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(BÔNUS I)

Feyre se debruçou sobre a latrina após ter posto todo o jantar para fora, ela se encostou no gelado da banheira e quis trazer aquela sensação para o coração.

Ela gostaria muito de não sentir nada.

Seu corpo estremeceu, e uma nova onda de vômito lhe subiu pela garganta quando ela rapidamente se debruçou sobre o vaso torcendo a mão no processo, provavelmente a cura seria rápida agora que não era mais uma humana.

Não percebeu ter alguém no banheiro até se assustar quando segurou seu cabelo tirando os fios de seu rosto, ela quase gritou, mas reconheceu os fios vermelhos em seu canto de olho.

Ficou grata por Lucien ter sido a primeira pessoa a vir à sua mente quando viu cabelos vermelhos e não Amarantha que assombrava seus sonhos, não sabia qual seria sua reação.

— Está tudo bem — Lucien garantiu segurando os cabelos dela, como Tacey fez várias vezes, e sem encostar em seu corpo coberto por uma enorme camada de roupas, ela estava com frio e Tamlim não estava ali.

Ele ficou com ela e ajudou a lavar seu rosto, depois esperou até ela estar mais calma, quando finalmente encostou em sua mão percebeu que a pele dela estava muito quente segurou mais forte fazendo ela abrir os olhos e sentir um pouco da queimação deixando seu corpo através do toque dele.

Depois a carregou até a cama quando ela quase fechou os olhos ao lado da banheira sem forças para fazer absolutamente nada.

Ele a deitou na cama com cuidado, em seguida pegou um pano molhado colocando sob sua testa e ajudou ela a tirar um dos casacos sem dizer absolutamente nada, e ela agradecia tudo silenciosa e estranhamente confortável com a presença dele naquela situação.

— Quer água? — ele perguntou e ela balançou a cabeça negativamente.

Lucien se sentou apoiado no móvel ao lado da cama e a mão de Feyre deslizou até que segurasse com força a mão dele, buscando um pouco de estabilidade e calma que não sentia em seu próprio corpo e mente.

— Onde está Tamlim? — ela perguntou baixo, incapaz de se lembrar do que ele tinha dito mais cedo antes de sair.

— Está na fronteira — ele respondeu passando levemente o polegar pela mão dela.

— Você não foi?

— Minha égua se machucou.

— Ela está bem? — ela perguntou no mesmo tom baixo e com os olhos ainda fechados retribuindo o carinho dele com o próprio polegar em sincronia.

— Vai ficar, um curandeiro virá pela manhã por precaução.

— Você gosta muito dela.

— Foi um presente de Tacey, quando eu cheguei aqui. Eu era no mínimo muito irritante, conhecendo a minha história ela fez de tudo para que eu me sentisse bem — ele falou com um sorriso mesmo que ela não pudesse ver pela escuridão do quarto.

— Lucien, posso te perguntar algo?

— Você vai perguntar de todo jeito — ele resmungou.

— Porque Tacey não se dá bem com Tamlim?

— É uma história antiga, ela diz que é porque ele mudou.

— E ele mudou mesmo? Desde que você chegou aqui?

— Todos nós mudamos depois disso tudo — ele respondeu se esquivando da pergunta.

— Seja sincero comigo.

— Sim, ele mudou bastante. Tacey diz que ele está cada dia mais parecido com o pai deles.

— Tamlim me contou a história das rosas e da parceria. Mas ele não fala muito do pai nem dos irmãos, e ele nunca tocou no nome da mãe, e também não fala da Tacey, ele sequer olha para os quadros dela.

Feyre imaginou que todos os quadros de Tacey teriam sido tirados da mansão, mas eles ainda estavam lá, todos, nos mesmos lugares de sempre.

— Na visão de Tacey, aquelas rosas já deveriam ter virado cinzas.

— Por que ela foi embora?

— Aqui não é lar dela, talvez lá seja.

— Eles não são os inimigos? Rhysand não é o inimigo?

— Acho que você deveria dormir — ele respondeu rápido.

Sinceramente não tinha uma resposta para aquela pergunta, não depois do sorriso de Tacey quando viu Rhysand no casamento, ou quando ela garantiu que estaria segura ao lado dele, muito mais segura que estava naquela mansão.

Ele não tinha mais certeza.

— Só me responde uma coisa: você confia nela?

— Sim, com a minha vida.

— Então, porque não foi com ela?

— Não queria deixar você sozinha, e nem abandonar meu grão senhor.

— E se aqui for meu lar? Você ainda vai ficar? — ela falou se forçando a manter os olhos abertos mesmo que o cansaço a impedisse.

— Eu não sei Feyre, tenho muito poucas certezas no momento.

— Qual a diferença entre o Tamlim seu Grão Senhor e aquele que é seu amigo?

— Eu não sei mais — ele sussurrou fechando os olhos.

— À vida podia ser mais fácil, Lucien.

— Podia mesmo — ele concordou melancolicamente dando uma risada amarga em seguida.

— Fica aqui? — ela perguntou e ouviu ele respirar fundo se preparando para negar — Só até eu dormir.

— Então durma logo. 

Corte de Luz e EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora