Verão; o verão chegara, recebi o presente ‒ leia-se ordem ‒ de ir a Corte Primaveril para a comemoração do Solstício.
Antigamente era na Corte Estival, eu me disfarçava de Grã-feérica comum, fugia em uma caravana com Lia minha amiga e dama, às vezes colocava encantamentos para mudar minha aparência me recusando a parecer com meu irmão ou chamar atenção e me divertia imensamente.
Meu coração saltitava em ver Lucien, até mesmo a chata da Alis ‒ Lia a muito faleceu ‒ porém, ver meu irmão parecia errado, eu nunca houve um momento em que gostei verdadeiramente dele além da superficialidade, nós apenas nos suportamos para sobrevivência mútua, mas depois deste tempo com Rhys ‒ todos esses anos - ‒ estar perto de Tamlim parecia pecado, um crime verdadeiramente ruim, pelo que ele havia feito com a família do Grão Senhor da noite.
A forma como o traíra, a crueldade, e então aquelas asas, elas o enlouqueciam, lembro a madrugada que acordei de um pesadelo e o vi queimando as asas que estavam antes penduradas como troféus no escritório, a injustiça daquilo fazia meu estômago revirar.
Todos tinham sangue nas mãos, Rhys principalmente ele passou por uma guerra. Mas aquilo que meu irmão fez não foi na guerra, o sangue que manchava suas mãos era inocente, e aquilo que ele fazia com Lucien, simplesmente não havia perdão.
Não de minha parte.
Então apertei Rhys em um abraço longo ‒ alguns minutos ‒ Antes de finalmente entrar em uma das passagens subterrâneas e ir para "casa".
Tudo estava perfeitamente arrumado ‒ eu amava festas ‒ meu vestido verde-esmeralda era simplesmente divino, fora um presente do Grão Senhor da Corte Estival, depois que eu salvei um de seus servos mais velhos, ele tinha um corpete marcado e um decote canoa, assim como a saia esvoaçante por onde subia uma abertura em minhas pernas.
Quis chegar mais cedo, antes da festa realmente começar, para eu poder conhecer a humana antes que o vinho tomasse nossas veias, e meu irmão desse chilique.
Quando estava perto o suficiente, retirei o encantamento que me cobria e atravessei para onde senti Alis ‒ não havia nenhuma outra a quem meu irmão confiaria a humana ‒ eu surgi em um quarto no fim do corredor, as vozes femininas chegaram antes da minha visão, mas eu fui rápida o suficiente para desviar de um pente que voou em minha direção com uma força realmente surpreendente.
— É assim que sou recebida em casa? ‒ pergunto com humor.
Os olhos de Alis arregalam e sua boca se abre em choque, tinha trinta e cinco anos que eu não aparecia, era um bom tempo.
A humana me encarava assustada por eu ter simplesmente surgido do nada, mas não havia reconhecimento em seus olhos, o que significava que meu irmão proibiu que falassem de mim por aqui, mas se ele ousara tirar meus quadros eu o esfolarei.
Não passei horas parada naqueles dias para nada, minha beleza devia ser exposta por esta mansão e até mundo afora.
— Vamos Alis, se começar a chorar jamais te deixarei esquecer disso nem você, nem ninguém ‒ tão rápido como veio as lágrimas de seus olhos sumiram dando lugar a um falso desgosto, mas ela sorriu quando se aproximou e me abraçou exitante antes que eu retribuísse.
— Você é a humana ‒ afirmei com contentamento me divertindo com suas expressões.
— Quem é você? ‒ ela era audaciosa.
Não sei se eu deveria achar corajosa, ou burra por falar com um Grão-feérico assim, mas isso significa que ela se sente segura aqui, e isso é um passo importante.
— Eu sou Tacey, a irmã bonita ‒ digo sorrindo.
— Ela é irmã de Tamlim, estava em viagem pesquisando e lutando contra a praga ‒ Alis responde me lançando um olhar que dizia explicitamente que a humana não sabia de nada.
— Eu sou Feyre, vim pelo tratado ‒ ela falou incerta me analisando com surpresa.
— Onde está a bes... ‒ antes que eu pudesse completar Alis acertou um tapa na minha mão, coitada da humana não sabe a ilusão em que está se metendo ‒ Meu irmão querido, onde ele está?
— Lá em baixo aguardando com Lucien.
— Ótimo, após a minha entrada triunfal eu vou beber até esquecer meu nome, tenho que partir amanhã.
— Mas já?
— Preciso continuar meu trabalho ‒ respondo a Feyre.
— Eu adoraria ver Lucien dando um grito histérico ‒ Alis comenta com um sorriso que leva todas nós ao mesmo.
— Acho mais fácil ele começar um discurso do quanto eu demorei a voltar ‒ aviso-lhe.
Feyre foi na frente e ouvi a exclamação de Lucien, assim como a voz abobada de meu irmão e o cheiro dele.
Esperei que a conversa terminasse então libertei meu cheiro, e parei de conter meu poder, o que tornou minha presença impossível de ser ignorada. Todos souberam que eu estava aqui.
Quando pisei na escada, os olhos deles se fixaram em mim, dei meu melhor pior sorriso a meu irmão, e meu melhor a Lucien.
— Pelo caldeirão! ‒ Lucien exclamou a expressão dividida em irritação e alegria sincera.
Assim que cheguei em baixo na escada, ele sorriu para mim genuinamente, antes de me agarrar em um abraço caloroso não ligando para quem estava nos olhando.
— Oi raposinha.
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Corte de Luz e Escuridão
FantasyA história original pertence a @Whitlock-Mikaelson, e tenho permição dela para a adaptação. Tacey irmã de Tamlim com um poder raro - presente do próprio caldeirão - é enviada a sob a montanha à pedido da Grã- Rainha. Rhysand , Grão - Senhor da cor...