17- ESTOU COM FOME DE OUTRA COISA (CAROL)

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- Ei! - disse, empolgado, acendendo a luz do ambiente.

- Ai, caramba! - esbravejei, voltando às condições normais após me deparar com o seu olhar hipnotizante.

- Desculpa, não esperava que se assustasse. - Seu rosto, próximo ao meu, me deixava sem fôlego.

- Está tudo bem. - Observava o local, curiosa. - Nossa!

- Achei que gostaria daqui... A gente chama de cantinho da bagunça. - Ele começava a me guiar, ainda de mãos dadas, pelo espaço, que tinha um clima extremamente familiar. Havia no centro encostado na parede um sofá baixo, largo, parecia improvisado, cheio de almofadas de estampas variadas, surradas. A TV de frente, não era da última geração, arriscaria dizer 49 polegadas. Tudo era simples. Nas janelas, as cortinas de flores esverdeadas dava uma sensação de casa de vó, era bem aconchegante.

- É o meu local favorito - afirmou Andy pegando um porta-retrato em formato de abóbora. - Aqui... - Entregou-me, sorrindo. - Nesse Halloween eu fiz a minha roupa. - Ele estava orgulhoso. O pequeno Andrew, de aproximadamente 8 anos, se vestia do alto da cabeça até os pés com um saco plástico branco, todo rechonchudo. Havia feito um buraco para o rosto e braços. - Não é da sua época, não vai saber de quem estou vestido.

- Gasparzinho? - Franzi a testa. Realmente seria impossível. Começava a buscar na mente filmes mais antigos. Que horror, me senti uma criança perto dele!

- Tem semelhança... Mas o Gasparzinho não usa boina, nem lenço de marinheiro... - Deu-me dicas que não serviram de nada. Estava tão indignada com o desastre que havia sido a sua roupa que não reparei ele vindo me abraçar por trás. - É aquele boneco de marshmallow do caça fantasma, Carol. - Apoiou o seu rosto em meu ombro. Virei-me para ele sem ação. - Eu disse que não era do seu tempo...

Fiquei muda, mesmo sabendo quem era o personagem. A minha conversa comigo mesma não adiantou nada. Precisava aproveitar a sua deixa. Se eu não demonstrasse o meu interesse, ele acharia que estava sendo rápido demais. Dito e feito, Andrew me soltou, colocando suas mãos no bolso, desconcertado pela minha hesitação. Carol, seja descarada!, pensava inquieta.

Ele pegou o controle, se jogou no meio das almofadas e ligou a TV. No canal que colocara, o desfile tradicional do dia de Ação de Graças em Nova York era a programação.

- Você é a primeira pessoa que mostra fotos de quando criança sem cerimônia. Eu odeio as minhas... - interrompi o silêncio, me sentando ao seu lado, procurava descontrair.

- Ah... Acho legal... - respondeu sem me olhar.

- É porque você sabe que sempre sai fofo nas fotos. - Eu juro que estava tentando flertar. Engoli em seco. Andrew me olhou achando graça.

- Fofo?

- Fofo não foi uma boa escolha de palavras, confesso - admiti, encabulada.

- E qual seria? - indagou em um tom rouco, sedutor.

- Bonito - falei baixinho, olhando a programação. - Adoro esses carros enfeitados...

- Eu vou deitar um pouquinho... - disse, colocando a cabeça no meu colo como se fosse algo normal. Ergui minhas mãos sem saber onde colocá-las, visto que anteriormente se encontravam no local onde o bonitão tomou posse. - Carol, eu me esforço tanto nas sessões de fotos... - Voltou ao assunto inesperadamente, configurando o despertador do seu celular. - Queria que me achasse... Sei lá... Sexy. - Semicerrou os olhos verdes para mim, provocante. Arqueei a sobrancelha cogitando assumir uma personalidade ousada.

- Pois bem, muitas palavras definem você McConie... - Não sei o que aconteceu, mas eu fui ganhando força ao vê-lo ficando estarrecido. Ele me expectava, sério. - Bonito, cheiroso... Digo isso porque eu fico louca quando você chega muito perto... - Sorri, brincalhona. - Sexy, certamente é uma delas... Mas a minha preferida é gostoso. - Encarava-o, atrevida, entretanto, a minha vergonha batia, logo fiz careta e mudei o meu foco.

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