Talvez a morte tenha mais segredos para nos revelar que a vida.
Gustave Flaubert
A história conta a vida de Viollet Roux, uma garota sozinha com problemas como outros adolescentes da sua idade, o que não esperava que um acidente, uma morte, poderia...
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Estou dentro do carro que o Tony pediu quando estávamos ainda na rua, o silêncio eram tão absoluto que consigo ouvir até a música do carro ao lado parado no semáforo.
Desde o momento que o meu pai me "salvou" da minha tentativa de suicídio não falamos nada um com o outro. Nem do lugar que eu fiquei presa ou do que tinha acontecido em sua presencia.
"Tu devras te débarrasser de lui ma chérie" -Amanda diz em minha mente.
"gbalịrịịchụpụanyị" - Bill fala em uma língua que eu nunca tinha ouvido falar, mas eu entendi. "Ela tentou livrar de nós" foi o que ele disse.
"Porque não falamos nosso inglês normal? Que eu saiba não estamos em uma escola de línguas" - Lizz reclama.
Eu vou ter que me acostumar com suas vozes, me acostumar com elas arranhando cada neurônio que tem aqui, com a dor de cabeça tão insuportável que me faz querer gritar tão alto.
Talvez se ninguém ficar no meu pé novamente eu tento outra vez, acho que nada agora pode me salvar.
Puxo o celular da garota que ainda se mantinha em meu bolso, fico segurando ele atrás de algum conforto por causa dela. Ele deu uma leve rachada no canto esquerdo na parte debaixo, deve ter sido o impacto que teve entre meu corpo e o do meu pai. Antes de devolver vou ter que concertar.
Por causa da bebida minha cabeça está se movimentando como uma montanha russa, acabo abraçando a tontura e o enjôo devido a ela. Meu pai me entregou uma garrafinha de água assim que entramos no carro. A cada gole que eu dava fazia com que limpasse minha garganta, a água não era tão prazerosa quanto o álcool. Sei as consequências se eu acabar caindo nesse mundo do alcoolismo, mas foi a única forma deles pararem de falar.
- Chegamos - É tudo que Happy diz desde o momento que ele ligou o carro.
- Vamos? - Tony diz - Eles estão preocupados com você.
- Vamos - É tudo que eu consigo dizer.
Caminhamos em direção à entrada para podermos subir, onde todos que estão preocupados comigo estão. Talvez eu esteja animada pra ver eles novamente, saber que não desistiram de mim ou que me tratarão como uma aberração. Uma pessoa que eu amava me abandonou, não posso ser deixada por quem eu amo novamente.
Happy nos deixou seguir ao elevador sozinhos, alegou que esse era um momento de família e se retirou. Ainda tinha o silêncio pregado no espaço que estávamos, nenhuma sequer palavra. A demora de chegar no andar esperado era grande por conta da altura da casa.
Plim.
Quando a porta do elevador subiu eu consegui ver apenas duas cabeças, um monte loiro e outro monte moreno. Peter e Pepper. A mãe e o irmão que eu nunca tive.
