Raven

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CONSULTA COM GREG

"Raven você me chamou antes do dia da nossa consulta diária, aconteceu alguma coisa?" – Greg pergunta preocupado.

"Eu tenho tido alguns comportamentos agressivos, sabe. Sinto que estou fora de controle quando a raiva me consome" - Digo enquanto me concentro na decoração para não ter que encarar Greg. A sala dele tem dois sofás e um estofado todos brancos, ele está sentado no estofado a minha frente, as janelas atrás dele são grandes e dá pra ver quase tudo de Aspen, tem algumas cortinas verde com estampas e tem várias plantas na sala.

Depois de um tempo em silencio ele responde.

"Eu já reparei isso em você. Na verdade estava me perguntando quando você iria se abrir comigo sobre isso. Vejo que não é um assunto confortável para você."

Engulo em seco. É claro que ele já notou, ele me conhece a anos. Tolice minha que ele nunca tinha reparado.

"Raven, você passou por situações e traumas que influenciaram seu caráter, eu fico satisfeito que você tenha recorrido a mim sobre esse assunto. Significa que você quer melhorar.

Eu não julgo você, entendo que você não se colocou nessas situações sozinha, elas foram levadas até você, e você não soube ter domínio próprio.

Meu conselho é quando você estiver nessas situações que você tem que perceber que você está à beira de ficar com raiva. Você concentra seu foco em uma coisa que te faça bem, uma memória, uma pessoa... E inspire fundo, depois conte até 100. Vou te indicar um livro para ler."

Tudo bem, eu posso fazer isso. Posso tentar, eu vou conseguir!

Algumas horas depois na biblioteca.

"Egocêntrico? Eu? Não, amor. Isso é um defeito, e eu sou perfeito demais pra ter um defeito."

Não posso fazer isso, eu não vou conseguir. Depois da consulta vim na biblioteca que o Justin trabalha para comprar o livro que o psicólogo recomendou. É incrível como ele consegue me irritar mesmo depois de uma conversa com Greg.

Tudo bem, respire fundo e conte até cem.

"Nós temos conceito diferentes de perfeição então." – Digo encarando-o

"Eu vou ignorar esse comentário, você certamente precisa de um oftalmologista se não enxerga tudo isso." – ele aponta para o próprio corpo.

"Sim, sim. Agora pega meu livro e para de enrolar."

Ele busca o livro pelas estantes e traz até o caixa. Passo o cartão na máquina e ele me entrega o livro.

Observo uma mesa no fundo da biblioteca e caminho até lá. Enquanto leio, as vezes dou uma olhada no caixa para ver se Justin está me encarando. Ele fica constrangido quando viu que eu notei seu olhar direcionado a mim. Quer dizer que Justin ainda fica constrangido? Fico surpresa que ele não tenha se afogado no seu próprio ego e ainda consegue ser um pouco tímido em alguns momentos. Acho que ele mascara a timidez com toda a arrogância e ego.

Como estou fora do clube de luta por 1 semana, estou com os dias livres, e só tenho aula a noite. Meu mundo é bem limitado, eu não costumo frequentar lugares públicos sozinha, nunca tem interprete, ou alguém que saiba o mínimo de línguas de sinais. E eu acabo perdendo a paciência e ficando frustrada.

Justin senta do meu lado com um livro e um lápis.

"Sabe, é meu intervalo agora. Você é a única que ainda está aqui, então vamos conversar um pouco. Por que você não está na sua aula de luta?"

Ouço as batidas do seu coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora