Um presente

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POV: Ana

O som da bolha se fechando fez minha espada esquentar ainda mais, ódio puro cobria cada célula do meu corpo, o grito de dor e desespero da Rafa ocupava minha mente, e eu via tudo vermelho. E como nunca fiz em décadas deixei a raiva me guiar. O guerreiro me olhava presunçoso ao falar

- Outra fêmea? Não existe nenhum guerreiro à altura em seus exércitos? - Raiva cobriu seu rosto quando eu simplesmente não o respondi - Se me falar seu nome talvez eu possa poupá-la. - Minhas sombras se agruparam e eu calculei a distância até ele, menos de quatro metros me impediam de matá-lo - Foi sua amiga que eu matei não foi?

Meus olhos arderam ao notar que isso era uma possibilidade, e eu ataquei ao pensar que ele era o culpado. Ele lutava bem, era um mérito que eu teria que atribuir a ele, mas não seria páreo para mim. Meu primeiro golpe cortou fundo o seu braço e ele berrou.

- Sua puta, você está morta - e avançou.

Parecia uma dança mal ensaiada mas eu sabia os passos e me virava até bem, golpe atrás de golpe ele foi perdendo espaço, eu iria prorrogar aquilo por bastante tempo, ele sofreria por cada ferimento que havia causado à minha general.

- Ela está viva Ana, termine isso e venha pra cá - A voz de Rhysand na minha cabeça quase me derrubou. Viva, ela estava viva.

Olhei para o guerreiro ajoelhado a minha frente, uma sombra cobria sua boca o impedindo de me ofender mais, e ferimentos profundos cobriam seu corpo. Eu sabia que não restava mais que minutos de vida para ele, e embora prorrogar isso fosse meu plano, a vontade de ver a Valquíria era maior.

Convoquei a sombra deixando ele falar, mas nada além de arquejos de dor saiu da sua boca. Me abaixei até ficar na altura da sua orelha e sussurrei para ele

- Meu nome é Ana, eu sou a senhora da corte Diurna e rainha da corte dos pesadelos - peguei seu cabelo forçando ele a olhar nos meus olhos ao proferir as palavras - Você feriu minha melhor amiga, e é por isso que eu o condeno. - medo instaurou em seus olhos e virei seu pescoço o expondo pra mim ao terminar de falar - Vá para o inferno.

Seu corpo caiu com um baque no chão de terra, sua cabeça rolou até o meu lado e eu desabei, todos aqueles meses caíram sobre mim quando eu me ajoelhei com a mão na minha cabeça e chorei.

POV: Helion

A bolha estava silenciosa, minha parceira os tinha lacrado e não importava o quanto eu batesse ou usasse magia, ela não cedia. O nosso laço de parceria continuava intacto e eu só sentia raiva e ódio fluindo dela e de repente nada, nada mais além de uma dor, aquela sensação começou a  me consumir.

Eu tentei ter notícias das nossas tropas e dos generais feridos, mas obtive apenas silêncio, o soldado que eu tinha mandado não havia retornado, e não havia nenhuma chance de eu sair dali sem minha esposa.

Os minutos pareciam horas, observei o campo vasto a minha frente e não havia mais nada. O exército inimigo havia sido dizimado, e depois de muitas décadas de neutralidade e de anonimato eu havia realmente matado centenas de soldados em nome da minha corte. Tudo bem, se eu fosse sincero comigo mesmo, diria que tudo tinha sido em nome da minha mulher.

Foi quando a bolha caiu em terra, minha parceira estava no centro da bolha ajoelhada, as mãos na cabeça como se tentasse reprimir os pensamentos, lágrimas escorriam do seu rosto e pingavam até o chão, ela estava coberta de sangue, e a única coisa distinguível do que havia sido o guerreiro era a cabeça que jazia ao lado da sua perna. Se ela tinha notado que o escudo havia caído ela não demostrou.

- Ana? - minha voz soou mais fraca do que deveria.

Ela se sobressaltou, seus olhos passaram por todo o campo avaliando se havia perigo, e suavizaram ao pousar em mim. Ela se levantou lentamente olhando para a cabeça decepada do guerreiro. Meus pés diminuíram a nossa distância e levantei seu rosto suavemente, ela se recusou a me olhar

Corte de Sangue e Sol (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora