar a mão para mim, e embora ele também fingiu não ouvir, e nunca tivesse lutado por mim ou me defendido, quando tudo acabava ele sempre aparecia e cuidava de meus machucados. 

Acredito que isso fazia com que ele dormisse a noite tranquilo, mas me salvou muitas vezes quando eu só precisava de alguém. 

Quando assumiu o posto de Grão Senhor, ele buscou em todo continente até que encontrasse um feiticeiro que pudesse desfazer o feitiço que meu pai lançou em mim, que continha meus poderes. 

Porque a fêmea da família jamais poderia ser a mais poderosa, não quando se tinha três irmãos mais velhos, e jamais eu deveria ter a chance de lutar e conquistar o posto de Grã Senhora, eu sou uma fêmea, e Grã Senhoras não existem, era o que aquele velho desgraçado sempre dizia.

 Machos ridículos, patéticos, burros e idiotas. 

Sempre existe um lado ruim, eu posso ter meu poder, ou o que restou dele com o feitiço de Amarantha, mas vivo confinada a este terreno. Se tudo fosse mais fácil, eu já poderia tê-lo matado. 

— Tudo bem ‒ digo já me levantando e Lucien transforma a feição em puro choque e indignação. 

— Não está falando sério ‒ ele brigou comigo e se virou para o amigo ‒ Não pode estar realmente disposto a mandá-la para lá, é a Tacey.  

— Cale-se ‒ Tamlim rosnou suas garras já despontando na mesa, algo me dizia que Lucien já havia discutido muito sobre esse assunto. 

 — Ele não manda em mim Lu ‒  me virei dando um sorriso ao meu irmão ‒ E você deveria tratar deste seu problema com raiva, ou ao menos se controlar, chega a ser ridículo.

— Sou seu Grão Senhor Tacey ‒ ele rosna para mim. 

Dou-lhe um sorriso irônico. 

— Vou perguntar as suas amantes se morde, ou só sabe latir ‒ viro as costas batendo a porta sentindo toda a sua irritação ‒ Eu não sou sua súdita, já cansei de dizer isso irmãozinho ‒ cantarolo virando a esquina subindo para meus aposentos.



*Como devem ter percebido, estou com um enorme bloqueio criativo, então vou corrigir os erros ortográficos e arrumar a estética. 

Prometo me esforçar para escrever mais, espero que entendam.

Corte de Luz e EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora