19: colo de mãe

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Taehyung sabia que não estava tudo bem assim que passaram pela porta do apartamento. Jungkook sempre foi muito observador, muito inteligente, não seria diferente agora.

Não teria como ser diferente, não. Ele namorava a porra do homem mais incrível e fascinante do mundo. Por que achou que conseguiria esconder algo dele?

Depois de encontrar Kim Namjoon no Rio Ham e responder um “ele mesmo” nervoso após o psicólogo perguntar “este é o Jungkook?”, Taehyung não conseguiu falar mais de cinco frases durante todo o caminho de volta para casa.

Foi uma cena tão constrangedora e desconfortável apresentar os dois.

Ao se despedirem, um silêncio incômodo montava uma parede entre os dois, parede esta que Taehyung miseravelmente tentava quebrar perguntando: você está com frio? quer passar no mercadinho e comprar um bolo? olha que linda essa flor! Mas não funcionava. Jungkook já havia ativado sua personalidade monossilábica e estava tão concentrado nos próprios pensamentos que Taehyung quase conseguia ouvir seus neurônios fritando.

E quanto mais próximo chegavam de casa, mais fria a mão de Taehyung suava. Ele vai perguntar. Vai perguntar e não vou mentir.

Olhou para Jungkook sentado no sofá, tão alheio dentro de si mesmo que parecia nem lembrar que Taehyung também estava ali.

— Vou fazer um chocolate quente, quer também? — Taehyung perguntou.

— O seu psicólogo... Você parou de fazer terapia com ele há uns anos, não foi? — Jungkook ainda olhava para o nada com a testa franzida — Como ele sabia quem eu sou?

— Falei de você para ele — falou quase como um sussurro e Jungkook focou a atenção toda em seu rosto.

— Vocês mantém contato? São amigos? Eu não sabia.

— Não. Na verdade, já havia um bom tempo que não nos falávamos.

— Me ajude a entender, então. Por que falou ao seu antigo psicólogo sobre mim? Por que ele te olhou daquele jeito e me olhou daquele jeito?

Taehyung sentou ao seu lado, sem ao menos saber por onde começar. Agora que estava prestes a falar pareceu tão sem noção. Tão errado e invasivo.

— Houve um tempo que eu, sei lá, achei que você era muito diferente de todos os não-bons que eu já conheci... e também de todos os estereótipos que ouvimos falar desde sempre — Jungkook fechou os olhos já imaginando onde aquilo ia dar — Achei primeiro que você era uma exceção da regra, mas depois não, amor, não! Você era simplesmente incrível demais e nada sobre você condizia com o comportamento de um não-bom. Eu fiz pesquisas, eu lembrei da minha própria fase antes de ser diagnosticado e quis falar com um profissional antes de falar com você sobre isso, então entrei em contato com Namjoon-ssi. Eu só queria confirmar que havia uma chance de estar certo antes de te dar falsas esperenças-

— Para, para, para Taehyung. Falsas esperanças? De que, porra?

— De que seu diagnóstico estivesse errado!! De que você é um bom.

O silêncio que emanou de Jungkook parecia uma faca que acabou de ser afiada e Taehyung sentiu sua pele formigar. O que era aquele incômodo que estava sentindo?

— Você nunca foi tão preconceituoso e elitista como está sendo agora, meu Deus. Por que caralhos a possibilidade do meu diagnóstico estar errado me daria falsas esperanças? — Jungkook parecia tão magoado e decepcionado, mas acima de tudo parecia puto — Ah, claro, porque todo mundo quer ser um bom, eu deveria beijar seus pés e me arrastar por você por me dar a oportunidade de talvez ser um bom. Não posso acreditar no quanto vocês são egocêntricos!! Taehyung, nem todo mundo sonha em ser um bom ou é frustrado por não ser um, sabia?

todos os seus detalhes [taekook · vkook]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora