Caçadores Sobrenaturais - A Caçada Começa

Capítulo 9 - A cidade praiana

Finalmente a embarcação estava chegando à cidade. Kaiorh ainda estava tentando pensar em um plano de como acabar com o problema dos escravos, mas seus raciocínios estavam em pausa enquanto analisava um estático objeto na margem logo a frente.

Aparentemente todos os caminhos pluviais até Aquamarine estavam interditados. O caçador não iria desistir da missão por um simples imprevisto, ele seguiu até uma cidade portuária próxima e pegou um barco à vela até a praia de seu destino.

Mas alguma coisa estranha caída na praia lhe chamava a atenção.

Em meio a maresia a cidade enfim se revela detrás dos rochedos. Era pior do que pensava. Sem barcos no ancoradouro, sem movimento na rua principal, colunas de fumaça subindo de diversos pontos do interior, a prefeitura em ruínas. A cidade foi atacada, e ele já até imaginava por quem.

Atracar na cara de todos seria tolice, por isso pediu para o capitão o deixar na areia atras dos rochedos, perto do objeto misterioso.

Conforme se aproximavam e a visão da costa ia ficando mais nítida o homem, incrédulo, atirou-se na água para poder chegar até a areia.

...

O garoto tocha acorda vagarosamente, ainda com o rosto doendo. Não sabia onde estava, sua última lembrança era da noite anterior em que foram jantar com o líder da gangue e...

VUUSH!....

O menino se levanta bruscamente ao lembrar do que havia acontecido, sem perceber o caçador sentado ao seu lado. Julian começa a proferir xingamentos e ameaças de morte para o nada enquanto andava de um lado para o outro. Kaiorh tentou chamar sua atenção algumas vezes, mas ele estava profundamente distraído no próprio ódio. O caçador percebe um pequeno caranguejo-ermitão andando na areia, usando uma concha como casa, era realmente uma bela criatura, pegando ele com cuidado do chão o homem limpa um pouco sua casca antes de atirá-lo contra a cabeça do garoto.

O tocha resmunga pelo golpe e finalmente percebe o humano ali sentado.

Kaiorh o convida para se sentar e acalmar um pouco os ânimos. Depois de um breve momento dedicado a conter sua indignação o menino não-humano se pôs a contar o que acontecera.

- Eu e uma menina fomos salvos por uma gangue na cidade - relata Julian - Nós fomos jantar com eles perto do porto na mesa enorme, mas em algum momento a garota pediu pra ir embora, acho que ela queria pegar um barco ou algo assim. Disseram que iam nos ajudar, mas aí chegou um morcego com uma mensagem e de repente resolveram que não poderiam liberar ela.

Kaiorh solta um olhar confuso para o garoto.

- Eu geralmente não me incomodo com os problemas dos outros... - continua o tocha - Mas ela me pediu ajuda sabe?! Não dava pra virar as costas e meter o pé! Eu briguei com muitos deles pra ela conseguir fugir, mas o chefe apareceu, ele não era tão forte, mas se movia de um jeito que eu não tive nem chance, os golpes dele pareciam que podiam paralisar meus movimentos. Acho que durante a briga eu caí, os outros se juntaram contra mim, eu só me lembro deles arrastando ela antes de apagar...

- Você perdeu, faz parte da vida! - diz Kaiorh, o que deixa o menino muito irritado.

- É só que, por causa disso, uma garota inocente se ferrou, o Henry ainda tá sumido e eu não sou forte o bastante pra ir lá resolver! - grita enfurecidamente.

- Ficar reclamando por acaso ajuda?! - o caçador o interrompe - Se você ganhasse sempre não poderia crescer nunca, em vez de lamentar essa derrota aprenda com ela! Pra da próxima vez não acontecer de novo!

O tocha fica em silêncio, pela primeira vez o ódio deu lugar à reflexão.

- Escuta, moleque... esse inimigo que enfrentou deve ter algum truque, se você não sabe qual é não cai pra cima! Usa a cabeça em vez dos punhos! - diz Kaiorh - O que você pode fazer é arranjar um truque também... Algo novo que ele não espere, você não sabe todas as cartas dele, não deixe ele saber as suas!