A verdade

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Pov: Rhysand

Mentira, aquilo só podia ser uma mentira.

Eu andava pelas ruas daquela ilha procurando qualquer pista de onde as rainhas podiam estar se encontrando.

- Não seria em um lugar tão decadente - falei comigo mesmo.

Juntei todo o meu poder me preparando para atravessar quando alguém bateu em mim com toda força de um humano e caiu no chão. Recuei um passo e estendi a mão pra ajudar aquela menina que certamente não passava de 18 anos pela estatura.

- Desculpe - falei tentando ajudar.

-Droga - escutei ela falando enquanto levantava e arrumava o cabelo que estava todo caído em seu rosto - Sempre fica no meio do caminho das pessoas assim? - Olhei para os lados certificando que ninguém tinha visto quando escutei a garota sussurrar.

- Rhys?- olhei pra ela e tudo ao meu redor parou.

Não era possível, aqueles olhos, aquele rosto.
Não não, ela estava morta, aquilo não era real.

- Você... Você... Quem é você? - era um truque, tinha que ser.
Ela estava parada me encarando com a boca semiaberta e aqueles olhos...

Senti as pessoas começando a parar para ver aquilo. Um truque, era isso que era até que eu tivesse a plena certeza da verdade.

Peguei o braço dela e atravessei até um beco vazio que eu tinha passado.
E olhei naqueles olhos de novo enquanto passava pela barreira mental.

Pov: Ana

Senti o poder de Rhysand entrando na minha mente e abaixei o muro mostrando para ele cada detalhe da minha história, de tudo que aconteceu naquela noite.

Sentia a escuridão envolvendo nós dois enquanto eu mostrava mais e mais.
Mostrei cada dia dos 200 anos, o quanto lutei pra sair daquela ilha, o quanto tinha sofrido, o quando eu tentei arrancar aquele colar, como tentei me matar pro colar sair e como fracassei em cada tentativa.

Deixei que ele visse minha tentativa de achar as rainhas para que elas tirassem o colar.
Como tentei nadar e fui arrastada de volta à costa pelo feitiço.
Mostrei como meu poder estava exaurido e que aquela jóia tinha me transformado em uma humana comum e revoltada.

Deixei ele ver como Las tinha me salvado em uma noite que eu já tinha desistido de tentar depois de mais de 100 anos e me abrigado.

E por último, mostrei pra ele como toda noite eu olhava pro céu e desejava que um dia eu conseguiria voltar pra minha corte, pro meu irmão.

Com o passar do tempo as lágrimas escorriam pelo meu rosto devido às lembranças que eu sempre tentava enterrar.
Quando eu terminei fechei os olhos pra tentar reprimir aquilo mais uma vez.

Senti a mão dele limpando as lágrimas e olhando fundo nos meus olhos.

- É você - sussurrou ele - é realmente você - falou com um soluço.
Senti os braços dele me envolver em um abraço apertado.

- Me desculpe, por ter fracassado com você naquela noite e em todas que seguiram. Me desculpa por não ter te salvado dessa ilha antes, por não ter sentido sua presença e vindo - ele falou baixinho segurando minha mão.
Levantei meu olhar e respirei fundo tentando acabar com aquele fluxo de lágrimas.

- Eu que peço desculpas, por não ter salvado a mamãe, por não ter salvo eu mesma, por não ter sido forte e superado isso sozinha - falei mais pra mim do que pra ele.

- Não tem motivos para pedir desculpas, nada disso é culpa sua - falou me abraçando - elas vão pagar, Ana. Todos que um dia te fizeram mal vão - falou com a voz mais calma e letal.
Assenti limpando o resto das lágrimas.

Pov: Rhysand

Era ela, depois de tantos anos acreditando que ela estava morta era realmente ela. Minha irmã. Eu não consegui conter o choro quando a abracei. Ela tinha passado por tanta coisa e eu não tinha salvado ela. Aquilo não ficaria assim. As rainhas iriam pagar, todas iriam pagar por aquela dor.

- Me conte o que aconteceu! - escutei ela falar - Me conte o que aconteceu nesses 200 anos Rhys.

- Aqui não, não podemos nos dar o luxo de alguém escutar - falei olhando pro beco que estava vazio até aquele momento.
Senti ela olhando pra ele também como se entendesse o que eu estava falando.

- Tire o colar - falou ela se virando - tire com o seu poder.
Segurei ele com as mãos vendo seu fecho, envolvi todo o meu poder e ele não abriu. Olhei aquele pedaço de metal revoltado.

- Será que ele não abre? - perguntou ela com a voz de desespero.

- Calma - falei virando ela novamente - tenho certeza que só existe uma pessoa que seria capaz de abrir sem disparar o alarme que o envolve.

- Quem? - ela falou com um pouco mais de calma, mas não 100%

Segurei a mão dela mais uma vez e a apertei

- Vamos pra casa, irmã - falei pra ela sorrindo.

Corte de Sangue e Sol (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora