Capítulo 3: Melanie.

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Depois de voltar do almoço, finalizo minha tarefa e vou entregar a meu chefe. Bato na porta e aguardo sr. Monroe me pedir para entrar.

Quando entro, sou surpreendida por seu perfume. O local está inteiramente com o cheiro de Colin.

Sempre fico surpresa com o tamanho de seu escritório. Diferente do meu, é gigante. Tem alguns quadros pendurados, uns livros em algumas prateleiras e é super bem organizado. Sua decoração é rústica, com objetos em preto e branco, e alguns em cinza.

Já o meu é apertado e completamente bagunçado, com livros e post-its com lembretes por todo lugar. Tenho quadros com desenhos que meus sobrinhos fizeram para mim e fotos de minha família. Minha decoração consiste em qualquer coisa que seja colorida, desde a cadeira rosa-bebê até o vaso de plantas azul marinho.

Acho que nossos locais de trabalho resumem nossas personalidades.

- O que o senhor pediu. - coloco a pasta em cima de sua mesa branca.

- Obrigado. Agora, sente-se, srta. González, precisamos conversar. - ele diz com a cara fechada, sem deixar escapar qualquer expressão ou resquício do assunto que ele quer tratar comigo.

Automaticamente meu corpo se retrai.
Conversar? Não me lembro de nada que eu tenha feito para ele me demitir. Então é isso, ele vai me demitir? Será que eu vou ter que realmente morar com o mendigo da esquina? Minha vida financeira já não está tão boa, se ele me expulsar agora só irá piorar e...

- Melanie, por favor, é só uma conversa. - ele fala me olhando intensamente, como se pudesse ler o turbilhão de pensamentos que estão passando em minha mente.

Ele me chamou pelo meu nome? Não consigo imaginar qual seria o tópico da conversa.

Sento na cadeira de frente para ele e espero seu discurso.

- Preciso de um favor seu. - ele diz sem rodeios. Bom, aparentemente não é relacionado ao nosso trabalho.

- O que você deseja? - eu digo.

Ele mostra um sorrisinho sombrio, tentando suavizar sua expressão, o que me assusta.

- Vai parecer um pouco... fora do comum, mas preciso que finja estar saindo comigo, como se fôssemos... namorados. - ele diz e eu pisco. E pisco de novo. Do que esse cara tá falando?

Antes de eu ter a chance de perguntar, ele me interrompe.

- Será como um acordo, por alguns meses. Fingir que temos um relacionamento para minha família e amigos próximos. Em troca disso... eu lhe ofereço o que você quiser.

Eu não sabia como reagir. Já havia lido histórias de romance assim, claro, mas não na vida real.

Então eu ri. Ri bastante. Ri até minhas bochechas doerem e o ar sumir de meus pulmões. Gargalhei até perceber que ele não estava rindo comigo. Colin estava totalmente sério, com uma expressão de que adoraria me enforcar agora.

- Espera, você tá falando sério?! - digo preocupada de ele realmente querer fazer isso.

- Nunca falei tão sério na minha vida. Como eu disse, serão apenas alguns meses, depois você pode voltar a não gostar de mim. - como ele sabe que eu não gosto dele?!

- E o que eu ganho em troca? - pergunto, se vou entrar nessa história maluca, não quero sair em desvantagem.

- O que você quer?

- O que você tem a me oferecer?

Ele me analisa, depois abre um pequeno sorriso.

- Dinheiro, fama, uma boa noite de sexo...

- Não tenho interesse essas coisas. - digo, interrompendo ele.

Ele faz uma cara de ofendido, mas logo continua.

- Sei que os salários daqui não são os melhores, também sei que um pouco mais de dinheiro faria bem a você. Talvez uma viagem de férias...

Quando ele menciona isso, faz eu me lembrar de minha família no México. Faz quase 2 anos que não os vejo, e eu sinto tanta saudade, principalmente de minha mãe.

Tinha marcado uma viagem para visitá-los, mas a reforma do apartamento me custou muito.

E fora que, se eu aparecesse com um namorado (mesmo que seja falso), eles iriam parar de me chamar de encalhada.

Acabaria com dois problemas de uma vez só.

- Uma viagem para o México... - digo ainda pensativa, analisando a situação. - Mas você terá que vir comigo e fingir que é meu namorado para minha família também. - falo finalmente, terminando minhas exigências.

Ele me fita por alguns segundos, e começa a assentir logo em seguida.

- Tudo bem. Esse é seu único pedido? - eu assenti - Ok. Quando será nossa viagem?

- Daqui a algumas semanas. Quando iremos encontrar sua família? - Eu pergunto.

- Domingo. - Ele diz num tom casual, como se isso não fosse daqui a 3 dias.

Terei que me preparar mentalmente para atuar como namorada desse idiota, e fazer de tudo para nossa mentira ser convincente.

- Tudo bem. - digo secamente.

Sei que para conhecer a família do namorado falso ficarei tão ansiosa quanto ficaria por um namorado real. E se eles não gostarem de mim? Aposto que se isso acontecer, Colin nem vai querer cumprir sua parte do acordo, porque ele é um chato e...

- Então, temos um acordo, Melanie? - Ele me interrompe e estende sua mão, com um sorrisinho de lado no rosto.

- Sim, Colin, temos um acordo. - digo um pouco relutante, mas estendo minha mão e aperto a dele. Sua mão é tão grande que praticamente cobre toda a minha.

Me viro e saio de sua sala. Conforme começo a arrumar minhas coisas para sair do prédio, penso em como sou estupidamente impulsiva e inconsequente.

Acabei de fechar um acordo de um namoro falso com meu chefe, e não sei como lidar com isso.



n.a: o que estão achando?
Por favor, peço que curta os capítulos que você gosta, vai me ajudar muito. bjs ;)

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