Reunião dos Grã senhores Pt2

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Sentamos na mesa a nossa frente, Rafa se sentou do meu lado direito enquanto Helion ocupava o lado esquerdo. Ficamos todos dispostos de um lado só da mesa.

Endireitei a postura assim que a porta se abriu e o primeiro filho de Beron entrou, e um a um eles foram entrando, por último próprio Grã senhor da Outonal e sua mulher. Vi o olhar predatório de Rafa assim que Eris entrou, e vi o sorriso felino se espalhar por seu rosto quando ele se encolheu.
Mas meu interesse foi na senhora da outonal, sua cabeça curvada e seguindo o marido. Era muito bonita, a pele branca fazia contraste com os cabelos vermelhos e os olhos claros.
Desviei o olhar assim que senti uma pressão leve em minhas mãos. Encarei meu parceiro com cara de dúvida.

- Não precisa ficar com ciúmes, sabe disso, não é? - perguntou em minha mente.

- Eu? Ciúmes? Está ficando louco.

Ele sorriu de lado para mim enquanto eu bufava baixo, grã feerico convencido. Logo após a chegada de Beron, Tarquin entrou com sua delegação. Vi Feyre e Cass ficarem rígidos. Ah tinha a questão do prédio e dos rubis de sangue, reprimi um sorriso com aquilo.
Escutei meu irmão confirmando que tinha tornado Feyre sua grã senhora, um sorriso de orgulho surgiu em meu rosto com aquilo. Olhei o rosto de surpresa de todos e não consegui conter a risada quando escutei Vivi perguntar para o parceiro.

- Por que eu não posso ser também? Primeiro Rhysand, depois Helion. Você deveria ser o próximo a ter uma Grã Senhora ao seu lado.

Todos os olhares se voltaram para mim, e minha risada morreu tão rápido quanto começou.

- Você eu não conheço - falou Tarquin, observando a mão que Helion mantinha firme na minha - Deve ser a parceira de Helion.

Acenei para ele em confirmação. Helion olhou para todos ao falar

- Gostaria de apresentar para vocês minha....

Era quase igual... sua entrada. Quase a mesma da noite em que invadiu a tenda da nossa família.
Ele não se incomodou com a varanda de desembarque, ou os acompanhantes. Ele não tinha  acompanhantes. Ótimo, nem sua própria corte o suportava
Como um raio de relâmpago, vicioso como uma tempestade de primavera, ele atravessou na própria câmara. E meu sangue ferveu quando Tamlin apareceu e sorriu para todos. Seus olhos focaram em minha cunhada que pareceu especialmente cruel. Senti o poder de Helion pairar perto de mim reforçando o meu escudo. Precisei de cada grão de auto controle para não avançar sobre ele. Ele parecia inclinado a ficar encarando Feyre enquanto se sentava, fiquei em silêncio, esperando a oportunidade de me fazer presente, a cada palavra proferida eu sentia o poder do meu irmão sendo liberado. No limite, Rhys estava no limite.
Meu coração começou a bater forte, meu ouvido começou a zunir, era da minha família de quem ele falava com tanto desprezo. Era a minha família que ele queria dar para Hybern de bandeja. E quando eu escutei sua última frase eu perdi a paciência.

- Talvez eu tenha subestimado você. Por que servir na minha corte, quando você poderia governar em sua?

Meu poder ecoou pelo castelo crepuscular fazendo o lago de peixes tremer e todos olharem receosos para mim.

- Fique calado - Rosnei para ele. Seus olhos verdes se fixaram em mim, e pela primeira vez desde que tinha chegado ele olhou e entendeu quem eu era. Quase sorri com a faísca de medo que instaurou lá. Todos pareciam ter parado de respirar naquele momento, olhei para Tarquin e Beron que observavam com horror meus olhos violetas brilhando de ódio e a aura de  poder tão inferior mas tão semelhante a de Rhys que irradiava de mim - Se lembraram de mim?

- Você, você morreu - escutei Beron falar.

- Mesmo Blá Blá Blá, mesma ladainha toda vez. Não, eu não morri. Entretanto, - olhei para Tamlin - fui aprisionada por mais de 200 anos em uma ilha sem nem um pingo de poder. E esse desgraçado sabia. Não é mesmo?

Tamlin estava mortificado em sua cadeira, parecia que ele acabara de ter um dos piores pesadelos da sua vida

- Não sabia, Tamlin? O amigo de Rhys, não era isso que você era?  - berrei para ele - Você prendeu o colar no meu pescoço. Eu deveria matar você - falei me levantando da cadeira, meu poder batendo em cada barreira na sala  - Seu traidor de merda.

Senti a mão do meu parceiro apertar a minha, um aviso do banho de sangue que aquilo poderia acabar.
Respirei fundo antes de sentar na cadeira e me encostar.

- Sugiro que tome muito cuidado com o que vai falar de agora em diante - falei cheirando o copo disposto à minha frente, vinho ao que parecia. Bebi de uma só vez enquanto Tarquin falava com Tamlin

- Por que você está aqui, Tamlin?

Um músculo tremeluziu na mandíbula de Tamlin.
-Estou aqui para ajudá-lo a lutar contra Hybern.

Olhei para ele entediada
- Com que exército?

-Por que você acha que eu os convidei para a casa? Em minhas terras? - Ele soltou um grunhido baixo, e senti Rhys ficar tenso quando Tamlin me disse - Uma vez eu disse que lutaria contra a tirania, contra esse tipo de mal. Você achou que era suficiente para me desviar disso? - perguntou olhando para o meu irmão.

- É um covarde por conveniência então. Trabalha com o diabo se for preciso mas se o lado que você estiver começar a ser ameaçado você foge - estalei - que bonitinho.

- Princesas são chamadas por educação - falou - Não para palpitar em assuntos no qual não foram convidadas a debater.

- Não sou uma princesa - rosnei para ele.

- Ah, seu irmão tirou esse título de você também?
Escutei o grunhido de Rafa e Helion ao meu lado e vi o Grã senhor da Primaveril olhar para ele mas se interessou mais pela minha amiga.

- Ah mas que companhia agradável você tem, uma Valquíria. Deve ser a última - falou com escárnio.

- Cuidado com a forma que fala da minha General - Senti minha amiga pegar a espada quando meu parceiro o interrompeu.

-Você está começando a ficar tedioso, Tamlin - disse Helion soltando minha mão discretamente ao apoiar a cabeça - Brigue com seus amantes em outro lugar e deixe o resto de nós discutir a guerra.

-Você ficaria muito feliz com a guerra, considerando o quão bem se deu na última.

- Ninguém diz que a guerra não pode ser lucrativa - respondeu Helion. - Além disso, graças a essa guerra ganhei mais do que qualquer fortuna poderia me oferecer.

Todos olharam para Helion e eu bufei baixinho com a breguice daquela frase
- Que seria? - Perguntou Tamlin confuso.

- Minha parceira, minha bela, inteligente e poderosa parceira.

- Encontrou sua parceira? Mas não a trouxe? - a voz debochada dele me irritava a cada segundo -  Tem medo dos seus aliados?

- Mas minha senhora veio - falou ele - E não considero você um aliado.

- Para de palhaçada - falou sondando a sala.
Helion olhou para ele achando graça ao inclinar a cabeça graciosamente para mim e segurar meu rosto com delicadeza.

- Gostaria de apresentar para você a Grã senhora da corte Diurna, a rainha da corte dos pesadelos e minha parceira, Ana.

Eu conseguia escutar o barulho do espelho d água, o silêncio foi perturbador. Todos pareciam que tinham sido atingidos.

- Ela? - perguntou Tamlin - Você fez dela sua Grã Senhora? Parece que você e Rhysand têm mais coisas em comum do que eu esperava - levantei a sobrancelha e ele concluiu - Os dois colocaram vadias em lugares de destaque.

Vi Rafa e Cass se levantarem no mesmo segundo, lâminas em mãos, prontos para atacar. Pousei a mão suavemente no ombro da minha amiga.

- Não é nosso problema - falei sorrindo para ela e me virei para ele - E como você queria não é? Ter a chance de ter uma dessas vadias ao seu lado.

Rhys parecia ponderar se deixaria Cassian atacar antes de falar com o General. E mais uma vez todos nos sentamos.

Corte de Sangue e Sol (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora