Capítulo 14 - A Batalha de Aquamarine (parte 2)

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"Deu merda", pensava enquanto corria por sua vida. Tudo o que Ralf planejou se sucedeu de forma ridiculamente errada. Primeiramente, os barcos flutuaram para longe do cais, quem diria que a maré estaria tão forte em um dia chuvoso. Como as embarcações se foram ele pulou para o "plano b", usar as redes de pesca para prender a general, tudo em vão, ela rasgou as cordas da rede em pouco tempo. Agora a pior situação possível acabou acontecendo, o homem lobo estava sem opções além de entrar em combate direto, ou fugir, ele óbviamente escolheria viver. Se escondendo entre os rochedos altos da turbulenta praia.

- COVARDE! - grita Ágape, frustrada em não ter uma luta digna - Apareça e lute como um lobo de verdade!

Múltiplos estalos da queda de pequenas pedras podem ser ouvidos a direita, mas ao olhar não havia nada. O quebrar das ondas a alguns metros dali confundia a mente da ogra, assim como a penumbra provida pelas volumosas nuvens escuras. Enfurecida, a general ergue uma grande rocha sobre sua cabeça usuando sua força descomunal, lançando-a a alguns metros de distância logo depois, espatifando o cascalho abaixo. O susto faz o inimigo se mover, rapidamente ela atacou, só para perceber que caiu em uma armadilha. O lobo a enganou para correr na direção da água, sabia que ela não hesitaria em partir para cima, foi só acertar os pés da lutadora para tirar seu equilíbrio e fazê-la despencar até a fria maré. Como uma meia ogra a densidade do corpo dela era maior do que o normal, sair do mar seria bem difícil.

Para o azar da bruta moça Ralf era experiente em enfrentar oponentes mais fortes que ele. Durante sua jornada derrotou em combate inimigos resistentes e agressivos, mas agora não era hora de perder tempo em uma luta inútil. As crianças estavam em perigo, então ele deveria agir rápido.

...

O som de um estrondo vindo de trás os assusta, certamente Kaiorh estava em apuros. Safirah corria mais a frente enquanto o tocha ateava fogo no caminho para retardar qualquer um que os seguisse.

Já quase no meio da cidade a aquariana avista a atendente de loja de antes, que também parecia estar fugindo de algo. Elas se aproximam ao perceberem que estão sozinhas.

- Oi, tá correndo de quê? - pergunta a princesa.

- Dos idiotas da gangue, tem um moleque de cabelo branco que estava logo atrás de mim! - responde - Eu sabia que não devia ter pego esse emprego!

A menina de cabelos cacheados se assusta com a chegada repentina de Julian que, arfando, alcançou-as.

- E agora, o que a gente faz? - indaga ele - Quem é essa aí?

- Não podemos ir pro centro por causa da gangue, e não podemos voltar pro porto por causa do caveirão... não sei como podemos fugir daqui... - conclui Safirah, ainda pensativa - Talvez a gente possa...

PÁ!!

Todos são surpreendidos quando o montro de fogo é atingido por uma coisa pequena, rápida e estabanada.

- JULIAN! - grita Henry, ao perceber que caiu em cima de seu amigo - É muito bom ver que você tá bem! Uma pena o que fizeram com sua cara...

Irritado, ele joga o garoto para o lado e se levanta.

- Mas meu rosto tá norma... Ah, tá tão engraçadinho hoje! Por que não foi me ajudar ein? - inquire o tocha.

- Em minha defesa não dava pra te salvar sem antes escapar do "faísca" que tá vindo ali! - responde, apontando para o amontoado de gangsters enfurecidos correndo até eles.

A atendente, ao perceber a ameaça, rapidamente se despede com um "Boa sorte" enquanto foge pelos becos da cidade, indo buscar seu livro perdido.

Os delinquentes eram bons de briga, e tinham vantagem numérica, a princesa sabia disso, e precisava bolar um plano rápido para se livrar daquela situação. Se quisessem vencer precisariam de uma estratégia, as estruturas já danificadas pelas chamas de outrora eram frágeis, ao desferir de um golpe bem dado elas certamente cairiam. Infelizmente antes que pudesse dizer um mísero "A" o garoto flamejante já estava indo de encontro com os inimigos. O cabeça-quente saltou sobre o grupo hostil como uma pedrinha em uma disputa de bola de gude, espalhando-os pela rua. Cada soco de Julian derrubava um dos moleques da gangue, ele devia estar muito irritado com eles, distribuía um verdadeiro festival de violência enquanto Henry dava suporte com seu estilingue.

Caçadores Sobrenaturais - A Caçada ComeçaOnde histórias criam vida. Descubra agora