Prólogo

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Notas: Se você leu toda a explicação do capítulo anterior e ainda assim está aqui, eu te venero. Eu imagino que tenha sido muito chato, então sou extremamente grata por você me dar essa chance. Se quiser comentar sobre a fic no Twitter, use a tag #littlethingstk, minha conta é @hoba93s então pode falar comigo por lá! Boa leitura 💜

JUNGKOOK
[NÃO-BOM]

Busan, maio de 2021

Num mundo dividido entre bons e não-bons, não foi surpresa alguma Jungkook ser diagnosticado como o segundo. Não poderia ser diferente, sendo filho de dois não-bons, vivendo num subúrbio esquecido e desvalorizado de Busan, onde todo seu círculo social também era composto de não-bons.

Pelo menos ele podia se tatuar, algo que um bom não conseguiria nem com o médico mais corrupto de Seoul. Quer dizer... não tinha muita certeza disso. Lembrava que há seis anos atrás, quando foi diagnosticado e fez sua primeira tatuagem, lhe disseram que só não-bons e neutros poderiam se tatuar. Mas talvez isso tenha mudado. Ele também sabia que muita desinformação era espalhada, e, sinceramente, não se preocupava em checar a veracidade porque não o afetava, de qualquer jeito. Era um não-bom e podia se tatuar quando quisesse, só isso o importava.

Jungkook, no auge dos seus 23 anos, trabalhava como fotógrafo pericial. Começou com um estágio numa delegacia de Busan, que conseguiu através de um amigo de seu tio por parte de mãe, Taecyeon, e foi efetivado um ano depois.

Quando era criança, Jungkook queria ser professor. Não entendia muito bem como funcionava a Condição de Não-Bondade e não sabia que realmente poderia ser impedido de fazer algo por causa dela. Acontece que não-bons não podem ser professores.

Professores tinham que ser bons! Professores são a nossa base, são fundamentais para moldar nossas personalidades, opiniões e senso crítico. Então essa responsabilidade, principalmente em cima de crianças na faixa dos 7 aos 12 anos, tinha que ser de um bom. Não é confiável deixar que seu filho seja tão influenciado por um não-bom ou um neutro.

Mas até neutros poderiam ser professores, se quisessem, desde que fosse de turmas de ensino médio para cima. Não-bons não podiam exercer nenhum tipo de docência. Também não podiam ser médicos.

Foda-se. Ele amava fotografar também, de qualquer jeito. Ser professor era só um sonho infantil.

Enquanto caminhava para casa, depois de um longo expediente na delegacia, Jungkook se permitiu pensar: e se eu pudesse mais? Se eu pudesse sair de Busan, ir para Seoul e me profissionalizar? Seu melhor amigo, Min Yoongi, acreditava em seu potencial e conversava muito sobre isso com ele.

Yoongi e seu tio Taecyeon eram as únicas pessoas que realmente o apoiavam e gostavam dele.

Seus pais não poderiam se importar menos, envoltos em discussões diárias e comportamentos tóxicos que costumavam respingar em Jungkook, mas foi diminuindo quando ele começou a trabalhar e passar mais tempo fora de casa. Eles lembravam que tinham um filho? Só quando precisavam de dinheiro.

Ao chegar em casa, ouviu o barulho característico da discussão acalorada entre eles. Todo dia isso. Eles pareciam ser movidos por raiva. Pareciam que, sem raiva, não conseguiam viver. Um belo de um estereótipo de não-bons.

Quando passava pela porta de casa, ele se sentia um robô, fazendo tudo no automático. Entrar, ignorar a briga, subir para seu quarto. Era uma rotina. Os gritos já não o afetavam mais, o barulho de coisas sendo arremessadas era o comum, e estranho seria não terminar com um bater de portas dramático de um deles saindo de casa seguido de xingamentos altos de quem ficou.

Já estava acostumado, mas também estava cansado. Sinceramente, achava que merecia mais que uma vida medíocre como essa. Não queria que esse fosse seu futuro também.

Ganhava mais ou menos bem na delegacia, mas gastava seu dinheiro com comida, saídas e tatuagens. E também com seus pais. Mal sobrava algo no fim do mês. Mas ele podia se policiar, não podia? E ir morar sozinho?

Tinha se acomodado em não ter certas responsabilidades, como não pagar aluguel ou contas. Mas já tinha 23 anos, em breve faria 24, e não podia mais viver como estava. A mensagem que Yoongi-hyung lhe mandou dias atrás brilhou em sua mente.

JK, me preocupo com você. Deveria pedir suas férias que estão acumuladas na delegacia e vir para Seoul. Sabe que eu e Hoseok ficaremos felizes em te receber aqui. Quem sabe não encontre algo que finalmente te empurre para fora dessa casa infeliz?

Vou pensar, foi o que respondeu. E estava pensando agora, não estava?

Não tinha nada contra a ideia, quando pensava bem sobre isso. Estaria viajando de férias, conheceria uma cidade nova, poderia encontrar uma paixão, seja numa mulher ou num hobby. Uma paixão que talvez fosse suficiente para lhe fazer ir embora de Busan definitivamente.

Realmente, o que ele tinha a perder?

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