Corte de Sangue e Sol (Finalizada)

Conversa

Pov: Ana

- Claro Az - falei pegando o braço que ele tinha estendido. Ele me levou até a varanda que dava visão para Velaris, que brilhava como nunca. Minha casa, suspirei absorvendo cada detalhe daquela vista magnífica, virei meu rosto para o mestre espião que parecia em conflito com o que falar. Cruzei meus braços e ergui as sobrancelha

- O que foi Azriel? O que aconteceu?

- Então vai ser a rainha da cidade escavada? - perguntou encarando meus olhos.

- Acho que sim, não sei se usaria esse título só que eu finalmente poderia ajudar em algo, mas eu não vou morar naquela escuridão. Velaris é a minha casa.
Me inclinei na varanda afim de ter uma visão melhor quando pingos de chuva começaram a cair. O silêncio ficou cada vez mais denso e me virei

- Ainda não me explicou o que foi.

- Temia que você fosse embora de Velaris.
Olhei para ele e ri de verdade

- Que besteira Az, essa é a minha casa, vocês são a minha família. Não tem coroa nenhuma que me faria abandonar minha família.
Falei calmante, e me virei rumo ao piso de cima quando uma das sombras me parou. Ri para ela e estendi a mão quando ela envolveu em meu braço.

- Queria te dar algo - falou Az indo para minha frente.
Vi ele tirar um anel do bolso e eu gelei na mesma hora.
Ele não olhou para mim quando disse

- Era da minha mãe, ela me deu antes de morrer, sem que meu pai visse. Disse para dar para a fêmea que eu achasse merecedora - ele deu um passo para frente e eu recuei um pouco.

- Az... Eu... É que - respirei fundo e olhei para o anel que ele estendia para mim.
Dei um sorriso tentando não perder a postura e chorar quando o segurei na minha mão. Ele era lindo demais, mas não me pertencia. Segurei o anel, estendi minha mão e segurei a dele. Abri a palma novamente e coloquei o anel no centro enquanto olhava para ele e fechava sua mão cheia de cicatrizes no delicado anel.
Não soltei suas mãos quando finalmente consegui olhar para o seu rosto, que não transparecia nenhuma emoção. Mas os olhos o traíam e mostravam a decepção e a tristeza.

- Azriel, eu não posso aceitar. Eu adoraria aceitar, mas eu não posso, você merece alguém melhor que eu - falei baixinho para ele - você merece sua parceira, e você sabe que eu não sou ela não é? Só o caldeirão sabe o quanto pedi para que você fosse.

- O laço pode não ter se encaixado.
Meu lábio inferior tremeu levemente e apertei sua mão.

- Nos conhecemos a mais de 300 anos Az, se o laço existisse, nós saberíamos. - não consegui desviar os olhos dele - como eu posso colocar você e a mim mesma em uma situação assim? Eu não posso te magoar desse jeito. Eu amo você - falei pensando cada palavra - mas eu não posso ser mais que uma irmã para você. Se algum dia achar uma parceira, terá que ser ela, não eu, nós dois sabemos disso.

- Eu também amo você, e eu queria que fosse você. Rezei para o caldeirão quando a vi novamente depois de todos aqueles anos que fosse você... Eu não entendo - sussurrou.

Soltei a mão de Azriel e dei um abraço apertado no mestre espião que retribuiu. Me afastei depois de um minuto e segurei as mãos dele novamente enquanto me inclinava e falava

- Vai achar uma fêmea merecedora não só do seu anel, vai achar uma digna do macho que é. Eu sei que achará uma parceira incrível e vou desejar toda a felicidade do universo para vocês. - falei - Vou estar do seu lado, não só como Irmã de Rhys ou como um membro diplomático, vou estar do seu lado como sua amiga e irmã.
Ele me olhou por vários segundos como se procurasse algo e finalmente achou

- Vai achar um macho digno de você, Ana - falou baixinho - e eu vou estar do seu lado, não só como amigo de Rhys ou como o espião da corte noturna, vou estar do seu lado como seu amigo e irmão.

Sorri para ele fracamente e fui para o meu quarto, fechei a porta delicadamente e usei meus poderes para isolar o quarto, a chuva que caía lá fora não era nada comparada à tempestade de saía de dentro de mim.
E jurei para mim mesma que aquela seria a última coisa que o caldeirão controlaria na minha existência.