— Você precisa sair — avisei a Rhys e ele nem mesmo me olhou quando negou e permaneceu parado no mesmo local com os braços cruzados — Você é illyriano, minha magia te faz mal, vai ficar desorientado e sem instintos, preciso que saia, não posso me concentrar em não te atingir.
— Vou ficar na porta, apenas me chame — ele resmungou irritado.
— Não se chateie tanto Grão Senhor — O Entalhador de Ossos provocou.
— Preciso que se ajoelhe, e que para de escutar o vento, as pedras e foque apenas na minha voz. Preciso que abra sua mente para mim, não totalmente, não tenho certeza se quero ver o que há aí.
— Quantas vezes já fez isso?
— Nenhuma — respondi dando de ombros.
Ele deu mais uma risada amarga se colocando na posição que mandei, meu poder de alguma forma tinha força dentro destas paredes, algo pelo qual pesquisaria mais tarde, então quando meus olhos brilharam e uma névoa verde tomou a cela inteira eu senti o ofego de meu parceiro.
Quando toda escuridão, desespero, saudade, morte, passado e futuro, caos e guerra, atingiram minha mente meu corpo cedeu ficando de joelhos sem desgrudar a mão da cabeça do deus em forma de menino.
Abri os olhos para vê-lo com a cabeça tombada para trás, os olhos totalmente brancos e a escuridão de Rhys invadindo a cela gradualmente na defensiva, não contra mim eu percebi, mas a meu favor.
Minha mente começou a ficar desconexa e me lembrei de anos atrás quando passei por aquele mesmo ritual, involuntariamente.
Clãs de bruxas têm laços inquebráveis entre seus membros, quando uma morre todas se juntam ao ritual para ser mais fácil de aguentar, pois, é como perder uma parte sua.
Mas no meu caso, era apenas eu e minha mãe, então na hora do ritual, minha consciência foi puxada com ela porque eu estava fraca, com grande partes de meus poderes bloqueados, e despreparada, então eu a segui até à terra de leite e mel, e depois fui expulsa com a ajuda de outras, fiquei desacordada por dias e quando voltei ainda me lembrava.
Vivos não pertencem àquele lugar então não foi uma experiência agradável.
As imagens começaram a passar com dificuldade entre nossas mentes, as sensações, o olhar de preocupação e depois o amor de minha mãe naquela ocasião demorou a passar.
Então eu vi em terceira pessoa meu corpo em levitação enquanto ao redor mulheres com as mãos dadas e entre elas minha avó, proferiram um feitiço e outras cantavam uma oração.
Eu sabia que não era para ali que o Entalhador estava olhando, mais eu não conseguia tirar minha visão daquela cena, vi meus olhos começarem a sangrar e o vermelho carmesim começar manchar o chão brilhante, mesmo agora de longe eu conseguia sentir aquela dor excruciante e o revirar no estômago.
Então o cenário mudou, tudo ficou escuro, e precisei murmurar palavras na língua antiga conforme induzia meu corpo a um sono superficial a fim de ver as possibilidades visíveis de sua morte.
A primeira imagem era no cenário daquela cela, o Encantador não era visível para mim, mas eu podia sentir sua angústia de desespero, riscos agressivos e aleatórios tomavam as paredes por cima dos desenhos, figuras sem corpos cobertas por um manto que não havia rosto nem nada humano apenas uma névoa escura e uma substância viscosa que escorria por debaixo do manto sem tocar o chão.
Quando eles avançaram para dentro da cela com a gosma se movimentando com eles, os gritos começaram, as paredes e o chão tremeram, as criaturas pronunciavam palavras em uma língua desconhecida. Senti meu corpo pesar e tive medo de desmaiar, mas os gritos cessaram e o silêncio que preencheu minha mente era ainda pior, não havia mais vida naquele lugar, virei meu corpo para olhar para trás, mas tudo que pude ver foi um sangue preto respingado no canto da parede antes que a imagem mudasse.
Agora estávamos em uma cabana, a madeira destruída sob nossos pés, fumaça e fogo se espalhava consumindo aquele combustível sem ir para a floresta que nos cercava, uma cabeça estava diante de nossos pés, a tecelã, com os olhos abertos arregalados e ainda marcados pelo ódio.
A figura do Entalhador na frente, em outra forma, do outro lado uma figura alta de pele azul clara, cabelos brancos muito longos sorria com longa fileiras de dentes afiados, e o olhar mais perverso que já vi, sangue escorria de sua boca e garras e o resto do corpo de Stryga estava embaixo de seus pés, parcialmente devorado.
Seus olhos desviaram até mim, como se pudesse vislumbrar minha mente dando uma espiada em uma possibilidade do destino e meu corpo congelou, uma gota de suor escorrendo pela minha coluna, e o medo se apoderando de meus sentidos como nunca, quando ele sorriu para mim, passando a língua pelo sangue negro que escorria de seus lábios e dentes dei um passo para trás involuntariamente, a mão do Entalhador segurou meu pulso e meu corpo entendeu aquilo como um sinal para sair dali.
O cenário de guerra apareceu, e o cheiro pungente de sangue e morte inundou todos os nossos sentidos, gritos soavam de todos os cantos e assinaturas de magias diferentes e com força variada tomava todo o local. Um grito sobrenatural invadiu todo o campo, uma luz branca se destacou indo em direção aonde o Entalhador lutava com outra forma, quando ela o atingiu assim como a diversos outros soldados, o deus da morte se virou sorrindo e segui seu olhar para enxergar apenas eu e Feyre de mãos dadas enquanto um grito escapou de minha garganta.
E aquele sorriso, foi tudo menos terrível.
Meu corpo bateu contra a pedra, ofegante voltando à realidade, sangue escorria pelo meu nariz e Rhys estava diante de mim imediatamente segurando meu corpo. O Encantador continuava parado no mesmo local e posição, seus olhos se levantaram até mim, demonstrando algo pela primeira vez, ele engoliu seco ainda na aparência da criança e disse: —Não diga ao mundo o que você é.
Meu corpo apagou no meio do caminho enquanto ele nos levava para fora dali.
*vou colocar um aviso no meu perfil, explicando meu sumiço para quem quiser saber.
Bjs, espero que estejam gostando.
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Corte de Luz e Escuridão
FantasyA história original pertence a @Whitlock-Mikaelson, e tenho permição dela para a adaptação. Tacey irmã de Tamlim com um poder raro - presente do próprio caldeirão - é enviada a sob a montanha à pedido da Grã- Rainha. Rhysand , Grão - Senhor da cor...