Justin

96 28 29
                                    

Notas da autora: Estou postando mais cedo porque terminei o capítulo hoje mesmo, já foi revisado tbm💕 boa leitura.

- Melissa, acorda.

Ela resmunga e se enrola mais no cobertor com a intenção de não levantar.

-Você vai ficar sem fantasia.

Ela dá um pulo da cama e vai correndo para o banheiro enquanto esbarra em alguns móveis da casa.

Preciso arrumar a casa para me distrair um pouco, ainda estou um pouco estressado pelo o que aconteceu.

Ela parecia tão cansada enquanto arrumava suas coisas para ir embora. Parecia que estava segurando o choro, sua respiração estava pesada. Eu nunca tinha visto Raven assim, nesse último ela parecia feliz. Ela nunca pareceu deprimida ou depressiva, sempre foi fechada e cautelosa, mas nunca deprimida e triste.

Foi um choque ver ela chorando na minha frente. Ela soluçava com tanta força que parecia que tudo dentro dela estava desabando.
Tudo o que pude fazer era abraçá-la com a mesma força que seu mundo parecia desabar.

Sinto uma enorme vontade em saber tudo o que ela esconde dentro de si mesma, mas isso eu vou ter que esperar, porque para ela deve ser um grande passo de confiança e eu não me importo em esperar. Vou fazer de tudo para que ela confie em mim.

Meus pensamentos vagam enquanto varro a casa. Lembro da primeira vez que briguei com alguém. Raven tinha recém chegado na escola, tínhamos nove anos. Ela estava cheia de tranças no cabelo e carregava um diário por todo lado, sempre escrevendo nele.

No começo algumas meninas tentaram conversar com ela, mas depois que Raven fez gestos indicando que não escutava, elas se afastaram e espalharam para toda escola sobre isso. Alguns meninos ficavam perseguindo ela fazendo alguns comentários idiotas, aproveitavam que ela não escutava e riam pelas costas dela.

Só de lembrar, meu sangue ferve em ódio, foi ali que dei meu primeiro soco, e foi satisfatório. Os meninos se juntaram em uma roda para me bater, e eu só sentia ódio. Nem tive tempo para sentir medo, antes que eles batessem em mim o supervisor da escola chegou e mandou todos para a sala de aula.

O mais estranho é que Raven sempre pareceu séria e fechada, em nenhum momento em que a conheci ela pareceu agir como criança. Não brincava, não corria, não dava risadas. Apenas ficava entretida com seu diário, me perguntava se ela escrevia histórias ou falava sobre a vida dela.

Senti que éramos parecidos em algumas partes, eu não gostava de conversar com ninguém, ficava no meu canto lendo gibis que Richard comprava para mim. Naquela época eu tentava várias vezes ir conversar com ela, mas minhas mãos começavam a soar e eu tremia como um pinscher. Nenhuma menina nunca fez nenhum esforço para tentar conversar com ela, por papel ou mímica.

Quando fomos crescendo todos falavam que Raven era arrogante e metida, que era tão boa que não precisava de amigos. As vezes adolescentes são cruéis. Me pergunto se falavam isso de mim também, já fui chamado de estranho várias vezes.

Mel sai do banheiro depois de ter tomado banho, e me julga com seus olhinhos enquanto estou terminando de limpar a casa, estava tão distraído que limpei tudo no automático.

- Onde ela está?

- A mãe de Raven veio buscar ela.

- Hum. Gostei que ela dormiu aqui, espero que venha mais vezes.

Eu também espero, Mel.

- Toma seu café da manhã, ratinha. Deixei o cereal pra você.

Termino de organizar a casa e sento para comer com ela. Mel parece um pouco pensativa e desanimada.

Ouço as batidas do seu coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora