Corte de Sangue e Sol (Finalizada)

Reunião pt2

Pov: Rafaella

Eris entrou na sala de reuniões vestindo sua típica armadura vermelha, calça de couro justa ao corpo e mantendo o mesmo penteado de todas as poucas vezes que eu o vira na vida.

Olhei para o rosto pálido de Mor encarando Rhysand com um olhar que doeu em mim. Mágoa pura lampejava ali. Um brilho que só quem foi traído conseguia expressar.

- Bem vindo de volta, Eris. - o Grão Senhor da Corte Noturna disse tranquilamente.

- Que porra você está fazendo, irmão? - Ana o olhou com raiva.

- Faz o que? Quinhentos anos que não põe o pé aqui? - Ainda jogado na cadeira e tomando seu vinho, era como se Rhys não estivesse falando com uma das pessoas mais escrotas do lugar.

- Realmente, faz muitos anos. - o Príncipe disse sem se preocupar em olhar para Keir.

- Olá, Morrigan. - fez uma reverência exagerada para minha parceira e senti vontade de vomitar.
O rosto de Mor era uma mistura de raiva, confusão e tristeza.

- Como no passado você desejou estreitar seus laços com a Corte Outonal, tem agora a chance de fazer isso formalmente. Há interesses comerciais entre ambas as cortes que ajudariam os dois. - Com sua expressão típica de tédio, Rhys dirigiu a proposta a Keir.

- Agradeço o acordo, Vossa Excelência, mas creio que somente isso não irá me convencer a tal ponto. - o sorriso de Keir foi medonho.
O mesmo encarou todos na mesa e, ao fixar seus olhos em Mor, disse:

- Quero Velaris.

Senti meu coração acelerando e uma fisgada em meu peito quando Morrigan processou o que havia sido dito. Velaris era a sua casa. Eu já havia sido obrigada a abandonar o meu lar na guerra dos humanos contra os feéricos. O vi queimar em meio à destruição e, desde então, jurei não deixar ninguém que amo precisar passar pelo mesmo.

- Não. - disse Ana e Mor juntas. - Isso não irá acontecer em hipótese alguma. - a princesa bateu o pé quando terminou sua fala.

- Exatamente - a voz de Mor saiu trêmula e quase inaudível.

- Do que exatamente você tem medo, filha? - a última palavra veio tão envenenada que senti nojo - De não ter mais um lugar para vagabundar por aí como uma vadia?

Voei na direção de Keir sem nem pensar duas vezes.

Algo estalou em meus sentidos e quando eu percebi, já estava com minha adaga a milímetros de seu pescoço.

- Diga isso mais uma vez e morrerá aqui e agora. - falei apontando minha adaga em direção a sua garganta. Era só uma questão de pouquíssima força e a faca estaria cravada em seu pescoço.

- Rafaella. - a voz de Mor ecoou séria pela sala - Volte e sente-se aqui. Disso resolvo eu. - Nunca a havia visto tão séria e imponente quanto naquele momento.

- Não, pai, você não irá ter essa cidade nem por um milhão de homens. E sabe porquê? - sua voz era como pedra. - Porque Velaris representa para mim tudo o que você nunca foi capaz de ser. É a porra do lugar que eu protejo com unhas e dentes e não será um verme fraco e desprovido de qualquer emoção boa e senso de moral que irá tirar isso de mim. - falou se levantando da cadeira e indo em direção a Keir - e, acredite, foi ótimo ver seu reinado caindo no momento em que entreguei esse reino à Ana e te tirei a liderança desse lugar. - Naquele momento, eu não conseguia me conter de orgulho só de olhar Morrigan enfrentando o pai daquele jeito.

- E sabe por que você vai ajudar nessa guerra com ou sem acordo? Porque você não tem escolha. - deu um risinho de escárnio - Você não é nada.
Olhou para Eris ao seu lado de cima a baixo e fez uma expressão de nojo.

- Covarde.

Eu ainda estava incrédula e ofegante quando Mor foi até mim e, encostando em meu braço, se dirigiu a Keir pela última vez na reunião

- E mais uma coisa, ofenda a minha parceira mais uma vez e se verá comigo. Reunião encerrada.

Sons de surpresa foram a última coisa que eu ouvi antes de ser transportada por ela.