Capítulo 10 - A Horda mata!

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As pegadas sobre a areia fina, visíveis devido a singela luz lunar, marcavam a trajetória da princesa e seu libertador pela praia. Com o som das ondas quebrando o garoto, concentrado em repetir os movimentos que lhe foram ensinados, não percebeu a menina correndo em sua direção, ficou bastante surpreso quando ela saltou nele em um abraço espontâneo gritando: "Você está vivo!".

Ambos levantam meio constrangidos enquanto o caçador chegava em um ritmo mais lento, havia reunido galhos secos e folhas para a fogueira. Julian ascende a pilha e logo se reúnem para se esquentar em torno da chama trepidante.

Safirah se sentia mal, toda a série de tragédias que haviam acontecido nos últimos tempos a fazia pensar se realmente as coisas voltariam a ser como antes, todo o seu mundo desmoronou de um momento para o outro. O que mais a incomodava era o fato de não poder ter feito nada, como uma princesa ela foi ensinada a lidar com diplomacia e administração, e nada disso foi útil quando invadiram o Palácio e mataram os trabalhadores, tudo o que ela pôde fazer foi olhar, fugir, se esconder... Até ser capturada por humanos. Nem sabia se o resto de sua família ainda estava viva, se perdeu de suas irmãs durante a fuga, e viu sua mãe pela última vez durante o ataque.

A aquariana só tinha uma certeza: não queria se sentir impotente nunca mais.

- Como veio parar aqui? - indaga o humano, mordiscando uma batata-doce assada no espeto.

- Ein?! - ela se distraiu com os próprios pensamentos.

- Ele me disse que você era uma princesa Aquariana que apareceu aqui na cidade do nada... - continua o caçador - Como veio pra um lugar tão longe do seu reino natal?

- Eu... não sei eu só... nadei... - diz, meio desconfiada.

Kaiorh faz uma expressão confusa e olha para a menina.

- Nadou?! - profere - De um continente até o outro?!

Safirah repensa sua resposta, resolve que não fazia diferença eles saberem ou não.

- Em algum momento eu fiquei inconsciente, quando acordei estava em uma rede de pescadores humanos... - responde com pesar na voz - Me venderam pra um nobre rico como se eu fosse mais uma mercadoria na bancada deles! Já tinha ouvido histórias, mas humanos são muito piores do que eu pensava!

Ela percebe o olhar baixo do caçador.

- Desculpa eu não... - tenta explicar.

- Não se desculpe, - retruca o humano - Fizemos por merecer nossa fama!

O semblante dos jovens era péssimo, o tocha com cara de estresse o tempo todo, a aquariana com uma depressão que dói. O caçador entende bem a sensação de estar perdido num mundo que parece tentar te matar a cada segundo, talvez todos os três precisem de uma pausa mais do que imaginam.

- Muito bem! Vão dormir! Amanhã tenho uma surpresa para vocês! - diz o humano - Vamos subir até o topo daquilo ali!

O homem apontou para um monte alto perto da praia, coberto pela neblina noturna e forrado pela escuridão do matagal. Assustados os jovens o questionam, mas ele apenas responde que seria necessário fazer isso o quanto antes já que logo precisariam sair dali. Julian suspeitava que poderia ser algum tipo de treinamento de resistência, portanto concordou, mas teria que reencontrar seu perdido amigo pela cidade.

...

Enquanto isso na cidade Ralf se preparava para o salto definitivo, era vida ou morte, vitória ou perdição, a última etapa de um caminho árduo. Com um impulso de sua perna direita ele move seu pesado corpo para frente e, enfim, chega ao último número.

Caçadores Sobrenaturais - A Caçada ComeçaOnde histórias criam vida. Descubra agora