Capítulo 5

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Hannah

Saio do carro em que me trouxeram e vejo que Abraham não parece muito feliz com o que está fazendo. Ouvi e vi tudo que pude para me ajudar a sobreviver aqui dentro.

Abraham manda em tudo aqui. Seth é um tipo de segundo no comando. E eu aposto que a casa na qual estou entrando agora não é o apartamento que ele me prometeu.

Cruzo os braços e respiro fundo, a porta abre com uma senha e não consigo ver direito. Abraham dá espaço e entro calmamente.

Estou parada na frente da porta e já vejo a escada branca e chique, tem um corredor com um tapete bonito e quando olho para minha esquerda, vejo a sala de estar bem iluminada e com móveis brancos e dourados.

Olho para a direita e vejo a cozinha bem equipada, tem uma mulher ajeitando alguma coisa no armário e Abraham chama ela, Fiona.

-Arrumou o quarto?- pergunta educado.

-Sim, sim.- ela limpa as mãos em um pano.

-Espero que seja a suíte.- falo com calma.

-É um quarto muito bom, querida.- Fiona sorri para mim.- Coloquei os lençóis novos, são bem macios.

Olho para Abraham e ele mexe a cabeça para que eu acompanhe, reviro os olhos e sigo a mulher até o corredor de baixo. Tem apenas duas portas, ela abre a primeira e fico encantada com o quarto.

Tem uma cama de dossel com os lençóis brancos e um monte de travesseiros, na frente da cama tem duas poltronas viradas para uma lareira e em cima dela uma TV.

Na parede oposta a porta tem várias janelas com cortinas brancas, ando até a cama e passo meus dedos pelo lençol macio. Viro o rosto e vejo Fiona me observando.

-Gostou do quarto?- pergunta.

-Nunca tive um quarto assim.- murmuro.

-Se você se importa...como isso foi acontecer?- ela pergunta apontando para a cama e para mim.

-Eu nasci e vinte e um anos depois continue fazendo merda.- falo e ela ri.

-Bem radiante.- ela pisca.- O banheiro é desse lado.- ela aponta para a outra porta na frente da minha.- Se tiver fome, é só ir lá na cozinha. O jantar é às sete.

-Ok.- assinto.- Obrigada.- lembro de dizer.

Fiona mexe a cabeça e fecha a porta, sento na cama com cuidado e percebo que nunca tive um quarto assim. O meu melhor quarto foi no apartamento com as meninas.

Quando eu era menor, a minha casa só tinha um quarto e eu tinha que dormir no sofá. Então era o melhor quarto que eu já tinha tido.

Tiro as botas com os pés e sinto o tapete macio em meus dedos. Sorrio lentamente e olho para a janela vendo a rua residencial cheia de árvores na calçada bem arrumada.

Alguém limpa a garganta e viro a cabeça vendo Abraham entrar e fechar a porta atrás de si. Seus olhos estão sérios e sei que vai vir alguma ameaça.

-Vamos estabelecer algumas regras.- ele mexe as mãos.

-Claro, tenho várias.- me levanto e ele parece ficar mais sério.

-Primeiro, você não vai sair até eu arrumar uma história para você contar para a polícia, se eles levarem você podem descobrir o plano todo.- ele murmura.

-Ok, isso parece bom.- começo a andar pelo quarto.- Segundo?

-Segundo. Você não pode ir pro segundo andar.- ele aponta para cima.- É estritamente proibido.

Ok, vou para o segundo andar quando ele sair.

-Justo, é a sua casa.- passo pela frente da lareira e ele me observa.

-Terceiro, você não pode convidar amigos ou pessoas para cá.- ele vira o rosto enquanto passo pela lareira e começo a me aproximar dele.

-Acha mesmo que eu tenho amigos?- franzo as sobrancelhas.

-Então não pode trazer caras.- ele explica e eu sorrio.- Ou mulheres.

-Tá.- fico na frente dele.

-Quarto, quando você ganhar a confiança do detetive, aí você vai começar a me acompanhar para todos os cantos.- explica.- Você é minha assistente, então tem que me seguir para todo lugar.

-Não consegue ficar sem meu rostinho lindo?- levanto uma sobrancelha.

Abraham fica vermelho de raiva e eu sorrio o desafiando a responder, fico surpresa quando a mão dele agarra meus cabelos e me faz erguer o rosto para encará-lo.

-Você vai levar isso a sério.- a ponta do seu nariz toca o meu.- Pode estar achando que é brincadeira, mas é importante. Eu não vou deixar você estragar...

-Eu não vou estragar.- falo baixo.- Parece importante para você, então eu vou fazer o que disser para eu fazer.

-Que bosta é essa que você está falando?- ele fica confuso.- Resolveu ser obediente agora?

-Não.- sorrio.- Eu sei que você vai ficar agradecido por minha ajuda e vai querer me recompensar.

-Vamos ver o quanto você é boa.- ele solta meus cabelos e ainda sinto seus dedos apertando os fios.

-Sou boa em muitas coisas.- cruzo os braços.- Deveria ser mais direto.

-Eu fico fora boa parte do dia.- ele respira fundo se controlando.- Então vai ficar sozinha com a Fiona e quando ela for embora, Seth vai ficar com você.

-Sim, senhor.- falo em uma voz sensual.

Abraham engole em seco e sai do meu quarto, sorrio ainda mais quando ele bate minha porta e ouço seus passos pesados, me jogo na cama e abro os braços.

Posso estar me envolvendo com merda? Posso estar mais perto de morrer ou ser assassinada ou ser presa? Sim, para as duas, sim.

Mas eu queria aproveitar um pouco do "privilégio" que tinha acabado de conseguir com Abraham. Uma casa sem pagar nada, uma cama boa, comida na mesa sempre que eu quiser.

Podia estar sendo ameaçada por ele, podia estar sendo usada tanto por ele e pela polícia. Mas eu era uma aproveitadora, e eu iria aproveitar a chance que estava tendo aqui.

Quando fosse minha hora, eu iria embora, tinha planos e planos para ir de modo que ninguém me notasse. Mas eu tinha abrigo, casa e comida, por um tempo podia aproveitar isso, não?

Mr.BlakeOnde histórias criam vida. Descubra agora