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— Isso é uma ideia estúpida — argumentei quando meu parceiro cogitava levar Feyre à Prisão, primeiro por ser um lugar no subsolo, e por todas as coisas horríveis que havia ali e que eu não queria que ela visse e guardasse na mente.

Mas era de toda forma uma decisão de minha amiga.

— Você tem uma solução melhor? — ele perguntou de onde estava largado sobre uma cadeira com as asas abertas e olhar cansado.

— Eu vou — afirmei e ele sorriu como se já tivesse previsto minha resposta, o que era altamente possível.

Eu odiava ser previsível.

— Feyre foi feita, é uma imortal com alma mortal, o que você teria para oferecer? — Amren perguntou diretamente.

— A resposta para a pergunta dele, e muito mais — respondi sincera.

— Como sabe o que ele vai perguntar? — Cassian questionou.

— Bruxas não sonham, nós temos pesadelos ou visões.

— E viu o que vai acontecer? — Azriel se manifestou.

— Uma possibilidade, uma parte sim — respondi — Não existe futuro definido, nossas ações podem alterar o futuro, ao contrário do que a maioria pensa somos não que controlamos o destino e não ele que nos rege.

— Então iremos até lá amanhã — ele decidiu enquanto os outros pensavam em minhas palavras.

— Quando você morrer, menina, vou estudar você — Amren falou tomando um longe gole de seu alimento.

Cassian fez uma careta imediata e Mor revirou os olhos.

— Você é sempre um amor Amren — brinquei e ela sorriu — Quando você morrer farei um ritual para tomar seu poder.

— Se fizer um ritual com meu corpo, será amaldiçoada por toda a vida — ela avisou apontando um dedo para mim. Um aviso.

— Fomos nós quem inventamos maldições, não se engane pequena anciã — devolvi sorrindo de lado e ela quase rosnou para mim, fazendo Rhys dar risada.

— Vocês são bem esquisitas — Cassian falou com uma careta, e um sorriso contido brotou nos lábios de Azriel.

— O quão ruim pode ser? — Feyre perguntou olhando para mim e para o Grão Senhor.

— Muito ruim — disse Cassian.

Vou ficar bem — garanti em sua mente e ela apenas suspirou.

(...)

A montanha íngreme com rochas cinzentas e musgos, era imponente, com o topo plano e distante e a névoa que fluía por nós, aumentava a vontade de voltar para debaixo das cobertas.

Vestidos com couro illyriano e com espadas e adagas, subimos em silêncio enquanto eu me preparava para o que viria. Quando os portões de ossos abriram para nossa entrada tomei um último fôlego antes de caminhar para a escuridão. A mão quente de Rhys segurava a minha e ocasionalmente fazia carinho com o polegar me lembrando de respirar enquanto meus olhos disparavam para cada canto daquele lugar.

Eu podia sentir eles em suas celas, dormindo, caminhando, o afiar de garras, crueldade e morte impregnava meus sentidos fazendo meus olhos imediatamente ficarem mais brilhantes quando meu poder começava a subir para a superfície.

— Respire — disse ele no meu ouvido e deixou um selar de lábios em minha têmpora.

Bruxa, bruxa, bruxa — ouvi o sussurro em uma língua que não era a nossa, não conseguia identificar, mas de alguma forma entendia - venha pequena luz, venha.

Corte de Luz e EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora