Capítulo 7 - Afluentes do Destino

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Após uma longa espera pelo início do movimento no Porto do lago negro o trio se separa quando o jovem Tocha e seu amigo de cabelos claros embarcam em uma balsa rumo a uma cidade costeira. Kaiorh diferentemente precisava aguardar algum tempo até a barca de Aquamarine estar pronta para a viajem através do rio.

- Tchau tio do chapéu! - grita Henry de longe - Quem subir no barco por último é a mulher do bagre!

Julian logo sai atrás de seu amigo, correndo para não ficar para trás. O caçador sorri um pouco ao ver a cena, só podia desejar uma viajem tranquila para eles. Como ainda tinha algumas horas resolveu que um café serviria para levantar seu ânimo depois dessa noite mal dormida.

O alto homem de cabelos longos se aproxima do balcão segurando duas moedas de cobre, pediu um simples café com açúcar para a atendente, sua expressão de sono muda rapidamente ao ver o rosto da moça. A jovem de curtos cabelos castanhos e olhos claros como mel o encara com uma expressão de julgamento, logo abaixo seu livro velho a acompanhava.

- Será possível que você trabalha em todo lugar dessa cidade?! - reclama o homem.

- Mandar os pirralhos ali pra férias na praia pode, mas pagar a dívida do velho nada né?! - profere a balconista, enquanto preparava o café - Mas relaxa que hoje meu chefe não é o seu Chico, aleluia! Então eu não vou ficar te enchendo com as coisas de lá... não me importa se você vai ou não se divertir em estabelecimentos que...

- Eu já disse que foi um mal entendido! - ele a interrompe, pegando seu café e lhe entregando o dinheiro - Eu tava lá a trabalho!

- Sei! - responde ironicamente - Homem é tudo igual mesmo... só na ficção que são decentes!

O desânimo do caçador para prosseguir essa conversa é notório, por isso tenta mudar de assunto.

- Tá sem uniforme por que? - indaga.

- Meu expediente já tá acabando, aí vou poder parar de pegar no seu pé! - responde ela.

- São oito da manhã, você só trabalha duas horas? - Kaiorh realmente estava curioso, mas o som do sino anunciando o embarque se seu transporte o faz finalizar aquela conversa prematuramente.

Se despedindo da jovem o caçador termina seu café e rapidamente entra na fila para sua balsa.

Lá dentro o homem de chapéu escolhe um lugar perto do bar para sentar-se. Seria uma longa viagem, mas o silêncio o ajudaria a se concentrar no plano... que ele iria bolar a qualquer momento... certamente pensaria em algo...

- Bom dia senhor! Vai querer algo especial? Mas vê lá se manera ein! Misturar bebida com café pode ser ruim pro seu corpo! - uma voz familiar faz o homem olhar incrédulo.

A atendente e seu livro velho estavam ali, servindo as bebidas do barco, já com outro uniforme e pose, como se não estivesse servindo café no porto dez minutos atrás.

- Como carambas você chegou aqui antes de mim?! - pergunta ele, levemente indignado.

- Eu tenho passe de funcionária do mês bem! - esnoba - Frutos do meu excepcional atendimento ao cliente!

- Funcionária do mês?! Você não começou a trabalhar no porto hoje?! - retruca Kaiorh, essa seria realmente uma viagem muito longa.
...

Escondido sob um capuz grosso o vampiro ainda precisou de alguns trapos para se cobrir completamente, sua viagem continuava, não poderiam perder um dia inteiro por uma mera condição física. O lobisomem conduzia a carroça pela estrada de barro que cortava os campos planos com montanhas ao longe. Nem mesmo uma olhadinha por debaixo do capuz era possível sem que queimasse as córneas, por isso o licantropo dirigia, além do seu faro apurado que ajudava bastante.

Caçadores Sobrenaturais - A Caçada ComeçaOnde histórias criam vida. Descubra agora