Capítulo 36

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Hannah

Caminhar parece mais fácil a medida que eu não vou mais tropeçando, ainda sinto algumas dores e formigações. Olho envolta e percebo que nunca senti tanto falta de algum lugar como senti falta dessa casa.

Abraham fecha a porta e coloca minha bolsa no chão, coloco as mãos dentro do casaco e sorrio quando vejo Fiona vindo na minha direção já com os braços abertos e com uma cara de choro.

-Meu Deus, Hannah.- ela me abraça e sorrio.- Ainda bem que você ficou melhor.

-É, todos vocês tem sorte de eu ter ficado melhor.- falo segurando o choro.

-Você quer alguma coisa?- ela acaricia meus braços.- Já almoçou? Talvez queira um chocolate quente...

-Não, eu estou bem.- mexo as mãos.- Acho que eu quero descansar um pouco antes do jantar.

-Claro.- ela acaricia meus cabelos de forma maternal.- Eu posso ajudar você a ir até seu quarto.

-Não.- Abraham fica ao meu lado.- Ela vai ficar lá no meu quarto, deixa que eu ajudo.

-Vou ficar no seu quarto?- fico surpresa.

-Claro.- ele oferece a mão.- Vamos.

Seguro a mão dele e Abraham começa a subir as escadas comigo, é admito que é um pouco mais difícil do que eu lembrava. As coisas que costumava fazer, parecem um pouco mais difícil do que eu lembrava de fazer antes.

Era uma sensação mais de não ter praticado muito do que ter esquecido. Ou como o terapeuta falou, algumas lembranças motoras ficavam um pouco mais guardadas do que o normal.

Em parte era por que eu fiquei um mês de cama, mas não era nada que eu não conseguisse fazer. Depois de um tempo na escada, eu andava o resto parecendo a pessoa mais normal do mundo.

Chegamos na parte de cima e Abraham aperta minha mão para que eu entre no quarto, sorrio quando passo por ele e vou até a cama. Assim que sento, solto um suspiro cansado e deito a parte superior do meu corpo.

-Nem acredito.- falo baixo.

-No que?- ele coloca minha mala no canto e começa a tirar o blazer.

-Que eu estou aqui.- explico.

-É bom você estar.- ele senta e logo fica como eu.- Por que eu quase morri junto com você.

-Que dramático.- rio.

-É sério, Hannah.- ele olha para mim e nos encaramos.- Eu fiquei com medo pra caralho.

-Eu tô aqui agora.- minha mão acaricia o peito dele por cima da camisa.- Estou bem.

-Não, você está traumatizada...

-Abraham.- sorrio.- Eu não estou.- balanço a cabeça.- Eu sei controlar meus medos e meus traumas, aprendi isso desde pequena.- explico.- Eu sei controlar.

-Como eu vou viver sabendo que qualquer um pode pegar você e...

-Quem? A sua ex morta e Robert Colson na prisão?- levanto as sobrancelhas.- Acho que você tem segurança contra isso, não?

Mr.BlakeOnde histórias criam vida. Descubra agora