Carol é uma brasileira que foi abandonada por sua mãe na infância. Aos 19 anos, deixa a família, a faculdade de engenharia, mas mantém o seu namoro à distância com Edu, para se aventurar no exterior, estudando cinema.
A bolsista, tímida, ao chegar n...
Se eu soubesse que ficaríamos horas debatendo sobre como seria difícil a carreira artística no Brasil, não teria aberto a minha boca. Porém não fui uma lerda por completo. Quando senti que o clima esquentava, me mantive calada, concentrada, guardando para mim algo que faria o povo lá de casa surtar. Havia me candidatado a 2 universidades e 1 conservatório. E o dinheiro para a candidatura? Sim, eu mesma arrumei...
Sempre fui uma menina antissocial, gostava de ficar no meu quarto desenhando, jogando no computador ou no máximo na casa de Ana, minha amiga de infância. Dessa forma eu me interessei por várias aulas online, as quais fazia por hobby. Um dia eu postei a caricatura que fiz de Ben na minha rede social, logo uma menina se interessou, pediu que eu fizesse a do seu namorado para dá-lo de presente de aniversário. Óbvio que eu neguei, pois não me achava boa nisso, apenas gostava da coisa, entretanto, na sua insistência, ela falou a frase chave, "Eu te pago". Juro que eu ouvi o som das antigas caixas registradoras. Ela ficou muito satisfeita assim como todos convidados da festa. O menino mesmo achou seu nariz meio grande. Mas o que eu iria fazer já que ele parecia um pelicano? De qualquer forma, eu ganhei muitos clientes em uma só noite.
— 😱😱😱 — Enviei uma mensagem no celular para Ana.
— O que foi, amiga? — respondeu de imediato.
— Eu falei sobre o curso... Meu pai gritou horrores...
— Mas você conseguiu 90% da bolsa. Já é um adianto.
— Ana, vou te mandar um áudio... Vou falar baixinho para ele não ouvir. Está bem?
— 👍
— Eu nem cheguei a contar isso. Não tive como... Não vai dar certo. Não temos muito dinheiro... Não é fácil arranjar emprego lá... Nem teria tempo, o curso é muito puxado...
— Ai... Quantos nãos. Tem que ser mais positiva. Existem empréstimos, sei lá... — interferiu ela.
— Se eu soubesse que seria aceita, eu teria feito um estágio nesses dois anos. — Sentei-me na cama, abraçando o travesseiro. Liguei a TV para abafar o meu som.
— Amiga, você nem tinha ideia que gostava disso. Não se culpe. Vamos dar um jeito. Converse com o tio Robinho direitinho. Ele é tão legal...
— Amanhã eu falarei. Vou me obrigar a isso.
— Tá bom, Carol. Dorme com Deus. E se precisar de alguma coisa, pode me ligar mesmo de madrugada. ❤
— Obrigada, amiga.🥰
Passei a noite em claro, deitada na cama, passeando pelos sites e Instagrams da vida. De repente vi um story desagradável.
— Ah, não... — murmurei baixinho. Eu sabia que era coisa de menina nova não querer que seu ídolo começasse um relacionamento. Vi a foto de Andrew McConie abraçado a sua nova namorada. — Não acredito que eu estou chorando com ciúmes do namorado dos outros...
No fundo eu tinha convicção que o motivo do meu pranto era outro. Eu estava com raiva sim da sortuda loira, alta de olhos claros, no entanto, nem nos melhores sonhos ele ficaria comigo. Ainda bem que meu namorado não ouvia os meus pensamentos... Provavelmente nem teria mais um no dia seguinte. Chorei compulsivamente.
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