10- ME BEIJA (ANDREW)

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Carol, Carol... 

Estava fascinado por uma menina de 19 anos, doce, determinada, linda. Ela tinha piadas inteligentes, adorava isso nela. Todo o seu jeito misterioso completava a sua beleza. Viciei-me na sua risada, fazia um barulhinho engraçado em alguns momentos, era verdadeira. Entrava em abstinência toda vez que a seriedade dominava os nossos assuntos. Queria ver mais do seu sorriso tímido, o seu desviar de olhar ligeiro, o balbuciar das suas respostas às minhas perguntas.

Encontrava em Carol uma dúvida cruel: Seria ela minha perdição?

Em meio as noites revoltado com a traição de Jane, decidi que não me envolveria tão cedo com ninguém, todavia, lá estava eu abraçado a uma estudante estrangeira.

De todas as garotas em que eu cogitei ter algo sério, ela era  decepção certa.

O que eu estava fazendo? Ela voltaria para o seu país? Estava iniciando uma carreira onde viajaria tanto quanto eu. Nossa jornada se coincidiria?

Apesar das dificuldades listadas, o seu relacionamento era o incômodo presente. Carol parecia interessada em mim, no entanto, foi duro ver outro homem no maldito sofá, o qual intitulava a sua rede social, beijando sua testa. Havia um carinho naquela foto, e eu não tinha ideia do quanto existia desse sentimento na atualidade.

Eu não podia reclamar do que aconteceu em sua vida antes de me conhecer. Demonstrei ciúmes, não disfarcei. Por que eu faria isso? Estava na cara o que eu queria. E mais, queria que soubesse.

— Que frio! — Carol reclamava enquanto andávamos na orla da praia, era fim de tarde, o Sol sumia no céu rosado.

— Eu avisei que vinha a frente fria, mas não acreditou — argumentei. Estávamos longe um do outro. Nos olhávamos desejosos, porém não concretizávamos o que pretendíamos fazer naquele local deserto.

O seu vestido lilás balançava com o vento, contudo, não se importava com o seu levantar. Observava euforicamente a sua calcinha da mesma cor.

— Não foi bem assim... Disse que achava que esfriaria — rebateu, esfregando um de seus braços para se aquecer. Com a outra mão, Carol segurava os seus tênis brancos. Aproximei-me e a puxei, forçando uma nova parada de frente um para o outro. A menina poderia jurar o contrário, entretanto, não conseguiria esconder que também se sentia atraída por mim. Eu flertava e ao mesmo tempo tinha medo de bagunçar a sua vida, como Val insinuou. Então fiquei sério. — O que foi?

— A culpa é minha. Não fui um garoto do tempo muito bom... Devo te dar o meu casaco ou devo te esquentar com meus braços de efeito especial? — Descontraí. Ela gargalhou. — Adoro esse ruído que você faz — falei, logo a abracei, apoiando o meu queixo sobre a sua cabeça.

— Ruído? 

— É. Não é sempre... — respondi. Afastei-me para encará-la. — Tipo um grunhido fofinho.

— Ai... Eca! É horrível! Pareço um porquinho, isso sim! — murmurou, tremendo, se encostando de novo em meu peito.

— Uma linda porquinha... — disse em seu ouvido. Carol me fitou e negou com gestos, se desprendendo de mim. Mordia o lábio enquanto andava de ré, sedutora. Fiquei parado só admirando. Ela sorriu, começando a correr feito uma doida. O que está fazendo?, pensei.

— Não vai vir atrás de mim? — perguntou, subindo as rampas da torre dos salva-vidas. Ela havia tomado um copo de whisky antes de sairmos da casa e mais outras coisas que comentou durante a conversa. Talvez quisesse ficar menos tímida.

Analisei o entorno vazio, esse era o natural do mês de Novembro, baixa temporada. Não tinha motivo para me sentir envergonhado, visto que ninguém me flagraria brincando como adolescente. Sentia-me meio velho para aquilo, contudo, jamais deixaria a jovem estudante sem a perseguição requerida. Quer ser caçada, Carol? Muito bem... 

Ela fugia e novamente me levava à loucura. Eu tinha o surf como rotina, vivia cercado por milhares de mulheres de biquíni, e ao ver uma simples lingerie, menos cavada do que todas as que já tinha presenciado, estava desnorteado. Droga! Vai ser impossível resistir, pensei ao adentrar a casinha de madeira que provavelmente arrombara. Apesar de estar apaixonado por ela, o seu comportamento me deixava receoso, certamente o álcool a alterou. O quão lúcida Carol estava?

— Ei, vem logo — chamou assim que atravessei a porta quebrada.  Estendeu-me sua mão, e eu a segurei. — Por que está sério agora? — indagou, confusa, se sentando em uma estreita bancada, que contornava todo o lugar. Carol me puxou para o meio de suas pernas. Fechei os olhos, ofegante, encostando minha testa na sua, agarrando fortemente a sua cintura. Seu cheiro floral amadeirado me entorpecia. Suspirei, acariciando seu rosto com o meu nariz.

— Você quebrou a porta? — perguntei baixinho em seu ouvido. Senti que sorria, esfregando suas mãos em meus ombros.

— Não sou assim, Andy. A porta só estava encostada... — Cada toque seu, sua voz calma... Via-me cometendo a besteira de transar com uma garota bêbada que ainda nem conhecia suas reais intenções. — Me diz por que está sério? Não é por causa de uma porta velha... — Arqueou a sobrancelha, intrigada. Não a respondi, fiquei alisando suas coxas expostas, que me travavam. Eu queria estar ali, contudo, meu psicológico moralista me aconselhava a hesitar. — Andrew, você estava certo, eu quero você — afirmou, sedutora. — Me beija.

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