Pov : Ana- Não vai fugir de mim de novo, Tamlin - falei avançando pra cima dele, dessa vez ninguém me atrapalharia e eu acabaria com aquilo.
Tamlin sacou uma espada de sabe lá de onde e revidou o meu ataque. Eu sabia que Helion lutava contra o exército pelas costas e mantinha minha retaguarda intacta.
- Não vou fugir de você - falou cortando o ar onde segundos antes estava minha cabeça - Vou te matar e depois vou atrás do seu irmão.
Minha espada pareceu esquentar na minha mão e eu cortei seu rosto, ele conseguiu se afastar antes de eu conseguir fazer um estrago pior. O campo já parecia pequeno pras minhas investidas, suor pingava pelo meu rosto.
- Vou matar você Ana, como deveria ter feito 200 anos atrás. Seu irmão vai me pagar por ter pegado o que era meu.
- Feyre não é, e nunca foi sua - falei levantando meu escudo quando ele desceu a espada - Já deveria ter aceitado isso.
Perdi a conta de quantas investidas ele defendeu e quantos cortes eu fiz nele, profundos e superficiais, mas ele nunca abria o suficiente da guarda pra mim acabar logo com isso.
Um grito ecoou por todo campo e meu coração disparou, com um suspiro de horror reconheci o que outrora fora Amren destruir os exércitos no lado oposto de onde estávamos. O que diabos estava acontecendo ali? Um grito de Rhysand indicou para que os exércitos parassem, para não chamar a atenção.
Todos pareciam congelados onde estavam, inimigos e aliados parados feito estátuas tentando entender o que havia acontecido, um clique na linha das árvores chamou minha atenção e eu cometi o pior erro da minha existência, me virei de costas esquecendo da presença de Tamlin e observei Lucien escondido ali nas árvores, observando.
O grito de Helion me alertou mas era tarde demais, eu estava imobilizada. Minha espada foi jogada para longe do meu alcance, uma mão segurava minha cintura e a outra segurava a espada contra meu pescoço. Um movimento errado e o grã senhor da primaveril me mataria. Minha magia não seria rápida e ele notaria antes de eu conseguir me desvecilhar, não havia saída.
- Péssimo movimento querida - nojo percorreu meu corpo, ele olhou para Helion que estava fora de si, o exército reduzido a nada - Não se aproxime ou vou me apressar aqui - Senti a espada dele pressionando minha garganta me impedindo de falar.
Lágrimas brotaram nos meus olhos mas recusei a deixá-las cair. Pavor e ódio pulsava no meu laço de parceria, meu marido estava de mãos atadas. Foquei meus olhos nos deles e entrei em sua mente
- Faça ele falar, Helion - desespero era o único sentimento ali - Mantenha ele falando. Rápido.
Meu parceiro pareceu entender a mensagem
- Você sabia, Tamlin?
A cabeça dele se virou novamente pra Helion
- Sabia do que? - veneno escorreu por suas palavras - Que você era o verdadeiro pai de Lucien? Que ela estava presa naquela ilha?
- Como pôde? - continue falando, não pare. Eu tentava achar a todo custo uma forma de sair dali - Ele era seu amigo
- Não - a voz dele pareceu esfriar - Nunca tive amigos, ele era apenas meu regente. E quanto mais quebrado, menor a chance dele fugir. E eu sei que se eu morrer ele fará de tudo pra me vingar e continuar o que eu comecei.
- Você não contou a ninguém para mantê-lo com você - Ele estava horrorizado. Uma pitada de diversão passou por mim ao me lembrar que Lucien estava ali.
- Bingo. Era claro que Beron sabia que não era dele. Lilian jamais revelaria, então, quando ele veio até mim, pedir refúgio eu o acolhi - remorso me atingiu ao notar o quão mal eu havia julgado Lucien - Ficaria surpreso de que eu não precisei nem tratá-lo tão bem. O mínimo foi mais que o suficiente para tê-lo como meu aliado eterno.
Silêncio pairou pela clareira e por um segundo imaginei que seria assim minha execução. Rafa olhava para mim com tanto medo que minhas pernas quase tremeram. Sabia que se Tamlin me matasse ali, Helion o mataria em vingança mas eu não estava pronta pra me despedir daquele mundo ainda.
- Você é um monstro - minha voz não passou de um sussurro - Um monstro que não aceitou viver com o que tinha e tentou cobiçar tudo o que não era seu - Achei que ele fosse apertar mais minha garganta, mas como o aperto não veio eu continuei - Matou a minha família, quis a minha cunhada, manipulou a única pessoa que ainda te restava, Tamlin. Tudo isso pelo quê? Poder? Riquezas? Não ganhou nada mais que inimigos
- Calada cadela - sangue brotou onde ele apertou a espada, engoli o seco - Você não é melhor que eu. Acha que não sei o que você fez com as rainhas? Matando a sangue frio por vingança - disse puxando a adaga para me matar
- Eu nunca matei a sangue frio, e muito menos sem motivo - falei rosnando o que eu sabia ser minha última fala.
Mas um poder fez a terra tremer e quase me derrubou no chão junto com Tamlin, um grito de agonia cortou os céus, aquele grito era de Feyre, eu já o havia escutado antes, mas nunca daquela maneira. Aquele som fez Tamlin vacilar e com um milésimo de segundo eu consegui escapar.
Helion foi rápido como um raio, jogando sua espada dourada na minha mão, e com um movimento ela jazia no estômago do grã senhor. Saí de perto dele e braços fortes me abraçaram quando Tamlin começou a cuspir sangue.
- Minha querida - meu parceiro virou minha cabeça avaliando meu ferimento - Você está viva mesmo - falou sem acreditar, seu nariz se enterrando no meu cabelo, como pra confirmar que aquilo era real.
Som de passos saindo da relva me tirou daquele transe, observei Lucien olhar para Tamlin que olhava para ele de olhos arregalados, entendendo que ele estivera ali escutando tudo
- Lucien - a voz rouca de Tamlin tentou falar - Mentira, tudo mentira. Ela me obrigou a falar tudo aquilo. Meu amigo, meu irmão.
Encarei absurdada, ele ainda tinha a cara de pau pra mentir?
O filho de Helion tinha lágrimas no olho verdadeiro, dor, traição e tristeza era legível em sua face enquanto ele olhava para quem ele tinha acreditado ser seu único amigo.
- Eu considerei você meu irmão. Eu fiz coisas horríveis em seu nome e eu só recebi mentiras - Tamlin arfou, se foi de dor ou de espanto eu não sabia - Me deixou acreditar que aquele monstro era o meu pai, me tirou a chance de conhecer o meu pai real. - ódio queimava em seu rosto - Como você pôde?
Silêncio pairou pela clareira.
- Não tem respostas. Foi o que eu imaginei - Eu acreditava que não restavam nem um minuto a mais de vida para aquela besta - Mas você estava certo, em uma coisa. Vou cuidar da corte primaveril, como se fosse minha - falou encarando o antigo amigo, os olhos de Tamlin se desfocaram. Ali jazia o corpo apenas do grã senhor
Helion encarava o filho com um pouco de tristeza, mas eles teriam tempo pra conversar, eu garantiria isso. Passaram vários minutos e todos ainda estavam naquela posição, meu parceiro me olhou receoso e eu sorri para ele. Apertei sua mão e deixei ele ir falar com Lucien, consolá-lo de alguma forma.
Uma forma alada pousou ao meu lado, meus olhos se arregalaram ao ver o estado acabado de Azriel, como se ele tivesse sido obrigado a voar em meio a dor. Mas o que mais me assustava era os seus olhos vermelhos, cheios de lágrimas. O grito de Feyre ecoou na minha mente, tanta coisa havia acontecido....
Não não não não não, aquilo não estava acontecendo
- Azriel - segurei seu rosto obrigando ele a me olhar nos olhos - Quem?
Ele relutou ao me encarar, parecendo juntar forças pra me contar, e a minha angústia só aumentava. Todos notaram e começaram a se aproximar.
- Ele se foi Ana - o ar fugiu dos meus pulmões - Rhysand se foi.
Olhei para ele esperando a piada sem graça, mas ela não veio. E naquele segundo meu mundo desabou e eu gritei ao sentir a dor me consumindo.
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Corte de Sangue e Sol (Finalizada)
FanfictionE se a irmã de Rhysand não tivesse sido morta, e sim vendida para as rainhas no continente E se em uma das suas viagens atrás de notícias da rainha ele a achasse Seria ela a parceira do Azriel finalmente ou o destino reserva algo diferente pra ela? ...