Raven

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Raven, você é tão fascinantemente linda, que até as bilhões de estrelas em seus milênios de existência no universo ficaram espantadas com a sua aparência.

Naquele momento precisei firmar meus pés no chão com tanta força que pensei que iria cair.

Eu poderia ter me preparado para qualquer coisa. Eu estaria pronta. Sempre estou.

Mas o que ele disse me atingiu de uma maneira tão inexplicável. Já faz dias, mas ainda repito aquela frase na minha cabeça todos os dias.

Nunca imaginei que um dia chegaria a me aproximar dele, de tal maneira que pudesse saber muitas coisas sobre ele.

Justin tem várias obsessões: a organização, o seu cabelo, astrologia, livros…
E estou cada vez mais interessada em saber tudo sobre ele.

Não passou pela minha cabeça que o mesmo cara irritante poderia ser a mesma pessoa que faz tudo pela irmã, o mesmo cara que passou anos se escondendo em meio à livros para não precisar socializar com ninguém.

Faltam dois meses para entregarmos o trabalho, que vale 50% da nota, o meu já está quase finalizado. E acho que o professor quis que aprendêssemos sobre empatia, pois é isso que estou aprendendo com Justin.

Fui ao jogo com Akilah naquele dia, e nós nos divertimos muito. Quando queremos nos comunicar, usamos o celular para digitar textos.

O nosso time da Collier University venceu no futebol americano, vários meninos do time jogavam olhares para mim e Akilah quando o jogo acabou, ela parecia ignorar, notei que o foco dela estava direcionado em Heather liderando as meninas. Me pergunto se foi esse o motivo que a fez querer assistir o jogo.

Qualquer pessoa destituída de bom senso admira a aparência de Heather, então não me impressiono por Akilah lançar olhares disfarçados na direção dela.

Depois do jogo, um garoto do time chegou para conversar comigo enquanto Akilah foi buscar alimento para nós duas. Ele era tão lindo, tinha cabelo até preto até os ombros e olhos tão escuros quanto uma noite sem estrelas em um céu nublado.

Mas odiei ele ter se aproximado de mim. Ele não foi desrespeitoso em nenhum momento, mas isso não me impediu de sentir nojo e repúlsa.
Antes que ele sequer tentasse falar comigo eu me afastei e mandei uma mensagem para Akilah dizendo que iria para casa.

Ela disse que tudo bem, e iria tentar se enturmar com algumas pessoas.
Me sinto desapontada comigo mesma.
Porque eu achei aquele cara atraente e bonito, até queria tentar conversar com ele. Mas não tenho controle pela maneira que meu corpo reage a cada pessoa, eu gostaria de ser mais simpática com meninos que parecem bacanas, mas é difícil para mim.

Pelo menos não me sinto assim com Marcos, Sami e Justin. Acho que é porque são meus amigos e confio neles.

Com Justin sempre me senti à vontade, até antes de sermos amigos. Com ele sempre tive facilidade em interagir. Mesmo quando eu não odiava ele, nunca senti repulsa pela sua presença, isso é bem estranho.

Estou no consultório do especialista com minha mãe, acabamos de ser chamada para sua sala, viemos agendar a cirurgia e ele está me esclarecendo várias dúvidas nesse momento.

“Primeiro vai ser aplicado uma anestesia geral. Depois vamos realizar um corte de 4 centímetros atrás da orelha para podermos aplicar o implante, você precisa raspar seu cabelo nessa área.”

Raspar o cabelo?
Ele continua falando os processos, mas eu não consigo prestar atenção em mais nada.

Acho que estou ficando em pânico. A ficha acabou de cair.

Ouço as batidas do seu coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora