Eles caminhavam à uma semana, parando somente para dormir e comer. Julian e Henry agora seguiam tentando achar o litoral, uma lembrança recente do desmemoriado voltou, nela ele se lembrou do mar. O garoto com a cabeça raspada descansava muito pouco durante suas caminhadas, se mantinha sempre alerta para não acontecer o mesmo da cidade anterior.
- E aí Julian? O que você vai fazer quando chegarmos na vila? - fala o menor.
- Eu vou comer alguma coisa e esperar o sol sair pra gente ir logo embora! - responde o mais alto com estresse na voz.
- Mano, você sabe que dormir é bom de vez em quando, né?
- Henry! Vê se fala menos e anda mais!
- Calma esquentadinho! Não precisa se irritar... Eu só queria puxar conversa!
- Se você passar menos tempo puxando conversa e mais tempo andando no caminho a gente já teria chegado!
- Você está bem mais nervoso hoje, tá sem dormir a quanto tempo?
- Eu sei lá! Uns dois dias, talvez três.
- Tá maluco?! Todo mundo precisa dormir, principalmente um cabeça de fogueira ambulante que nem você!
Julian segura Henry pela roupa e chega o rosto perto dele.
- Escuta aqui se me chamar disso de novo eu vou...
- Chamar de que? Cabeça de fogueira?
O mais alto ergue o punho, mas é interrompido por um barulho. Logo a frente uma carruagem com uma das rodas quebrada estava à beira da estrada de terra. Uma mulher de idade gritava com o cocheiro para que se adiantasse no conserto do veículo, os cavalos comiam capim a alguns metros dali. Ao ver a cena os jovens se entreolham, podia não ter nada a ver com eles, mas era muito incômodo observar a mulher brigando com o pobre cocheiro. Julian larga Henry, os dois se olham, sabiam exatamente o que o outro estava pensando.
-Você quer ajudar não quer? - pergunta Julian.
- Para de fingir que você não liga. - responde o menino - Eu sei que você também não aguenta ficar assistindo!
- Tanto faz... vamos logo! - diz o maior.
Ambos vão até perto da carruagem, logo o cocheiro os recebe com um aperto de mão, enquanto a senhora fica ao lado com uma expressão de suspeita. Julian e Henry ajudam a levantar um pouco a carruagem para que o homem pudesse encaixar a roda. Resolvido.
-Vocês me ajudaram bastante jovens! - agradece o cocheiro - Querem uma carona?
- Eu adorari... - tenta dizer Henry.
- Não obrigado! - interrompe Julian - Nós preferimos andar!
- Preferimos? - pergunta Henry.
- Sim, preferimos! - retruca Julian.
A senhora de repente segura o braço de Julian.
- Por favor, nós fazemos questão! - diz ela.
- Moça me solta, eu tenho que ir, é sério! - diz Julian, "Me deixa seguir meu rumo velhinha!", pensa ele.
De longe vinha um grupo de soldados, "Que bom, pelo menos eles vão escoltar ela e me livrar dessa.", deduziu o menino.
Um barulho...
O cocheiro havia escorregado no barro da estrada, ele caiu por cima das correias e assustou os cavalos. Os animais dispararam desesperados, um deles veio na direção de Julian e da senhora. Sem pensar o menino joga a mulher para trás e projeta sua mão para frente. Uma onda de calor forte emana de sua respiração, o ar em volta esquenta até que sua pele subitamente entra em combustão. Seu braço inteiro pega fogo espontaneamente. As chamas assustam o animal e o fazem mudar de direção. Infelizmente o cavalo não foi o único assustado.
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Caçadores Sobrenaturais - A Caçada Começa
FantasyO mundo está dividido entre monstros e humanos a mais tempo do que é possível lembrar, e para proteger a humanidade da voracidade incontrolável das criaturas nasceu a Ordem dos Caçadores. Anos após o fim de uma grande guerra surge um grupo extremist...